6°CAPÍTULO

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"É praticamente impossível não se sentir desejada quando alguém toma para si suas dores..."

ANY GABRIELLY

Em meu horário de almoço resolvi voltar para o meu apartamento, que ficava a 500 metros do cassino. Gostava de caminhar, e tive muita sorte em conseguir um bom local por um preço barato há alguns meses.

Não tinha despesas com o deslocamento, e isso fazia toda a diferença, principalmente por não receber tanto.

Bom, agora não sei como seria a real situação.

Estava decidida a não aceitar a oferta de Joshua, e até pensei que minha negativa poderia ter consequências sérias, o que de fato aconteceria. Não sei o momento que mudei de ideia, juro que não sei...

De uma hora para outra quis dizer sim. Acho que o seu toque embaralhou totalmente a minha cabeça, bem como o seu cheiro, seus olhos, sua boca...

Foi um conjunto de fatores, e o infeliz sabia muito bem como usar seu charme para conseguir o que desejava.

Após alguns minutos caminhando cheguei ao meu apartamento. Ele era bem pequeno, não tinha mais que 50m².

Apesar de tudo, reformei e o decorei sozinha, e nesse pequeno espaço tinha um pouco de paz e sossego. Morava no 3º andar, e por mais que meus vizinhos de cima fossem barulhentos, não precisava lidar com as gritarias todos os dias.

Gostava daqui porque o local ficava bem próximo a inúmeros espaços públicos, diversos restaurantes, entre outras coisas. Um dos meus hobbies era observar o movimento das pessoas passando na rua, de alguma forma isso me tranquilizava bastante. Podia ser taxada de louca, mas esse era um dos poucos momentos em que podia esquecer a vida corrida que levava.

Às vezes parecia que não sabia mais o que era a felicidade... Domingo teoricamente era para ser o dia mais tranquilo da semana, e só desejava ficar na cama e tomar um banho de banheira repleto de espuma, sem interferência de ninguém, mas não podia, preciso voltar ao cassino em poucos minutos.

Por mais que eu não quisesse, estava pensando bastante na última conversa com Joshua, era difícil acreditar que meu corpo se rendeu mais facilmente a ele do que minha mente.

Ainda imersa em pensamentos, ouvi o meu celular tocando em cima da mesa e fui até ele. Observei no visor que era a minha mãe, Pricila. Ela sabia dos meus horários apertados no cassino, e por isso me ligava nos momentos em que podia atender.

— Oi, mãe.

— Como você está, minha filha? — perguntou, em um tom de voz amigável.

— Estou bem.

Em determinados momentos me envergonhava em não falar a real situação para a minha mãe. Saí de uma cidadezinha pequena sem perspectiva alguma, e fui atrás dos meus sonhos. O problema era que ainda não realizei nenhum deles.

O desejo dos meus pais era ver a sua única filha prosperar, e tinha vergonha em admitir que no momento estava cheia de problemas para resolver. Inúmeras vezes eles me disseram que se ocorresse qualquer problema eu poderia voltar para Kingman, mas não queria. Pensava que assim estaria retrocedendo e não indo à luta.

— Eu sabia que conseguiria se manter na cidade, filha. Você herdou a força de vontade da nossa família — pontuou, orgulhosa.

Percebo que de fato meus pais estavam felizes por mim, ainda assim, ficava um pouco triste por omitir tantas coisas.

— Obrigada, mãe, ainda vou deixar você e o papai mais orgulhosos, eu prometo.

— Eu sei que se esforça em fazer as coisas acontecerem no seu tempo, mas deixe que tudo flua normalmente, Any.

𝘼𝙥𝙤𝙨𝙩𝙖 𝙁𝙖𝙩𝙖𝙡Onde histórias criam vida. Descubra agora