Capítulo 1

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P.O.V. Dulce

Dul: Se um dia eu decidir deixar o ramo de encontros, posso pensar em ser cerimonialista. — ergui a taça e sorri para a noiva que passava.

Eliza: Se tivesse planejado essa festinha, você não estaria ao meu lado bebendo champanhe. — Eliza Billings, primeira-dama do estado da Califórnia, apoiou a mão na barriga de seis meses que não parava de crescer. Sua gravidez era exibida com a graça e a elegância de uma mulher do seu nível. Os curtos e brilhantes cabelos pretos estavam em contraste com o vermelho longo do meu. — Você estaria correndo atrás da Shannon, lembrando a hora de ela cortar o bolo e jogar o buquê. — Shannon Redding, agora Shannon Wentworth, era a noiva do dia. Ela havia se casado com Paul Wentworth, o candidato republicano a governador. O marido de Eliza, Carter Billings, deixaria o cargo em pouco mais de um ano e meio. Paul e Shannon Wentworth firmaram um contrato de casamento que duraria dois anos, a não ser que ele não conseguisse se eleger. O eleitorado preferia que os políticos fossem homens de família. Como Paul estava pronto para concorrer ao cargo, mas não para se casar, ele contratou a Alliance para conseguir uma noiva adequada. Com um pouco de sorte, depois que Paul cumprisse os quatro anos de mandato, a população da Califórnia acreditaria em sua capacidade como governador, mesmo sendo divorciado. Eliza estava certa. Eu preferia arranjar casamentos temporários, como o de Paul e Shannon, a escolher locais e detalhes de decoração de festas de casamento. Meu trabalho era muito mais fácil e lucrativo. Paul vinha de uma longa linhagem de políticos. Era rico, charmoso e influente. Infelizmente, sua preferência por um certo tipo de mulheres muitas vezes o levara à primeira página dos tabloides, em vez de ao Wall Street Journal. Shannon também vinha de uma família de advogados e aspirantes a políticos. No entanto, para a consternação de seus pais, ela nunca quis estudar direito. Sua paixão era a fotografia. Mas fotos não pagavam as contas, e sua família não estava disposta a bancar sua vida se ela quisesse desperdiçá-la atrás de uma câmera.

Shannon era o tipo de cliente que a Alliance adorava recrutar: simpática, inteligente, equilibrada e determinada a viver segundo suas próprias regras. Um acordo pré-nupcial, além de um contrato particular que só os advogados da Alliance e de Paul conheciam, ligava o feliz casal muito antes do dia do casamento. Paul assumiria Shannon como esposa e cuidaria de todas as suas necessidades durante a união. Quando eles se separassem, depois de dois anos, ela teria seis milhões de dólares no banco e não precisaria da ajuda financeira de sua família.

Me afastei quando Carter surgiu ao lado da esposa, deslizando um braço ao redor de sua cintura:

Carter: A mulher mais bonita da festa — ele disse, alto o suficiente para eu ouvir. Eliza se aconchegou ao marido e corou. Era de imaginar que, depois de mais de seis anos de casada e com um bebê a caminho, uma mulher não ficaria mais vermelha com um elogio do marido, mas, aparentemente, eu estava errada.

O tilintar de taças encheu o salão. A atenção dos convidados se desviou para o casal, que era obrigado a se beijar sempre que alguém brindava. Observei com interesse enquanto Paul abaixava a taça e alcançava sua noiva. Com exceção de mim e dos Billings, todos achavam que eles haviam se casado por amor e que seria para sempre. O beijo na igreja foi breve. Doce, mas breve. Como seria agora?

Paul tirou a taça da mão de Shannon e ofereceu um sorriso divertido antes de encostar os lábios nos dela. Comecei a contar. Um, dois, três... a palma da mão de Shannon agarrou a lapela do terno dele... quatro...

Eliza: Interessante — Ela sussurrou quando eles se afastaram e a contagem chegava a seis. Shannon estava ruborizada, e Paul ficou encarando-a com os olhos em chamas.

Dul: Que tal lembrar as regras para o seu amigo, Carter? — As regras eram simples. A Alliance arranjava casamentos, não relacionamentos de ordem sexual. Se o contrato resultasse em sentimentos verdadeiros ou temporários, a agência não lidava com custódias de filhos. Era isso e ponto-final. Como Samantha, a proprietária da Alliance, sempre dizia: se os noivos decidissem manter o casamento após o período do contrato, que fossem felizes e dessem seu nome ao primeiro filho. Ou, nesse caso, o meu nome, já que eu quem havia agenciado o casamento. Carter puxou Eliza para a pista de dança, e fui até a noiva. Sabia que, à medida que a noite avançava, teríamos pouco tempo para conversar. — Vocês dois pareceram bem próximos — sussurrei assim que puxei Shannon para um canto. A noiva se abanou e o sorriso mantido durante toda a festa não se desfez.

Dul: Ele era um mulherengo antes de virar político. Não se esqueça disso.

Shannon: Nem precisa me dizer. Certas coisas são esperadas. Mas a nossa lua de mel vai ser mais fácil.

Dul: Para onde vocês vão?

Shannon: Um resort privado e muito chique em Keys. Um monte de celebridades e pessoas que querem fugir de badalação escolhem esse lugar como refúgio. A segurança é de primeira e todos os clientes são pré-selecionados.

Dul: Pré-selecionados para quê? E quem pagaria para viajar a um lugar onde alguém manda verificar seus antecedentes?

Shannon: Para evitar repórteres ou paparazzi, que podem divulgar informações sobre quem está lá, com quem, esse tipo de coisa. Reservamos um bangalô de dois quartos, isolado na praia e muito discreto. A imprensa não vai estar lá para ver ou deixar de ver o que quer que seja.

Dul: Interessante. Acho que eu devia conhecer esse resort... — Parecia o lugar perfeito para encontrar novos clientes ou garantir que os atuais tirassem férias sem toda a atenção da imprensa.

Shannon: Parece um achado para o seu trabalho — Shannon disse. Era um achado, não era? A Alliance precisava de lugares como esse no mundo todo. Paul se aproximou. A gravata pendia do colarinho, e o sorriso fácil e charmoso que fazia muitas mulheres enlouquecerem se voltou para Shannon.

Paul: Achei que você já tinha me deixado. — Ela revirou os olhos e não vacilou quando ele colocou a mão em suas costas. Paul olhou para mim e deu uma piscadinha. — Precisamos cortar o bolo. — Antes que se afastassem, estendi o dedo para Paul.

Dul: Comporte-se. — Ele piscou novamente. Sabia que esse verbo simplesmente não constava no vocabulário de Paul Wentworth.

O Villa Sapore di Amore era muito mais que um hotel. Era uma ilha. Uma ilha particular que ficava entre duas maiores. Chegar até lá exigia um voo particular ou um barco fretado no continente. Helicópteros eram o meio de transporte favorito das pessoas que queriam aproveitar o sol do Caribe sem o flash das câmeras dos paparazzi. Com as fotos que Shannon enviara depois que ela e Paul voltaram do resort, comecei a organizar minha viagem para o Sapore di Amore. Consegui com Sam a verba de que necessitava para a viagem e o jatinho particular de Blake para voar até lá. Agora, só precisava da companhia de alguém influente.

Então lembrei que Michael Wolfe, um dos maiores astros de Hollywood, era irmão de Judy, minha melhor amiga. Todas as mulheres eram loucas por ele. O problema era que ele não jogava nesse time, fato que eu percebera após entrar para a Alliance.

Tendo crescido com poucos recursos, muitas vezes era difícil me misturar aos ricos e famosos. Mas, nos últimos dois anos, consegui fazer exatamente isso. Encontrei vários clientes: homens ricos e mulheres dispostas a fazer parte do cadastro da Alliance. Assim que provei a Sam que era confiável, descobri os segredos da Alliance. Soube que Michael havia se casado com uma mulher por meio da agência só para afastar boatos sobre sua vida pessoal. A carreira dele era lucrativa. Girava em torno de trinta a quarenta milhões por filme, e Hollywood gostava que seus galãs fossem heterossexuais. Na minha opinião, provavelmente ele manteria suas preferências sexuais escondidas nos próximos anos. Então, quando perguntei se ele estava interessado em brincar de gato e rato na ilha, Michael ficou feliz em aceitar. Quando contei que o resort era uma área livre de paparazzi e que estava indo até lá em missão de reconhecimento para determinar se o lugar realmente guardava segredos, ele ficou ainda mais intrigado. 

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