⁀➷ 023

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— 𝑨𝒏𝒚 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍𝒍𝒚 —
⁀➷ sábado - 16.04.2020

Tudo o que eu consigo ver é o meu sangue na blusa e no chão, queria me levantar assim que o meu pai saiu de casa mas não consegui.

Geralmente eu me apoio nalgum lugar e me levanto, vou até o meu quarto, tomo banho e descanso.

Mas hoje eu me sinto incapaz, sinto mais dor do que o " normal ".

Com muito esforço consegui pegar no meu celular e o único nome que surgiu na minha cabeça foi o do Josh então eu liguei para ele torcendo para que ele aceite a ligação mesmo que daqui a pouco seja meia noite.

Any? - a sua voz era sonolenta, estava mais rouca e grossa. - está tudo bem?

— eu preciso de você. - sussurrei sem forças para falar mais alto. -

— estou indo.

Foi tudo o que ele disse antes de desligar a ligação.
Deixei o celular no chão ao meu lado e não me levantei, a porta não está trancada sequer, se ele empurrar vai abri-la.

— 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑 —
⁀➷ sábado - 16.04.2020

Não é normal a Any me ligar a essa hora, são onze e quarenta e sete da noite e a voz dela era de choro e parecia não estar bem.

Não enrolei mais no celular para ir me vestir e pegar nas chaves de casa, saí com um moletom a mais já que ela costuma ter frio e gosta mais das minhas roupas.

Estranhei a porta da casa dela não estar trancada e por isso toquei na campainha apenas para avisar que ia entrar.

— Any?

— aqui...

Escutei a sua voz que parecia ter vindo da cozinha e me assustei quando vi o seu corpo ensanguentado no chão. Ela tinha a mão cheia de sangue em cima da blusa e os olhos cheios de lágrimas.

— estou aqui. - me ajoelhei ao lado dela sem me importar se iria sujar a minha calça. - você acha que quebrou alguma coisa?

— não, mas tá doendo. - ela sussurrou com a voz falhando aos poucos. -

— tira a mão, Baby. - levantei um pouco o seu braço e puxei a blusa para cima. -

Aquilo doeu em mim.
O corte é profundo e não é pequeno.

— eu preciso que você fique quietinha sim? - ela assentiu com a cabeça e eu procurei por um pano, molhei com água morna e fiz força contra o ferimento para o sangue começar a estancar. - mesmo que doa, preciso que você faça força aqui. - levei a mão dela ao tecido e fiz alguma pressão. - isso. Eu vou te levantar e se doer alguma coisa você precisa me avisar.

Ela me olhava mas não dizia nada e eu sei que se demorarmos muito tempo ela não vai resistir à dor e vai acabar por apagar.

Consegui colocá-la dentro do carro e fiz algumas perguntas durante o caminho para que ela mantivesse focada.

— o que aconteceu? - perguntei por fim enquanto estacionava. -

Heartless feelings - beauanyWhere stories live. Discover now