CAPÍTULO XVIII: Linhas sem sentido

65 7 0
                                    


                         WILL SOLACE 

Passei pelo quebra-molas com minha bicicleta, andando em alta velocidade e sentindo o vento quente sobre meu rosto enquanto eu voltava para casa.

Quando avistei minha residência pequena com várias plantas na entrada, diminui a velocidade da bicicleta. 

Acenei para a Sra.Helen, minha vizinha e entrei em casa, deixei a bicicleta na entrada e quando cheguei perto da cozinha, senti um cheiro muito bom, algo raro, já que meu pai não cozinha muito bem. 

― Quem é você e o que fez com meu pai? - Falei surpreso quando vi Apolo colocando em cima do balcão uma travesa com almôndegas com um molho que eu não faço ideia de qual seja o nome. 

― A Artemis me mandou uma receita e eu consegui fazer perfeitamente! - Exclamou Apolo.

Peguei um prato no armário e comecei a me servir, meu pai fazia o mesmo. 

― Isso aqui…tá muito bom! - Falei de boca cheia sentindo o sabor das almôndegas preenchendo meu paladar.

― Eu sei, seu pai é incrível - Apolo disse convencido e começou a comer também. 

Comemos em silêncio assim como quase todos os dias, eu e meu pai tínhamos uma relação bem mais ou menos. Éramos unidos, mas parando para reparar, nós não falávamos muito um com o outro, desde que ele se separou da minha mãe, nossa relação era assim. 

― Ah, como foi a escola hoje? - Estava quase terminando de lavar a louça quando ouvi meu pai atrás de mim.

― Igual a todos os dias, hoje eu apresentei aquele trabalho com o Nico, foi legal. 

― O Nico? Como ele é? 

Estranhei, meu pai nunca me perguntava sobre a escola e muito menos meus amigos, tirando Percy e Magnus.

― Você viu ele pai. 

― Eu sei, estou me referindo a personalidade dele, ele é legal? 

Bom…eu não era muito próximo do Nico, mas ele era legal, a companhia dele era diferente dos meus outros amigos, ele era calmo e pacífico, me permitia falar o tanto que eu quisesse sem me interromper, e não se cansava de escutar minhas aventuras na infância, legal era pouco para o que Nico é.

― Ele é muito mais que legal.

Terminei a louça e virei-me para encarar meu pai.

― Você aparenta gostar muito dele - Meu pai disse com um sorriso brilhante no rosto.

― É, acho que sim, tem algum problema? Onde você tá querendo chegar, Apolo? - Perguntei já meio cansado desse interesse repentino do meu pai.

― Não tem problema nenhum, trás ele aqui mais vezes, você fica mais contente perto dele - Apolo disse e se levantou.

Apolo subiu as escadas e pude escutar alguma porta sendo fechada.

Também subi as escadas e entrei no meu quarto, fechando a porta em seguida.

Deitei na cama confuso pela conversa de segundos atrás. 

Por que o meu pai começou a fazer perguntas para mim? E por que elas eram sobre o Nico? 

Sinceramente a cada dia que se passa, ele fica ainda mais estranho. 

Parei para pensar na forma em como meu pai disse que eu ficava mais contente perto do Nico, eu sou contente com quase todos, não sou? Por que com Nico seria diferente? 

Okay, ele me faz sentir como se eu não precisasse me preocupar com mais nada, me sentia bem, mesmo com aquele nervosismo estranho, acho que não é nada demais, não é? Gostar de estar com ele não é nada demais. 

Balancei a minha cabeça e tirei de dentro do criado-mudo o meu pequeno caderno, eu sempre desenhava nele quando estava com a mente barulhenta, me distraia. 

Levantei e peguei alguns materiais para desenhar, abri a janela, deixando os raios quentes e luminosos do sol invadirem a zona de bagunça que era o meu quarto.

Sentei na cama e comecei primeiro com alguns rabiscos, logo as linhas sem sentido começaram a criar forma.

As linhas que antes eram sem sentido, começaram a criar significado, em pouco tempo, me perdi no meu mundo fechado, entre mim e meu caderno. 

Uma Chance Para Viver - Solangelo Where stories live. Discover now