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Durante o sono eu me pegava relembrando seu toque sobre meus lábios, seu beijo.
De manhã eu estava com um misto de vergonha e ansiedade de vê-lo.

Me arrumo para descer e se juntar a todos para o café da manhã, assim que saio do quarto vejo Héctor ao lado da porta, no corredor, parece me esperar.

— Héctor ? - digo surpresa

— Oi, preciso falar com você - parece ansioso.

Abro um sorriso e o observo

— sim, pode me falar - digo calma

— Eu não preguei os olhos essa noite, estou angustiado - desabafa sua expressão é de preocupação

— Eu também quase não dormi está noite - digo calma

— Por favor eu preciso te dizer.

— sim? - digo

— Aquilo que eu fiz na noite passada foi totalmente errado... - eu o interrompo

— O beijo ?

— sim, sim eu não deveria, quero te pedir desculpas, fiz por impulso, prometo que não cometerei novamente. - diz ansioso, fico desapontada eu gostei do beijo.

— Há sim, sem problemas, não se torture tanto foi apenas um beijo - disfarço ele respira fundo.

— Você é uma mulher linda Sofie, mas não posso lhe dar o que procura - fico furiosa

— eu não estou lhe pedindo nada, basta Héctor, vamos esquecer o que houve e seguiremos como antes, certo? - digo firme.

— Sim - diz, eu saio em passos largos.

Na mesa enquanto tomávamos o café da manhã eu o sentia me observar algumas vezes mas não tive coragem de olhá-lo, eu estava chateada, eu sei que vai passar, mas eu gostei do beijo mas preciso fingir que nada aconteceu.

— Sofie ? - seu pai me chama, eu estava presa em meus conflitos internos que não o ouvi chamar — Sofie ? - disse novamente.

— Há sim me desculpe, disse algo - me concerto.

— assim que terminarmos aqui te levarei para conhecer o lugar, acredito que vai gostar - diz animado

— Sim tenho certeza - digo sorrindo

— Vou acompanhá-los - Héctor diz enquanto morde um pedaço de bacon

— Há minha querida estou tão feliz que será nossa vizinha - sua mãe agora quem diz

— papai, Sofie vai embora ? - Alicinha parece preocupada.

— Sim filha, mas ela vai se mudar aqui perto, sempre que quiser poderá vê-la - ele diz de forma amável.

A garotinha respira fundo enquanto encara seu prato.

— Não quero ficar sem Sofie, já basta minha mãe - ela diz baixinho.

Héctor fica sem jeito e se remexe na cadeira, seus pais ficam com a expressão de preocupação.

— Sim Alicinha a verei todos os dias tá bom - digo e ela volta a sorrir.

— Está bem - diz agora mas alto.

Falar sobre a mãe de Alicinha era algo muito raro nesta casa, ninguém fala sobre ela, uma vez perguntei a Alicinha sobre sua mãe e sua resposta foi que foi morar para bem longe junto as estrelinhas, acredito que tenha sido uma morte bem dolorosa para todos, por isso ninguém toca neste assunto.

Depois do dejejum estávamos eu, Héctor e seu pai caminhando pela estrada, observo tudo ao meu redor calada, chegamos numa parte mais alta.

— Este é o lugar - o pai de Héctor diz

Incrível por ser na parte mais alta dava-se à vista ao mar no horizonte, começo a imaginar acordar todas as manhãs com esta vista.

— É perfeito - digo admirada — O mar como vista não esperava algo tão magnífico - não disfarço minha enorme alegria.

— Eu sabia que gostaria - seu pai diz animado, Héctor olha para o horizonte a todo momento está calado.

— Espero que não se importe meu filho ? - seu pai pergunta enquanto pousa uma de suas mãos no ombro dele.

Héctor sorri fraco.

— Sem problemas, alguém tem que usar este lugar, é um desperdício não usá-lo - diz

Sinto que este lugar não é apenas um lugar bonito tem história.

Mas tarde em casa eu estava concentrada em um novo livro que comprei no centro, um dia desses com a senhora Tuner. Ler me fazia esquecer um pouco dos meus conflitos.

— Fique, Dexter - Héctor ordena o cachorro obedece.

— Não volte tão tarde meu filho - sua mãe pede e Héctor sai pela porta, sua mãe o acompanha com o olhar por alguns instantes e depois entra.

— Parece preocupada Senhora Tuner - pergunto

Ela respira fundo e se senta.

— A muito tempo Héctor não saia para esses passeios noturnos, estou preocupada com alguma recaída - desabafa

— Hum... entendo, onde ele vai nestes passeios noturnos ?

— Tabernas e consome bebidas alcoólicas - diz com pesar

— Nossa, eu não imaginava, ele me parece tão sério - digo surpresa

— Sim minha querida, ele começou depois daquela ... - ela se alerta e se levanta antes de terminar

— Daquela ?

— Eu preciso aprontar o jantar, não se preocupe querida ele vai ficar bem - sai apressada para a cozinha.

Eu sinto que tem algo no ar, Charlote se estivesse aqui já tinha descoberto tudo, sorrio com sua lembrança.

No meio da madrugada o sono se vai, me remexo de um lado para o outro e não consigo adormecer mais.

Desço para tomar um copo de leite, levo um susto a Senhora Tuner está sentada na sala.

— Sem sono ? - Pergunta para mim

— Um pouco, vim tomar um copo de leite, a Senhora também ? - pergunto.

— Sim, só durmo depois que Héctor voltar - diz olhando para a porta.

Eu me aproximo e seguro sua mão.

— Não se preocupe, logo ele está de volta, acredito que saiba se cuidar, vamos me acompanhe - peço

Ela sorri fraco e vamos para a cozinha, nos servimos com o leite.

Enquanto bebericávamos o leite, escutamos a chegada de alguém.

— Ele chegou- digo baixinho, sua mãe sorri aliviada.

Héctor entra na cozinha, seus cabelos desalinhados, sua camisa branca de botões entre aberta, assim que nos vê sorri, um largo sorriso de ponta a ponta.

— Me esperavam - pergunta um pouco mas alto do que deveria.

— Sua mãe estava preocupada - digo zangada

— Há minha mãe não se preocupe comigo - diz se aproximando, sinto o cheiro forte de bebida. Ele agora me observa e não para de sorrir.

— Sofie dance comigo - pede, me estende uma de suas mãos, esse tipo de comportamento não era normal estava completamente bêbado.

— Está tarde - digo, ele segura minha mão e me puxa, fico de pé em seus braços.

— Há pare com isso, é só uma dança - diz, eu contorço o rosto o cheiro de bebida me incomoda.

— Não quero Héctor - eu o empurro e saio depressa para o quarto, ele fica na cozinha gargalhando.

— Raposa sempre fugindo - diz

RaposaWhere stories live. Discover now