Capítulo 4

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Michael: Acho que vou me sentir nu sem meu celular.

Gabi: Você vai se sentir livre. É difícil relaxar quando o telefone não para de vibrar. — Michael olhou para Dul.

Michael: Você me falou sobre isso?

Dul: Falei para o Tony. Ele disse que odiava a ideia, mas que você já fez isso antes e voltou daquelas férias novinho em folha para trabalhar. — O carrinho de golfe desacelerou em frente a um bangalô.

Ucker: Chegamos — Hibiscos das mais variadas cores floresciam ao longo do caminho que levava à porta da frente. Palmeiras e samambaias preenchiam o espaço entre as árvores maiores. Conhecia bem a paisagem, eu mesmo havia escolhido quase todas as espécies de plantas. A intenção era inspirar tranquilidade, dar um toque de perfume ao ar e camuflar os outros bangalôs que ficavam perto.

Dul: As fotos não fazem justiça — ela falou, em voz baixa.

Ucker: Obrigado, srta. Saviñon. — O sorrisinho nos lábios dela desapareceu. Não pude deixar de pensar que não era para eu ter escutado o elogio. Gabi abriu as duas portas e cruzou a grande sala aberta. O teto abobadado tinha vários ventiladores e acabamento de pinho branco. As cores suaves do Caribe complementavam o espaço. Sofás e poltronas, uma cozinha aberta com balcões de mármore, sala de jantar para quatro, piso de cerâmica e, é claro, janelas que iam de uma parede a outra e se abriam para um deque que chegava até a praia. A vista para o mar não era nada menos que perfeita. Michael assobiou quando entrou na sala e abriu as portas de vidro. O som das ondas quebrando encheu o ambiente.

Michael: Acho que posso abrir mão do celular por isso. — Ele pegou o aparelho no bolso e jogou em uma cadeira próxima antes de sair para o deque. Gabi saiu com ele enquanto Dul ficou.

Ucker: E você, srta. Saviñon? Atendi às suas necessidades? — Ela encontrou meu olhar e tirou os óculos de sol. Seus olhos eram de um tom âmbar, quase mel. Não eram castanhos, mas também não avelã. Na carteira de motorista, provavelmente constava "castanho-claros". Eram qualquer coisa, menos comuns.

Dul: É preciso mais que uma vista bonita para garantir que as minhas necessidades sejam atendidas, sr. Uckermann. Foi necessário certo poder de convencimento para chegar até aqui. Espero que o restante da nossa estadia seja mais fácil.

Ucker: Tudo o que a senhorita e o sr. Wolfe precisarem — disse, curvando-me levemente. — É só pedir. — Ela alcançou sua bolsinha, pegou o celular e estendeu a mão. A ponta dos dedos dela roçou nos meus, e Dul se afastou. Suas bochechas coraram e ela desviou o olhar. A voz de Gabi e Michael reverberou na sala. Eles riram de alguma coisa, me tirando do transe em que estava por aqueles olhos cor de âmbar de Dulce Maria. — Vocês vão encontrar o mapa da ilha, as especialidades do nosso chef, os horários do spa... tudo o que precisam no pacote de boas-vindas.

Dul: Alguns clientes meus elogiaram muito a comida do chef. Estou ansiosa para experimentar. — Ela umedeceu os lábios vermelhos, e senti um súbito desejo de prová-los. Percebi que a estava encarando e me forcei a parar. Então me afastei do balcão e caminhei em direção à varanda aberta.

Ucker: Gabi. Vamos deixar nossos hóspedes se instalarem. — Minha irmã ofereceu um sorriso ensaiado enquanto me despedia. — Aproveite a estada, srta. Saviñon.

Dul: É o que pretendo fazer.


P.O.V. Dulce

Michael: Meu Deus, Dul, você não me falou que o dono deste lugar era tão gostoso. — Se havia algo que adorava em Michael era a capacidade de se abrir sobre sua sexualidade quando estávamos a sós.

Dul: Sinceramente, eu não sabia. Não encontrei nenhuma foto de Christopher Uckermann na internet. — Isso provavelmente tinha a ver com as regras irritantes sobre tirar fotos na ilha. Mas era óbvio que não deixaria de tirar uma foto dele para mostrar a Judy quando voltasse para casa. Ao sair do avião, o olhar de Christopher recaiu sobre mim como uma trava de montanha-russa. Levando em consideração as conversas rápidas e incisivas por e-mail, sabia que ele não esperava meu profissionalismo nem minha aparência. E com certeza eu não havia imaginado que ele preenchesse o terno como um homem que vivia na academia. Bem, talvez não vivesse, mas Uckermann também não mergulhava no cardápio de sobremesas, dada a aparência do peito rígido que descia para a cintura firme e o traseiro redondo. Realmente esperava que ele não tivesse visto meus olhos através dos óculos escuros. Ser pega checando a bunda dele teria estragado totalmente a imagem que estava tentando passar. O rosto de Christopher parecia o de um homem que morava em uma ilha. Suas roupas, no entanto, eram outra história. Me pergunto se ele usava o terno empertigado o tempo todo. Ter o bronzeado de um fazendeiro, naquele corpo, seria um crime. Ele ainda é um babaca, me lembrei.

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