14°CAPÍTULO

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O nosso inimigo pode estar mais perto do que imaginamos...

JOSH BEAUCHAMP

Estava orgulhoso de mim mesmo. Observar minha foto no jornal foi satisfatório. Mais do que satisfatório, intenso.

Era óbvio que com os planos que eu fiz as fotos seriam um chamariz, e preciso dar aos jornalistas envolvidos o crédito por essas matérias primorosas:

Joshua Beauchamp finalmente se rendeu ao amor?

Quem é a jovem misteriosa que o herdeiro da família Beauchamp se encantou?

Poderá Joshua Beauchamp ter mudado o jeito que leva à vida?

É incrível o quanto as pessoas se esqueciam rápido de tudo. Há uma semana eu era tratado como um promíscuo (e ainda sou), só que agora estavam até mesmo considerando que mudei.

Realmente... as pessoas no geral eram burras ou não queriam descobrir a verdade. Porém, não estava reclamando, isso fazia parte de um plano, e ia cumpri-lo até o final.

— Você é o cara! — falei, observando minha imagem no espelho, e ao fazer isso notei Any perto da porta, observando-me.

— Meu bem, você pode entrar quando quiser, não precisa de permissão. Não mais.

— Eu imaginei. Só estava observando o quanto é narcisista — revelou, com deboche.

— Você é bem desbocada... adoro isso — respondi, sentando-me. — Já deu uma olhadinha nos jornais hoje, garanto que vai...

— Não, e nem quero — me interrompeu, séria.  — É o seu plano, pra mim isso é indiferente. Até prefiro não ver.

Eu a observei atentamente e Any me transmitiu algo estranho. Senti-a nervosa perto de mim.

— O que foi? Parece que há alguma coisa que não está me contando — me adiantei. Gabrielly por um momento ficou duvidosa, desviando seus belos olhos, mas em seguida fixou o olhar no meu, e parecia estar ponderando em me responder ou não.

— Tenho um pedido.

— O que é, baby? — perguntei, espreguiçando-me na cadeira, sorrindo enquanto a admirava.

— Não me sinto bem em ser a razão da demissão de quatro mulheres que precisavam do emprego. Então... eu quero que as recontrate. Hoje. Por essa eu não esperava.

— Não acha que está sendo autoritária demais? — questionei, estreitando os olhos.

— Sim, e no fundo gosta disso. Ou estou errada? — Cruzou os braços, decidida. Ela não cansa de me surpreender... Gabrielly ainda não me conhecia tão bem, mas a convivência faria com que ela se acostumasse aos meus joguinhos, até porque não era de ferro, e gostava de me divertir...

— Tudo bem, eu vou pensar — respondi, mirando os olhos no meu notebook.

— Joshua, isso... Na verdade, já pensei — a interrompi, depois abri um grande sorriso.

— A resposta é não. Elas vão conseguir emprego em outro lugar.

Minha resposta teve o exato efeito que esperava, e observei seu lindo rosto perdendo o brilho.

— Eu... não aceito essa resposta.

— Mas é a que terá — rebati.

Alguns segundos de silêncio preencheram o ambiente, e a observei se virar. Pensei que Gabrielly voltaria para o trabalho, mas novamente ela girou o seu corpo, decidida.

— No fundo você só está preocupado consigo mesmo, não é? — perguntou, e seu tom agora havia mudado, tornando-se bastante agressivo. — Eu até me diverti com você ontem, mas infelizmente você não dá a mínima para ninguém, muito menos pra mim.

Ouvir isso me incomodou um pouco, principalmente porque ela tinha razão.  Nunca soube criar laços com as pessoas ao meu redor, e durante a minha adolescência até tentei, sem sucesso.

Mudei bastante, mas levava comigo que confiar nas pessoas era arriscado e estúpido. Coloquei as mãos no bolso e saí do cubículo, dirigindo-me diretamente a ela.

— Veja bem... eu acredito bastante no livre arbítrio... — pontuei, já perto dela. — Então se você me respeita o suficiente para saber que as suas palavras não podem mudar minha vida, você deve acatar as minhas decisões.

Any mordeu o lábio, cheia de raiva. Eu a percebi cerrando os punhos e a esperei recuperar um pouco de controle.

— Joshua...

— Quando olho para você vejo uma mulher linda e decidida. Não observo somente a sua aparência, mas também sua forma de agir e pensar — a interrompi, pertinho do seu rosto. — E, não posso negar que de fato eu me encantei por você.

— Então temos um grande problema. Não estou interessada em homens que não se importam com o que eu penso ou sinto.

— Gabrielly... minhas decisões não são pessoais.

— Eu sabia que minhas palavras eram de contradição, entretanto, necessárias.

— Sei que com o tempo irá entender, você é diferente.

— Se sou tão diferente, por que você dificulta tanto a nossa conversa? — respondeu, sem receio. — Por que ficar fazendo joguinhos comigo se resolver essa questão é tão fácil pra você?

E, finalmente chegamos ao ponto que eu desejava... Lentamente dei dois passos à frente, parando a milímetros da sua boca, tentando observar em seus olhos alguma hesitação, mas não vi.

— Tudo bem. Você venceu. Eu estava te testando, baby.

— Isso é sério?! — perguntou, com enorme surpresa.

— Sim — respondi, tocando sua mão direita, e a levantando. Em seguida, dei um beijo nela, passando o polegar pelo seu pescoço, sem desviar nossos olhos um milímetro que fosse. — Tenho certeza de que você é a melhor pessoa para esse papel, e que está no lugar certo para fazer o seu próprio caminho. Mas da próxima vez, pense duas vezes antes de tentar me obrigar a algo. Fui claro?

— Eu não quis te obrigar...

— Gabrielly... você entendeu? — a interrompi, observando-a hesitar.

— Sim.

— Ótimo. — Passei o polegar em seus lábios. — Te espero hoje à noite em minha suíte, precisamos dar andamento no plano. Nada pode fugir do meu controle...

— Mais alguma coisa?

— Sim, hoje nós dois iremos jogar cartas — revelei, dispondo um pequeno beijo em seus lábios.

Any ainda não sabia o que a aguardava...

𝘼𝙥𝙤𝙨𝙩𝙖 𝙁𝙖𝙩𝙖𝙡Where stories live. Discover now