10 - Conversa.

467 48 12
                                    

[Este capítulo ocorre uma semana depois do capítulo 9.]

[Pov - Izuku Midoriya.]

Finalmente consigo terminar o cálculo matemático e sorrio para o caderno todo rabiscado de números e contas inacabadas.

Bom, pelo menos consegui acabar isso sem a ajuda de ninguém.

- ei, Kacchan! - ouço Denki chegar na carteira atrás de mim. - você entendeu esta questão?

Kaminari não é respondido e o ouço respirar fundo. Decido me virar e ignorar Kacchan, olhando apenas o outro.

- ei, Denki, qual questão que é? Eu posso ajudar!

- sério?! Você é um gênio, Midoriya! - ele sorri e dou espaço em minha cadeira, se senta e puxa seu caderno.

- bom, então, esta é meio complicada, você tem que ...

[...]

O sinal bate nos sinalizando que mais um dia letivo chegou ao fim.

Me levanto mas sinto algo, ou melhor, alguém puxar meu braço.

- aqui. - Kacchan empurra contra mim o livro de atividades.

- .... Conseguiu colocar tudo em dia? - pergunto depois de um tempo, guardando o livro na bolsa.

- Não é da sua conta, mas sim.

- Que bom. - sorrio timidamente. - bom, eu vou indo, okay? Tenha uma boa tarde, Kacchan!

- Deku, espera.

Paro quando o ouço falar um pouco mais baixo do que o normal, tenho a chance de observar a sala e não tem mais ninguém além de nós dois.

- ... Sim? - mantenho a calma e me viro para o loiro.

- você disse aquele dia que precisaríamos falar sobre aquilo - dá um ênfase em "aquilo", as lembranças fazem meu coração acelerar.

- eu disse. - desvio o olhar.

- não sei se teremos momentos melhores do que este.

Sei muito bem o que quer dizer, mas é estranho falar com Kacchan de forma tão pacífica.

- por que você fez aquilo? - me sento em minha carteira, ele se mantém em pé, de braços cruzados e cabeça baixa.

- sinceramente? Eu não sei. - sua voz rouca me deixa genuinamente envergonhado.

- você quis aquilo? - tento insistir na questão que me tirava o sono há uma semana.

A única opção viável que encontrei foi ignorar Kacchan o máximo que conseguiria, mas é difícil quando ele se senta atrás de mim e nossos dormitórios são perto, fazendo com que precisemos nos ver quase toda a amanhã e tarde.

Não consigo fazer isso por muito tempo, meu instinto de correr atrás dele me consome, e talvez o melhor seja fingir que nada aconteceu.

Bom, pelo menos, depois desta conversa, já que pelo visto serei obrigado a falar sobre o que aconteceu.

- eu estava louco, Deku. - sua resposta novamente é embaçada e não consigo chegar aonde quero.

- desculpe, Kacchan. - me abaixo como reverência, logo me levantando da carteira em quanto ajeito a mochila nos outros. -... mas eu não sei se chegaremos á algum lugar com suas respostas. - abaixo a cabeça, sem coragem para olhar seus olhos.

Chego a esperar uma resposta, mas o silêncio se torna pesado e me viro para seguir caminho á porta, o que me para é a mão de Kacchan de forma brusca em meu ombro, quase me fazendo cair.

- idiota, você disse que falaríamos sobre isso agora. Por que está fugindo?! - agora, reconheço sua voz áspera de sempre.

- eu não sei mais como ficar perto de você! - falo de uma vez o que talvez estivesse entalado em minha garganta.

Encaro sua mão que ainda permanecia em meu ombro, logo faço com que meus olhos encontrem os seus.

- normalmente suas falas e sua presença em si são apenas motivos de risos baixos ou sorrisos aleatórios, mas agora parece que estou me fechando mais e mais e isso não é porque quero! É porque você me deixa nervoso, Kacchan, mas do que deixa normalmente!.

Á este ponto, já não sei mais o que saí de minha boca, e minha confiança de continuar só aumenta quando vejo que o loiro me ouve atentamente e pacientemente.

Por um segundo, perco a linha de raciocínio.

- e.... E é óbvio que quero falar com você sobre o que aconteceu! Mas se você for ficar respondendo com "não sei, não me lembro, eu estava louco" - faço uma voz mais grossa para tentar simular. - eu não vou conseguir seguir em frente com isso, Kacchan! Nenhum de nós vai.

Minha respiração está ofegante e sei que a maior parte é pelo medo que me console, é como se o calor e a adrenalina tivessem passado e agora só me restam o frio e abatimento.

Só consigo olhar seu rosto depois de um tempinho.

Kacchan está boquiaberto e lentamente tira a mão de meu ombro, cruzando os braços e se encolhendo.

Isto obviamente é surpreendente já que eu acho que nunca falei tanto para ele, desde que éramos crianças eu sempre ouvi, e sei que o que disse aqui não é nem um décimo do que eu quero dizer.

Odeio admitir que meu amor é maior que meu ódio, principalmente por ele, sempre foi.

Só que os ocorridos da semana passada me fazem pensar; que tipo de amor é este?

- isso também está me deixando maluco. - finalmente ouço sua voz, sei que é uma das primeiras vezes em que ela está realmente normal, o que é considerada bem baixa para o loiro. - e aconteceu do nada... Eu só comecei a te observar um pouco mais, entende?

Meu rosto que está cheio de confusão responde sua pergunta, então ele solta um suspiro pesado.

- esses olhos verdes que são hipnotizantes, suas bochechas cobertas por sardas, seu cabelo parcialmente bagunçado que do mesmo jeito sempre parece arrumado, este corpo definido que se aprimora cada dia mais... - percebo que o maior para quando me vê parecer mais surpreso a cada fala.

- eu reparei de mais em você e olha onde viemos parar, Deku... Isso é culpa sua.

- o quê? Minha?!

- se amostre menos!

- eu não me amostro!

- ah, esquece. - bufa, desviando o olhar. - eu enlouqueci quando você foi sair com o água quente e não sei por que fiz tudo aquilo, sei que esta não é a resposta que quer, mas é a que mais cabe a tal situação. - Kacchan vai até a porta, o acompanho com os olhos o tempo todo. - pelo menos por em quanto, é isso o que sei dizer.

Ele saí e me permito respirar fundo já que havia preso o ar há muito tempo.

Pressiono a mão no coração em quanto sinto minhas bochechas arderem, me encosto na parede em quanto sinto minha mandíbula começar a doer pelo sorriso que se formou em meus lábios de forma totalmente involuntária.

Kacchan me acha bonito?

[...]

De um Jeito ou de Outro. - BAKUDEKU (CANCELADA) Where stories live. Discover now