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Acordei zonza e enjoada. Não me lembro do fim da noite de ontem.
Me levantei lentamente tentando não tirar meus órgãos do lugar,e observei Luke só de cueca,jogado no chão abraçado com um cone de trânsito,e ao meu lado Mônica estava semi nua com a frase "xereca voadora" na testa. Passei as mãos pelo meu corpo e vi que eu aparentemente era a única ainda de roupa,soltei um suspiro de alívio.
Olhei entre os meus seios e meu corre ainda estava lá,me levantei devagar e fui até minha bolsa,colocando a branca dentro da carteira de cigarro. Fui para o banheiro tirando a roupa com pressa,entrei embaixo do água gelada e deixei a mesma tirar toda e qualquer ressaca de mim,aproveitei aquele momento pra lavar o cabelo e lavar muito bem o meu rosto tirando todo e qualquer excesso de maquiagem,escovei meus dentes e por fim me olhei alguns segundos no espelho vendo minha cara de acabada. Passei uma toalha somente pela minha cintura e usei o secador de Mônica para o meu precioso cabelo secar mais rápido.

Enquanto mexia no meu cabelo,a lembrança da morena invadiu meus pensamentos,e deixei minha mente brincar com a imaginação. Me peguei pensando como que foi a loucura dentro daquela cabine,os detalhes mais ousados do momento.
Puta merda tô ficando louca.

Terminei de cuidar do meu cabelo e prendi o mesmo bem alto pra não me atrapalhar durante o dia. Coloquei uma roupa minha que tinha na casa da Mônica e sai do quarto tentando não fazer barulho.
Observei a casa de Mônica,os grandes retratos de família,com rostos sérios e momentos marcantes,deve ser assustador andar por esse corredor a noite. Fui para a cozinha e avistei a governanta de Mônica,a mesma abriu um grande sorriu quando me reconheceu,abriu os braços e me deu um abraço bem apertado.

-Minha querida,como você está? Não te vejo desde..-o sorriso dela enfraqueceu e eu percebi que ela iria falar do acidente dos meus pais. Antes que o clima ficasse estranho eu mudei de assunto.

-Estou bem tia Olga,Mônica me arrastou pras festas apocalípticas dela como sempre!-forcei uma risada e ela apenas comprimiu os lábios numa tentativa de sorriso.

-Esta com fome minha querida?-ela fez menção para a grande mesa da família Lemes,porém,eu conheço bem os pais de Mônica pela manhã.

-Obrigada tia Olga,porém se você puder apenas me dar uma maçã eu ficaria feliz.-falei com simplicidade e ela negou com a cabeça.

-Fica tranquila minha querida. Tenho o remédio perfeito para a ressaca de vocês.-ela deu uma piscadinha sapeca e eu contive uma risada. Perguntei se ela queria ajuda,e a mesma pediu pra que eu cortasse umas coisas pra ela.

Separei para tia Olga,lavei e cortei algumas frutas,deixei separado também algumas castanhas,folhas de hortelã e por aí vai.
Enquanto ela fazia as misturas doidas dela,aproveitei e deixei separado também 2 dipirona,e dois potinhos com frutas cortadas.
Tia Olga me avisou que as vitaminas estavam prontas e eu pus os três copos enormes de vitamina na bandeja.

-Você cuida deles melhor do que de si mesma menina Bruna.-me disse em tom de repreensão,eu só dei um meio sorriso e peguei um dos panos de pratos pra secar minhas mãos.

-Faço o que posso por aqueles que amo enquanto estão em vida tia Olga.-os olhos dela se entristeceram,porém ela tentou não deixar transparecer. Dei um beijo na bochecha dela e agradeci.
Carreguei a bandeja com o cu na mão e o coração na garganta. Porém deu tudo certo. Ao adentrar no quarto,coloquei a bandeja sobre uma mesinha que tinha ali. E observei os dois por mais uns minutos,dei uma risadinha,eu juro por tudo,que se os pais da Mônica não estivessem em casa,acordava os dois no susto.
Chamei Mônica primeiro que tinha mais facilidade de acordar,ou pelo menos eu achava.

-Nica,Nica acorda. Acorda porra-dei "leves" batidas no rosto dela.
-to não-ela resmungou e eu respirei fundo tentando não matar minha melhor amiga. Foi aí que eu tive a brilhante ideia de usar uma técnica infalível.
-Roubaram sua bolsa da Gucci-
A menina abriu os olhos mais do que rápido e se sentou na cama,porém acho que ela percebeu que aquilo tinha sido uma péssima ideia e correu para o banheiro. Enquanto a mesma vomitava,olhei Luke,e para acorda-lo,simplesmente segurei o nariz dele,já que o mesmo não sabia respirar pela boca. Ele bateu na minha mão sem abrir os olhos e eu soltei o nariz dele dando risada.
-Acorda gostosão. A Mônica tá semi nua-ele abriu um sorriso,que podia até ser bonito em outra ocasião,mais a boca dele tava cheia de baba o que me fez rir mais ainda. Ele tentou se levantar,porém acho que a tequila decidiu que iria derrubar ele,o mesmo foi correndo pro banheiro,e escutei ele e Mônica discutindo. Ninguém mantém a paz pela manhã cara, misericórdia.
Enquanto os dois decidiam se brigavam ou se vomitavam,acendi um cigarro na sacada,enquanto olhava a paisagem,a casa dela ficava relativamente perto da praia,e o quarto dela tinha essa vista maravilhosa para o mar,não era perfeita,mais o pouco que dava pra ver aquela imensidão azul,relaxava qualquer um.
Os dois bonitos resolveram aparecer,e já foram metendo a mão nas bebidas. Peguei meu suco de morango com hortelã e vi os dois devorarem tudo que tinha na bandeja num piscar de olhos,fiquei meio assustada,mas fiquei quieta,vai que eles roubam meu suco também.
Ficamos conversando até o horário que meu celular despertou para eu ir pro estágio.

-Gente,tá tudo muito lindo muito legal,mais eu tenho que ir-forcei um sorriso e Mônica começou com os dramas dela,a vadia conseguiu 5 dias sem ir pro estágio para fazer não sei o que em família,tudo graças ao sobrenome dela. Eu ignorei completamente os exageros de Mônica e me despedi dos dois. Peguei tudo que precisava,e fui embora pra casa da minha tia. Chegando lá me arrumei com pressa,tomei um banho rápido e sai dali o mais rápido possível indo pro hospital. Chegando lá,fui para o vestiário e coloquei meu uniforme que não me deixa nem um pouco bonita. Amarrei o cabelo bem firme e falei com alguns dos meus colegas,logo a minha residente chegou e falou que eu ficaria na clínica fazendo alguns curativos e coisas simples. Eu nunca gosto de ficar na clínica,mais até que hoje eu aceitei,estava precisando treinar minha sutura.

Já eram quase minha nona hora de plantão,e eu agradeci aos céus que tinha sobrado um tempinho pra ir tirar um cochilo e beber uma água,meus pulsos ardiam por conta dos movimentos repetidos. Assim que me levantei,o pager começou a apitar na minha cintura. Quase que eu chorei. Olhei o mesmo e estavam me chamando pra emergência,o que eu achei muito estranho,fui correndo e quando cheguei lá,me entregaram o prontuário. Olhei novamente para a paciente,e reconheci a mulher que ali estava. Era a mulher que ficou com a Mônica na balada.
Maldito Karma.
A enfermeira falava e falava,mais eu não conseguia focar na situação.
—Preciso que chame a Dr.Lemes,ela levou uma pancada na cabeça e um tiro na perna. Já adiantem uma tomografia,um raio x,e  um eletroneuromiografia Precisamos  saber o quão grave foram os danos.—Passei a luz pelos olhos dela,e estava tudo normal aparentemente.
—O quanto de sangue ela perdeu?—olhei para o socorrista

—Quase nada,ela foi baleada num confronto com a polícia,e assim que perceberam que ela havia sido atingida ela já veio pra cá.—apenas confirmei com a cabeça.
—Vocês tem certa que só foram dois tiros?—perguntei enquanto examinava a costela. O socorrista confirmou. E pediu pra que eu comunicasse a polícia assim que ela estivesse bem e consciente.

Após os resultados dos exames e fazer todos os procedimentos que eu precisava fazer,estava tudo bem com ela,o tiro na perna havia entrado e saído de forma limpa,e o tiro que acertou de raspão na costela foi totalmente superficial. A pancada na cabeça apenas tinha feito ela perder a consciência,e poderia causar um pouco de desorientação quando ela acordasse.
Entrei no quarto. E acendi a luz,enquanto eu anotava algumas coisas,ela começou a acordar,chequei os monitores e ela estava bem.
Ela abriu os olhos e piscou algumas vezes me olhando e forçou um sorriso.
—Você fica linda brincando de médica.—ela disse com a voz falhada. Soltou alguns grunhidos de dor,e por fim desistiu de tentar se mexer. Peguei o prontuário dela e comecei a explicar.
—Bom dia Srta.Duarte. Como se sente?—ela não me respondeu. Apenas começou a olhar ao redor. Acho que ela não estava muito acostumada com hospitais.
—Bom,você foi atingida durante um confronto com a polícia,um tiro na perna sem nenhum dano permanente e o outro pegou de raspão na sua costela,também com dano totalmente superficiais. Você também teve uma pancada na cabeça quando caiu,porém,também foi completamente superficial.—dei um sorriso completamente forçado e acho que ela percebeu pois soltou uma risada.—agora,eu preciso dar uma olhada nos seus curativos,tudo bem?—
Coloquei o prontuário no lugar e fiquei completamente apreensiva quando precisei subir a camisola hospitalar,porém o fiz mesmo assim com cautela.

—Doutora fica tranquila que eu não mordo não tá?,quer dizer. Se a senhorita quiser..—eu ignorei completamente as piadinhas dela,e olhei o curativo. A ferida estava limpa. E não havia nenhum sinal de infecção. Meu olhar deslizou e acabei por notar algumas tatuagens,percebendo umas três pela organização criminosa. Ignorei e a perna também estava limpa. Tirei as luvas e joguei fora. Passei a luz pelos olhos dela e não havia nenhum sinal de trauma pela pancada.

—Você está ótima Srta.Duarte. Não apresenta nenhuma piora em seu quadro.—
—Claro que não Doutora. Com uma visão dessas,poxa vida até o aleijado se levanta.—percebi o seu olhar sarcástico e malicioso. Porém decidi não cair nas piadinhas dela.
—Contudo,Srta.Duarte,já que você está muito bem,alguns polícias tem algumas perguntas para te fazer. Tudo bem?—vi o sorriso dela se desfazer. Soltei uma risadinha e sai da quarto indo comunicar os oficiais.

Cartas Para Uma Traficante Where stories live. Discover now