— Só em filmes, e achei que era montagem. — Afastei-me. — Estou chocada.

— Pois é melhor ir se acostumando. É aqui que vai morar.

Ainda sem entender fiquei olhando para ele. Ele veio até mim e aproximou meu rosto do seu. Fiquei só observando seu cenho, perguntando-me o que ele planejava comigo aqui.

— Aceita? — Ele mostrou o que segurava em sua mão direita, e meus olhos quase saltaram para fora.

— Espera... isso é maconha?! — questionei perplexa.

— Sim, e da boa. Mas... como identificou tão rápido? — Estreitou os olhos, deixando-me sem graça.  — Não precisa me responder. Sei como é guardar segredos.

— Eu não quero — respondi baixinho. — O que deseja comigo, Joshua?

— Você é muito apressada, baby. Falaremos de negócio após comermos. 

— E para onde vamos? — questionei, seguindo-o.

— Lugar algum. — Ainda não entendi a sua frase, mas continuei o meu caminho, indo para a cozinha. — Sente-se, Gabrielly.

Isso nem de longe foi um pedido, e sim uma ordem. Sentei-me em uma das cadeiras da enorme mesa oval, sentindo como se tudo à minha volta fosse novo, e realmente era. É como se eu estivesse em outra vida.

— Você pediu comida? — perguntei, enquanto ele perambulava pela cozinha, com alguns ingredientes na mão.

— Não, eu preparei a nossa comida.

Isso sim foi um choque. Jamais passou pela minha cabeça que Joshua soubesse cozinhar.

— Gostei bastante quando disse que queria ser surpreendida, e por isso preparei um dos meus pratos favoritos.

Ainda estava atônita, mas reparava no homem à minha frente, ainda sem acreditar no conjunto da obra. É claro que o seu corpo não ajudou em nada à minha concentração, bem como as inúmeras tatuagens, que por sinal me deixavam inquieta. Tinha uma fraqueza por homens tatuados, e observar suas costas marcadas me deu vontade de agarrá-lo por trás e...

— Pensando em me agarrar, Gabrielly? — interrompeu meus devaneios, acertando em cheio.

— Oi?!

Por um momento fiquei vermelha. Será que falei alto? Ou pensei alto?

— Você estava me olhando como se eu fosse um prato de comida

. — É impressão sua.

— Entendo. — Soltou uma risadinha sabendo que eu menti sobre minhas últimas palavras. — Me dê 5 minutos e irá descobrir o que preparei para nós dois.

Joshua não se importou comigo ali e acendeu o seu cigarro. Enquanto preparava a comida ele cantarolava, parecendo feliz.

— Voi-la!

Após mais algum tempo ele colocou uma torta de fritos na mesa, e só de olhar fiquei com água na boca.

— Tem certeza de que foi você mesmo quem preparou tudo?

Joshua fechou os olhos, em seguida colocou a mão no coração, fingindo estar sentido.

— Você não acredita em mim?!

Sorri, e em seguida mirei seus olhos tentando entender se ele estava falando a verdade. Joshua ajeitou mais algumas coisas na cozinha e em seguida me serviu.

Isso era surreal, até mesmo para mim. Que dia um homem sarado e tatuado iria me servir um jantar em uma suíte de luxo?!

Parecia um sonho, só que de maneira alguma desejava acordar. Após mais algum tempo levei a comida à boca, e... meu Deus do céu!

— Coloquei cebola, alho, pimenta, molho de tomate, carne moída, feijão enlatado, pimenta de cheiro e  orégano e queijo. É uma receita não tão convencional, mas além de não dar trabalho fica pronta em pouco tempo.

Como se tudo não pudesse melhorar, a comida estava perfeita e fechei meus olhos, saboreando cada pedacinho dela.

— E então, seu futuro marido leva jeito na cozinha?

— Se quiser podemos marcar nosso casamento para amanhã. Você cozinha pra mim e eu tomo conta da casa, que tal?

— Tenho uma ideia melhor, eu cozinho e tomo conta de você. Que tal? — rebateu.

Ele me olhou de forma maliciosa, e engoli em seco. Ainda era extremamente complicado encará-lo, o que me fez pensar que ele não tinha realmente ideia de quem eu era. No fundo era uma garota pobre, e não tinha nada a ver com esse homem.

— Desde quando você cozinha?— Mudei de assunto, desviando o olhar. Joshua não respondeu de imediato, somente bufou contrariado.

Ele parecia relembrar algo, e se fosse chutar não era nada agradável.

— Desde que minha mãe disse que não levo jeito para a cozinha. Na realidade... ela disse que eu continuaria obeso pelo resto da vida se cozinhasse pra mim mesmo. Pode não parecer, mas já passei dos 130kg, e meus pais gostavam bastante de jogar na minha cara que não fazia nada além de comer, que eu era um inútil, entre outras coisas.

Fiquei extremamente abalada ao ouvir isso de forma tão direta. Além disso, não havia expressão de tristeza em sua voz, parecia que ele havia se acostumado, e nem ligava mais.

— Eu sinto muito... — falei, baixinho.

— Quase ninguém tem a vida que deseja, mas em alguns momentos ficamos satisfeitos com algo que fazemos com nossas próprias mãos. Já tem alguns anos que minha terapia é passar um bom tempo na cozinha, só que nunca tive companhia. Até agora.

Ele me lançou um olhar diferente, como se por um segundo sua barreira ruísse bem à minha frente. Queria dizer algo, mas quase não consegui articular palavras, e ele parecia entender que estava um pouco confusa.

— Está tudo bem, baby. Não fique triste por algo que já passou. — Ele parou de comer, encarando-me. — É normal se sentir limitados às vezes, mas sempre podemos usar o nosso talento para criar algo bom.

— Preciso encontrar o meu.

— Não. Você só precisa aperfeiçoar um dos vários talentos que têm.

Tentei assimilar a profundidade do seu gesto. Conversando com ele estava aprendendo muito mais do que desejava saber, e conseguia entender o motivo que que ele era assim, tão complexo.

Josh era poderoso e prático. Porém ele também era um cara imperfeito, tão imperfeito que me fazia querer desvendá-lo um pouco mais.

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Josh tem um dote culináriao meio peculiar.

Muita coisa vai rolar essa noite👀

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𝘼𝙥𝙤𝙨𝙩𝙖 𝙁𝙖𝙩𝙖𝙡Where stories live. Discover now