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Héctor Tuner

— Capitão terra à vista - Jason diz animado

Finalmente de volta para casa, as viajens parecem mais longas e a ansiedade de voltar para casa aumentou.

Sofie está desapontada comigo, depois que disse aquelas coisas não nos falamos mais. Eu não sei ao certo o que fazer, pedir desculpas seria o mesmo de aprovar a sua aproximação com aquele homem.

Imaginar aquele homem tocar seus lábios rosados e sentir seu cheiro me irrita.

Caminhando pela estrada de volta para casa junto do meu amigo de quatro patas, passo em frente a sua casa, seus cabelos acobreados cobrindo seus ombros e a delicadeza de como lê um de seus livros e de encantar os olhos.

Ela me vê passar por alguns instantes e volta a se concentrar no seu livro, aqueles olhos verdes como sinto falta de me perder neles.

A quem eu queria enganar tenho sentimentos por Sofie mas não tenho certeza que seja amor.

Amor eu já senti antes, Katarina mãe da minha única filha, Alicinha, uma mulher tão doce e amável, ela sabia me deixar louco com toda a sua doçura e charme.

Mas tudo mudou eu não sei ao certo quando mudou mas mudou, as brigas passaram a ser constantes o seu descontentamento era nítido, eu tentei de todas as formas não deixá-la escapar de mim.

Ela se foi sem olhar para trás deixando para trás a mim e sua filha ainda bebê.

Katarina me enganou de várias formas levando tudo de mim, alegria e o amor.

Não acho que poderei amar outra mulher como amei a ela.

Patético eu sei, um homem trocado e abandonado ainda possuir sentimentos por uma mulher desta, mas não mandamos no coração.

Sofie é diferente, sinto a necessidade de protegê-la, assim que a vi no meu navio tão frágil como um animal afugentado senti o dever de cuida-lá.

Em casa não se fala de outra coisa a não ser Sofie, minha mãe não disfarça o desejo de nos ver juntos. Alicinha a ama como se fosse sua mãe.

Fico muito feliz pelo vínculo que possuem, Alicinha é muito criança, ainda não tive coragem de contar a verdade sobre sua mãe, é melhor assim não quero que sofra e cresça se sentindo rejeitada e abandonada.

— Filho está deixando uma boa moça escapar de suas mãos - minha mãe diz mais uma vez.

— De novo este assunto, eu e Sofie somos amigos - digo

— Por que quer - ela diz em tom de deboche.

Vou para o jardim discutir sobre isto era cansativo, por mais que eu diga ela nunca entenderá.

Meu pai está fumando um de seus charutos me aproximo e sento ao seu lado.

— Como foi a viagem - pergunta

— Bem, tudo correu bem - digo observando tudo a minha volta.

— Sua mãe tem razão - ele diz

— Até você meu pai - digo enquanto o observo agora fumar.

— Então não se importa que Fish venha pedir a mão dela.

Eu engasgo

— Pedir a mão dela? Ele não se atreveria eu o jogaria de dentro para fora em pontapés - digo exaltado.

Meu pai sorri

— Qual a graça meu pai - pergunto indignado

— E você ainda diz que isso não é amor - ele agora me encara — Vai pagar para ver outro homem fazê-la feliz, a vida lhe deu uma nova chance e está cego, Katarina nunca te amou esqueça ela e vá viver sua vida.

Eu engulo seco e volto a fitar o horizonte, meu pai não é de falar sobre sentimentos mas quando o faz é mesmo como um tapa.

Saio para caminhar sozinho, caminhar me fazia pensar melhor.

RaposaWhere stories live. Discover now