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— 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑 —
⁀➷ quinta-feira - 11.04.2021

A minha vontade é matar aula hoje, não me sinto capaz de fazer qualquer coisa que seja.
São cinco da madrugada, só tenho aula oito horas e não faço ideia porque o meu corpo decidiu despertar tão cedo.

Pensei em ficar na cama mas não estou conseguindo dormir então me levantei e fui até o banheiro.
Passei o meu olhar pelo mármore e suspirei pesadamente ao ver as coisas da Any exatamente onde ela as deixou.
Nunca tive coragem de as arrumar ou desviar, me faz ter menos saudades dela porque parece que ela ainda está aqui.

Fizemos o correto um para o outro.
Estávamos nos machucando mutuamente e isso não podia continuar a acontecer.
Claro que eu ainda me preocupo com ela, às vezes penso em ligar-lhe para saber se está tudo bem, ou apenas para ouvir a sua voz.

Ontem quase tive uma parada cardíaca quando a vi sentada na porta do banheiro da escola, segundo a Any as marcas na sua barriga foram obra do Ryan.
Havia mais marcas nas suas costas e nos seus braços mas ela não me deixou cuidar dela, disse que iria para casa e que ia ficar bem.

Na terça-feira me pediu para no final de semana vir aqui em casa, disse que precisava de algumas coisas dela e eu acredito que seja verdade porque quando fui na casa dela notei que realmente a maioria das coisas que ela mais gosta e mais usa, não estão la, eu ia trazê-la no próprio dia mas ela disse que não se sentia bem.

Penelope tem choramingado pelos cantos da casa, fazem semanas desde que ela não vê a Any e sei que isso tem impacto nela.

Úrsula pergunta pela Any todo o santo dia, não tem nada que torne possível sentir menos saudades dela já que tudo ao meu redor grita o nome dela.

Me sentei na minha escrivaninha para estudar, estava lá o seu diário e obviamente eu resisti à minha curiosidade, nunca o abri, apenas guardei para lhe entregar na escola porque é algo pessoal dela e sei que ela gosta de escrever nele.

Todas as vezes que eu vou tentar cozinhar algo me lembro das vezes que ela ria de mim porque sou um desastre na cozinha.

Será estranho e idiota sentir tantas saudades dela?
" só damos valor quando perdemos ".
Faz sentido e não faz, eu sempre tentei dar-lhe o valor que ela merecia, sempre tentei mostra-lhe o quanto a amo mas acho que no momento em que estávamos nas nossas vidas, tornou tudo impossível.

Depois do banho me arrumei minimamente e me sentei na cama, encarando o nada e pensando no que fazer, não quero continuar a conviver com a any na faculdade como se fôssemos estranhos mas não quero ( quero sim ) beija-la do nada e voltar com o que tínhamos antes sem conversarmos direito.

Primeiramente peguei uma mochila que ela deixou aqui em casa e coloquei algumas das suas coisas lá dentro, sentindo as minhas lágrimas queimarem as minhas bochechas, arrumar as coisas dela torna tudo mais real.

Penelope levantou uma orelha e escondeu entre as suas patas uma blusa da Any que tem o seu cheiro a morango.

— não se preocupe pequenina, essa fica com você. - beijei a sua cabeça e então ela a deitou por cima da blusa. -

Desci para comer algo e suspirei percebendo que ainda são seis e quarenta, se eu sair agora chego na casa dela antes das sete mas é uma boa hora para a acordar, any sempre acorda umas seis e meia, ou sete e pouco, ou está acordada ou está dormindo.

Heartless feelings - beauanyWhere stories live. Discover now