Capítulo Dez

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I Knew You Were Trouble

Pete

Sair da sala de Vegas daquele jeito foi uma das piores coisas que já fiz em toda minha vida. É óbvio que eu ainda o desejo do fundo do meu coração e quero passar mais tempo com ele, mas não sei se ainda estou pronto para voltar a olhar nos olhos do mesmo jeito de antes, pois ainda me sinto magoado por ser deixado de lado por um bom tempo.

Na última vez que namorei com um homem, eu me entreguei de corpo e alma, dando tudo de mim sem esperar por nada em troca e, por isso, que deu tudo errado. Eu estava na faculdade e Dane me fazia eu me sentir a pessoa mais desejada do mundo, mas, no final, acabei me machucando, pois eu não era o único a ser desejado por ele. Minhas notas foram abaixando, meus amigos se distanciando e minha vida acabando, tudo porque eu fui generoso demais. A partir de um dia, quando não aguentei mais sentir dor, jurei a Porsche, Arm, Pol e, principalmente, a mim mesmo que iria começar a pensar mais em mim mesmo e não deixaria que homem algum levasse a vantagem sobre mim. Mesmo que esse homem seja o Vegas.

Fiquei esperando por um bom tempo até que o elevador chegasse. Entreguei, apertei o botão do térreo e fiquei esperando sozinho e pacientemente até o início do prédio para ir embora, pensando no que acabei de passar e nas coisas que tive que dizer.

Não me arrependo de nada. Falei o que tive que falar para que Ken fosse demitido e deu certo e foi até melhor do que eu imaginava, pois Vegas decidiu aparecer do nada para salvar o meu dia. Isso diz muita coisa, na verdade. Eu não o chamei e ele veio no intuito de me ver e, ainda por cima, tentou se desculpar. Talvez Vegas seja diferente de Dane e ainda me queira, mas ainda assim vou precisar de mais tempo. Não posso dar o braço a torcer tão cedo.

Eu estava tão absorto e envolvido no meus pensamentos que percebi que o elevador parou bem no meu andar e, do outro lado da porta, estava ele, parado bem na minha frente segurando uma caixa de papelão que continha algumas coisas da sua mesa. Ken, que me olhava com uma sede assassina e que parecia ter extravasando todos seus sentimentos com gritos e lágrimas, entrou e se posicionou ao meu lado sem dar um pio e, assim, ficamos, calados, até o quinquagésimo segundo andar quando ele decidiu quebrar o silêncio.

- Então, era você a putinha do chefe esse tempo todo - falou, sem esbanjar emoção alguma e sem virar a cara, como se já tivesse desistido de tentar. Sua voz era melancólica e sua postura estava curva. Estava acabado, mesmo que sua demissão tenha acontecido a poucos minutos atrás.

Não irei dar uma palavra a ele.

- Eu já sabia disso - continuou, falando como se não tivesse mais energias para explodir de raiva, enquanto eu tentava me conter - Eu vi vocês dois transando no estacionamento do mercado...

Droga!!

-... Só quero que saiba, Pietro, que você não é o primeiro e reze pelo seu bem para que não seja o último, porque essa vida, com ele, vai te consumir até não sobrar nada de você. Só espero que Deus te ouça porque eu... - Colocou a caixa no chão, virou-se e se aproximou de mim, pondo suas mãos sobre meus ombros, me forçando a olhar no fundo dos seus olhos raivosos, vazios e tenebrosos - Eu vou torcer tanto para que dê tudo errado com você.

Assim que o elevador chegou no térreo, Ken me soltou, pegou a caixa e, derrotado, foi andando lentamente até a porta enquanto os outros o viam sair.

Finalmente todo meu sofrimento acabou. Sem mais horas extras forçadas; sem mais relatórios a fazer; sem mais provocações racistas e xenofóbicas. Finalmente liberdade. Mas porque não me sinto tão feliz quanto eu deveria? Sei que ele só disse isso para me amedrontar, mas porque eu sinto que não é tão mentira assim.

Wintertime Hot | VegasPeteWhere stories live. Discover now