Nas Ruas de Londres - 1-8

348 47 0
                                    

 Nos tranquilos corredores do Castelo de Hogwarts, onde a luz dourada da tarde filtrava através das janelas, criando uma atmosfera serena e mágica, o enigmático Severus Snape encontrava-se imerso em suas tarefas diárias, caminhando pelo corredor em direção ao escritório. 

 No entanto, o destino reservou-lhe um momento que o deixou momentaneamente petrificado. Em um dos corredores à sua frente, seus olhos capturaram uma cena inesperada: Emma Stevens e Remus Lupin abraçados calorosamente, trocando palavras que irradiavam carinho e proximidade. Uma emoção inusitada, quase indefinível, percorreu o cerne de Snape enquanto ele observava esse momento singular.

 Em um piscar de olhos, Emma se afastou dos braços de Remus e detectou a presença de Snape. Embora um leve sobressalto tenha passado por seus traços, ela não demorou a se aproximar dele com uma postura respeitosamente formal.

 "Professor Snape", ela cumprimentou, uma tentativa evidente de dissimular o sutil desconforto que parecia dançar em suas feições.

 O olhar penetrante de Snape repousou sobre ela por um instante antes de ele finalmente romper o silêncio. "Srta. Stevens, é intrigante vê-la em tão estreita companhia do professor Lupin. Eu não estava ciente de que partilhavam uma relação tão íntima."

 Emma baixou o olhar momentaneamente, sentindo-se ligeiramente inquieta sob o escrutínio agudo de Snape. "Ah, sim... bem, o Professor Lupin é como um pai para mim."

 Uma das sobrancelhas de Snape ergueu-se em um arco, revelando uma mistura de surpresa e interesse que cintilava em seus olhos escuros. "Um pai?", ele ecoou, como se essa revelação tivesse acendido um lampejo de curiosidade genuína.

 Um gesto de concordância por parte de Emma acentuou seu nervosismo sob o olhar perspicaz do professor. "Sim, ele me proporcionou um tipo de cuidado que meus pais biológicos nunca foram capazes de oferecer."

 Essa confirmação apenas parecia aumentar o interesse de Snape, e sua voz continha uma nota de curiosidade enquanto ele prosseguia. "E que tipo de cuidado ele lhe proporcionou?"

 "Carinho, afeto e amor paterno, Professor", respondeu Emma com um sorriso sutil, os cantos de seus lábios curvando-se enquanto ela revivia as lembranças desse relacionamento especial.

 Severus Snape parecia mais intrigado do que jamais demonstrara, sua expressão revelando uma profundidade raramente vislumbrada. "Entendo. E como isso tudo se desenrolou?"

 Emma suspirou, reunindo sua determinação interna para compartilhar sua história. "Quando eu tinha apenas onze anos, me perdi em Londres, nas proximidades do Caldeirão Furado, enquanto tentava encontrar o Beco Diagonal. Eu estava aterrorizada e completamente desorientada. Foi então que o Professor Lupin me encontrou e me ofereceu ajuda. Ele me conduziu até o beco, comprou meus materiais escolares e, dado que eu era uma bruxa nascida de pais trouxas, ele tomou o tempo para me explicar tudo."

 Os olhos do professor permaneceram fixos nela, capturados por essa narrativa intrigante. "E seus pais? Permitiram que você se aventurasse sozinha em Londres aos onze anos?"

 A cabeça de Emma moveu-se em um gesto afirmativo. "Sim, é um pouco peculiar, eu sei."

 A atenção de Snape permanecia firmemente ancorada nela enquanto Emma continuava a compartilhar sua história. "Desde aquele momento, ele tem sido como um pai para mim. Ele me orientou, aconselhou e sempre esteve ao meu lado quando precisei de apoio. Ele me ensinou inúmeras coisas e nunca hesitou em me escutar."

 Uma rachadura na habitual austeridade de Snape começou a emergir, revelando uma compreensão surpreendentemente humana. "Eu entendo... e o Professor Lupin a adotou oficialmente ou... isso é apenas uma relação de afeto?"

 "É uma relação de afeto, mais do que uma adoção formal. Discutimos a possibilidade de oficializar nossa relação, mas meus pais biológicos nunca concordariam em assinar os papéis. Eles podem não cuidar de mim, mas não querem abrir mão da burocracia que isso acarretaria." A voz de Emma continha um toque de resignação, compreendendo as complexidades envolvidas.

 Snape assentiu com uma expressão compreensiva, silenciando-se por um momento enquanto processava a narrativa de Emma. Um elo tácito parecia se formar entre eles, uma troca de olhares que transcendia as palavras. Finalmente, ele falou novamente.

 "Embora eu não esteja entre as pessoas mais próximas do Professor Lupin, é admirável o que ele fez por você, Srta. Stevens. Essa é uma ligação que merece ser cultivada, pois claramente tem um significado profundo para você."

 Um sorriso de gratidão iluminou o rosto de Emma, sentindo-se abençoada por ter compartilhado essa parte de sua história com Snape. "Obrigada, Professor. Com certeza vou manter isso em mente."

 Houve um breve instante de silêncio antes que Snape voltasse seu olhar penetrante para ela, uma nota de sinceridade que parecia quase desconcertante. "Eu também sinto alívio pelo fato de que você não teve que passar por essas experiências de forma solitária. Às vezes, as conexões que fazemos podem moldar nossa trajetória de maneiras inesperadas."

 Os olhos de Emma refletiram surpresa, uma centelha de humanidade que ela raramente testemunhara nele. Esse vislumbre a aqueceu, um sorriso suave curvando seus lábios enquanto ela respondia. "Você está certo, Professor. Devo minha jornada à presença dele. Sem ele, talvez eu nem tivesse chegado a Hogwarts."

 Conforme a conversa evoluía, Emma sentia que tinha desvendado uma camada mais profunda de Snape, capturando um vislumbre do homem que existia além da fachada imperturbável. Ela começava a perceber que, assim como Remus desempenhara um papel paternal em sua vida, Snape também carregava suas próprias influências e experiências que o moldaram ao longo dos anos. 

 A troca de histórias entre eles, envolta em uma aura de entendimento mútuo, estava lentamente forjando uma conexão inesperada entre dois indivíduos aparentemente díspares no mundo mágico de Hogwarts.

 No entanto, essa troca de palavras também abriu portas para uma nova compreensão em Snape. Ele olhou para Emma, as linhas de preocupação e inquisição suavizando-se em seu rosto habitualmente impenetrável. Aqueles que o conheciam apenas superficialmente nunca teriam imaginado a profundidade de emoções e experiências que ele guardava.

 Emma, por sua vez, sentiu uma sensação de pertencimento, como se tivesse desvendado um segredo compartilhado com alguém que, de muitas maneiras, era um enigma para todos. Essa conversa lhe mostrou uma dimensão desconhecida de Snape, algo que ela guardaria como um tesouro.

 Enquanto a tarde na escola de magia se desenrolava, a conversa entre Emma e Snape continuou, explorando outros temas e histórias que, de alguma forma, aproximavam esses dois seres que, à primeira vista, pareciam tão distantes.

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora