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— 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑 —
⁀➷ segunda-feira - 10.10.2020

Any dormia sobre os meus braços enquanto o meu pai brigava comigo por não ir para a faculdade.

Estou mais preocupado com a Any do que com qualquer outra coisa no momento, a mãe dela está em coma e não fazemos ideia se por acaso vai acordar, como é suposto eu estar prestando atenção numa aula enquanto a minha namorada passa por isso?

— Se fosse a mãe nessa situação, você não ficaria com ela? Ou iria trabalhar mesmo assim?

Perguntei por último e então ele ficou calado observando a Any.
Eu fui obrigado a dopa-la com um remédio caso contrário ela não ia descansar e estaria chorando desde que chegou em casa dela ontem.

Ron saiu e então eu abracei mais o corpo da morena que está demasiado dopada para acordar agora.

— Oh meu amor. - sussurrei pela primeira aquela palavra com quatro letras e deixei uma lágrima solitária cair na bochecha dela, talvez absorvendo parte da sua dor, sabendo que vai ser difícil para caralho não esperar a mãe para a ir buscar na escola, não comer os lanches que a sua mãe preparava sabendo que ela tinha dificuldade, não poder chorar no ombro dela quando as coisas dão errado, não ouvir a sua voz ao chegar em casa... -

Em dois meses de namoro nunca a chamei de " amor ".
Sempre achei uma palavra muito forte num relacionamento mas hoje em dia vejo de outra forma.
Talvez mais comum e um apelido carinhoso dentro de uma relação.

Aproveitei que está dormindo e enfaixei o pulso dela que o arranhou até cortar enquanto esperava por mim no carro e não me deixou cuidar antes.

Desci as escadas e fui para a cozinha ter com a minha mãe.

— não pegue fogo na casa pelo amor de deus. - ela pediu assim que eu peguei nas coisas para tentar fazer uma panqueca. - eu faço isso, estou de folga hoje. O único lugar que você precisa estar agora é ao lado dela, some daqui. - ela me afastou como se eu fosse um inseto e então ainda indignado fui para o meu quarto. -

Puxei a Any para os meus braços e respirei fundo quando ela se mexeu, me preparando psicologicamente para o choro que se segue.
Não lhe pediria para engolir o choro ou parar, mas não deixa de ser doloroso ver alguém que amo sofrer dessa forma.

— Bom dia, meu amor. - ela abriu os olhos e esboçou um leve sorriso pelo apelido, seguido de uma expressão triste ao lembrar do ocorrido da noite passada. -

Ela baixou a cabeça e encolheu mais as pernas então eu apoiei o meu cotovelo na cama e com a outra mão adentrei o seu moletom e comecei a passar as unhas pelas suas costas sabendo que isso a faz sentir mais calma e segura.

— eu estou aqui com você. - beijei os seus cabelos. -

— se eu a perder, não resta ninguém. - Any sussurrou com a voz falhando, sei que está se referindo a família. -

— eu lamento muito que você esteja passando por isso. - falei sincero. - eu estou aqui com você agora, não sei se isso te acalma ou te deixa ainda mais chateada.

Brinquei para aliviar o clima e consegui já que ela se virou para mim e revirou os olhos.

— você quer tomar banho comigo? Pode lavar o meu cabelo e eu lavo o seu e se quiser pode finalizar os meus caracóis enquanto eu tento deixar os seus cachos ainda mais lindos.

Heartless feelings - beauanyWhere stories live. Discover now