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— 𝑨𝒏𝒚 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍𝒍𝒚 —
⁀➷ segunda-feira - 01.03.2020

Sobrevivi apenas devido aos remédios que tomei durante a semana passada.

A rotina era sempre a mesma.
Acordava, ia para a escola, ignorava a hora do almoço, chegava a casa, tomava comprimidos, colocava gelo um pouco acima do gesso e dormia até a minha mãe me obrigar a jantar.

As vezes o meu pai me batia já que eu estou incapaz de me defender.

Sábado tirei o gesso e não recomendo. A imobilização que eu uso agora tem uma tala também e é mais confortável mas aperta mais.

semana que vem se a fisioterapia correr bem, vai dar para largar as muletas mas não vou parar de mancar tão cedo porque o meu joelho não dobra nem estica completamente.

Por isso preciso elevá-lo para dormir, porque ele sempre está metade esticado e metade dobrado.

Me sinto exausta, fisicamente e mentalmente. Se não me drogasse com remédios sinto que já teria feito alguma merda.

Tudo o que eu evitei fazer durante meses, estava sendo a minha rotina habitual de agora.

O que o Joshua disse, me abalou de alguma forma.
Ele referiu várias vezes que a culpa não é minha e eu entendo a necessidade que ele tem, todos os homens acabam por ter isso.

Me sinto incapaz também de olhar para ele só como um amigo.

Seria ridículo dizer que estar ao lado do Noah e ao lado dele é igual, ou qualquer um dos outros.

Joshua despertou algo em mim quando nos beijámos e nunca tinha me sentido tão segura antes, quanto me senti nos braços dele.

Ele sabia me ajudar de alguma forma, ele sabia me fazer sentir melhor e eu sinto que se ele estivesse aqui agora as coisas seriam mais fáceis.

Talvez seja a saudade de estar ao lado dele ou a dor de pensar que alguma garota está com ele neste momento, fazendo as mesmas coisas que fizemos juntos.

Esses eram os pensamentos que ocupavam a minha mente enquanto eu chorava e escutava as palavras da fisioterapeuta, segundo a identificação na sua roupa, Gracie.

A sessão está sendo horrível, e eu vejo na expressão dela que está odiando me causar dor.

Ela desistiu de forçar o meu joelho a esticar porque poderia machucar mais, mas nessa altura eu já deveria estar sofrendo menos segundo ela.
Mas depois referiu que a saúde mental pode afetar a recuperação do físico.

Nesse momento ela está apoiando o meu joelho sobre uma bolsa de gelo para o deixar um pouco dormente como se estivesse anestesiado e as suas mãos são ágeis, com um creme gelado também, remexe a minha perna e faz alguma força com os dedos nas laterais do meu joelho.

— eu sei que está doendo. - ela suspirou. - só falta mais um pouco e depois eu paro de te torturar.

Sorri fraco tentando me acalmar e fechei os olhos com força, parecia que os meus ossos estavam se quebrando todos ao mesmo tempo.

Nunca tinha sentido tanto alívio ao colocar a tala e a imobilização.

— Não esforce agora, evite colocar o pé no chão e eleva a perna, está mais sensível agora. - ela pediu. - quando estiver descansando, tire a imobilização e coloque gelo por cima e por baixo.

Heartless feelings - beauanyWhere stories live. Discover now