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Chegando no local. Sei que aconteceu tudo muito rápido.
Entramos como furacão no lugar,e eu tinha completa ciência que eu não estava 100% animada com a ideia de ficar num lugar barulhento,apertado e escuro,então tomei o melhor remédio.
Álcool.

Começamos cada um com duas doses de tequila,e logo depois partimos pros drinks. Escolhi a boa e velha gin tônica.
Luke e Mônica já se uniram para dançar,enquanto eu ainda criava coragem pra fazer qualquer coisa ali mesmo no balcão do bar.

—Ora,ora,ora. Olha só quem temos aqui senhoras e senhores...—Escutei uma voz suave e estranhamente conhecida pouco atrás de mim. Olhei de relance,e logo abri um sorriso ao ver um colega do ensino médio.

—Lucas! Não acredito,cara como você mudou,tá bonitão—soltei uma risada e ele ficou sem graça.

—Que isso Bru,sou apenas o barman—ele tentou conter o sorriso,porém foi totalmente em vão.
Ficamos conversando quando ele tinha tempo colocando algumas novidades em dia.
No meio da minha conversa. Mônica apareceu pedindo mais uma bebida, aparentemente meio alterada,e me implorando pra dançar com ela pois Luke já tinha a abandonado. E é claro que eu neguei,contudo, Mônica conseguia ser bem irritante quando queria.

—Ta bom garota,eu hein. Só me dá um tempo pra respirar.—falei entre risadas,ela gritou de felicidade,enquanto eu ia me distanciando,escutei sua voz em alto e bom som dizendo "Desce 3 dose de tequila gatão!". Acho que Lucas teve ter ficado da cor de um tomate.

A deixei conversando com Lucas,e sem que a mesma percebesse,fui em direção a parte mais afastada do lugar e me certifiquei que ninguém estava por perto,e num canto meio escuro avistei quem eu estava procurando. O rapaz aparentemente tinha minha idade,ele me olhou de cima a baixo e soltou uma risadinha.

—O que uma garotinha tá fazendo por aqui?—arqueou uma sombrancelha.
—Preciso de algo pra me manter meio ligada...saca?—passei os dedos pelo nariz e assentiu com a cabeça. Pediu pra que eu esperasse e em torno de uns instantes ele já estava de volta.
—Quantos princesa?—ele abriu a mão revelando a mercadoria. Peguei 5 papelote e coloquei o dinheiro na mão dele,sai sem olhar pra trás enquanto colocava parte do produto nos meio dos seios.
Adentrei em uma das cabines do banheiro e tranquei a mesma,coloquei a branca sobre o meu celular e num flash,as duas carreiras já tinham sido puxadas pra dentro. Respirei fundo,coloquei tudo novamente dentro da bolsa e sai da cabine me olhando no espelho,conferindo se estava tudo em ordem. Abri um sorriso forçado pra mim mesma e voltei pro bar.
Com um copão de bebida na mão, encontrei com Mônica e Luke e deixei transparecer minha animação. Dançavamos de forma incansável e riamos de coisas que não tinham a menor graça.

Mônica pediu pra eu ir com ela no banheiro e eu fui. Fiquei encostada na pia retocando a maquiagem quando eu escutei leves gemidos,tentei escutar melhor e vinha da cabine da Mônica. Eu ri baixinho e ela saiu atordoada,com um sorriso de orelha a orelha,tentava de forma desespera arrumar o cabelo e ajeitar o vestido ao mesmo tempo,o que me fez rir mais ainda. Mas o meu sorriso foi sumindo do meu rosto quando vi quem saia atrás dela. A morena passava a mão na boca tentando tirar qualquer resquícios de batom,ela levantou o olhar e eu pude ver seu rosto,de forma meia turva pois a droga e o álcool lutavam contra minha sobriedade. Eu só conseguia lembrar de seus olhos castanhos me olhando de forma fixa enquanto os cantos da boca se curvavam pra dar um sorriso discreto. Ela saiu do meu campo de visão mais rápido do que entrou. Fiz uma leve careta e olhei Mônica que seguia sorrindo pro nada. Ela me olhou e riu,e logo ficou seria novamente.

—Se você contar pra alguém,eu quebro sua moto—ela jurou e eu apenas levantei as mãos em forma de rendição. E mais do que rápido adentrei em uma das cabines do banheiro,sem ser a que a Mônica estava,por que pelo amor de Deus né? Ir pra balada e não ficar com ninguém é uma coisa,agora presenciar o mini motel delas é deprimente.
Mandei mais duas carreiras pra dentro,e pisquei os meus olhos algumas vezes. Guardei minhas coisas com pressa pois Mônica já estava me chamando.
Saímos dali indo de volta pra pista. Minha cabeça ficava voltando pros olhos castanhos da mulher do banheiro. Forcei minha cabeça a tentar lembrar de mais alguma coisa que não seja a boca dela com um sorriso maroto,ou os olhos sarcástico de quem havia acabado de aprontar. Fiquei com raiva de mim mesma por não obter nenhum resultado.
Me sentei no banquinho e pedi três doses de tequila sem nem olhar pro rosto de Lucas.
—Aqui está moça—por mais que minha mente estivesse entorpecida,parecia que a voz de Lucas tinha se afeminado até demais. Obriguei os meus olhos a se levantarem e as duas imensidões castanhas me olhavam de forma divertida.
Acho que naquele momento meu corpo brigava para descidir o que fazer. Minha boca queria falar,minhas pernas queriam correr e meu estômago queria colocar todas as borboletas pra fora,e minha mente decidiu escutar as minhas pernas. Virei as três doses pra dentro de uma só vez e sai dali indo pra área de fumantes.
Eu entrei em Pânico. Como eu poderia entrar em pânico? Não entrei em pânico nem quando fiz meu primeiro dia de estágio. Pus a mão em cima do peito e tentei controlar a minha respiração,acendi um cigarro e deixei a nicotina invadir minha mente me trazendo a falsa sensação de calmaria.
Uma mulher me causando todo esse nervoso não era natural. Ah qual é,depois de 19 bem vividos,não vai ser agora que eu vou trazer mais drama pra minha vida querendo ficar com mulher.

Cartas Para Uma Traficante Donde viven las historias. Descúbrelo ahora