Capitulo 6

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Enquanto cavalgava para a cidade como alma que leva o diabo, Christian tentou pôr em ordem seus pensamentos com objetivo de preparar-se para uma reunião de junta. Levava muito tempo esperando aquele dia. Fecharia um negocio, com outros dois proprietários de uma imensa fábrica de sabão, para melhorá-la e construir novas moradias para muitos de seus empregados. Os co-proprietários, ambos aristocratas, mostraram-se resistentes a incorrer naqueles gastos, assinalando que a produção da fábrica já reportava suficientes benefícios sem necessidade de melhoras.
Diante a insistência dele tinham argumentado que realizá-las seria um verdadeiro esbanjamento. Alem do que, opinavam eles, os trabalhadores da fábrica estavam acostumados às míseras condições de vida em que viviam e trabalhavam, e não esperavam nada mais.

Christian tinha tido que insistir muito e recorrer à intimidação para que seus sócios compreendessem seu ponto de vista: que os trabalhadores produziriam inclusive mais se sua vida cotidiana não fosse tão mísera. Sabia exatamente por que tinham cedido seus sócios a suas exigências. Consideravam-se muito refinados e cavalheiros para misturar-se em assuntos tão sujos. Preferiam deixar-lhe a ele o qual lhe parecia bem. Melhor que bom. Dirigiria o negócio como ele quisesse e se ocuparia de que fosse rentável para todos no futuro. De fato, asseguraria- se de que os benefícios anuais se multiplicassem por dois, e sua fábrica acabaria convertendo-se em um modelo para todas as demais que havia em Londres.

«Limite-se a assinar e mantenha a boca fechada -lhe tinha aconselhado um sócio ao outro em presença de Christian. —Até agora, Grey nos foi muito bom, não? Converteu meu investimento na melhor fonte de ganhos que minha família teve jamais. Por que pôr objeções ao êxito?»

Christian deveria estar pensando unicamente na reunião e em seus projetos para a fábrica. Entretanto, não se podia tirar lady Anastasia da cabeça, pensava em sua doçura e em seu recato, que o impulsionavam a turvá-la e a escandalizá-la, e em sua boca, normalmente triste e reservada, que às vezes esboçava um sorriso arrebatador de forma inesperada.

Christian a achava irresistível, embora não soubesse muito bem por que. Já tinha encontrado com mulheres refinadas, mulheres amáveis e virtuosas que tinha admirado. Mas jamais tinham despertado o mais mínimo desejo nele. A bondade não o excitava. A inocência de qualquer classe não lhe resultava absolutamente tentadora. Preferia estar em companhia de mulheres que tinham experiência no sexo, mulheres que o olhavam com descaramento e possuíam alma de aventureiras, cujas mãos bem cuidadas desapareciam sob a mesa durante os jantares. Gostava sobre tudo as mulheres desbocadas que faziam comentários picantes, mulheres que sabiam aparentar que eram damas, mas que na cama se abandonavam ao prazer.

Lady Anastasia não era nada daquilo. De fato, levá-la para cama seria uma aventura em todos os sentidos. Por que, então, apenas em pensá-lo começava a suar? Por que lhe excitava o mero feito de estar na mesma casa que ela? Era bonita, mas Christian já tinha conhecido mulheres de grande beleza. Sua figura era gaita, mas não espetacular, e não possuía a silhueta fina e elegante que se admirava então. De fato, era de baixa estatura. Escapou-lhe um sorriso ao imaginá-la nua entre os lençóis de seda de sua imensa cama. Não podia conceber nada mais prazeroso que perseguir sua figura diminuta e sensual de um extremo ao outro do colchão.

Mas isso jamais ocorreria. Para seu grande pesar, Christian reconhecia que Lady Anastasia gostava de muito para seduzi-la. A experiência a destroçaria. Qualquer prazer temporário que sentisse sucumbiria logo à culpa e ao remorso. E ela o odiaria por isso. Melhor deixá-la como estava, satisfeita com as lembranças felizes de seu defunto amado, reservando-se para George Hyde quando voltasse encontrar-se com ele no outro mundo.

Christian podia obter prazer sexual com outras mulheres, mas ninguém podia lhe procurar o que lhe dava Anastasia. Era inteligente, de fortes princípios e fascinante, e enquanto ele não se passasse da raia, poderia desfrutar de sua companhia durante um ano. Aquilo era muito mais importante que uma queda de uma noite, por mais prazeroso que fosse.

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