Good Love

Dezessete

Ultimamente tudo que eu sinto é ruim e machucado
Cansada de tropeçar nos meus sapatos
Mas quando ele me ama, sinto que estou flutuando
Quando ele me chama de bonita, eu sinto que sou alguém [...]
Cloud 9 - Beach Bunny

Depois de uma viagem cansativa, durmo o dia inteiro ao chegar em casa. Acordo no outro dia já pronta para a faxina.

Limpo tudo no apartamento e até retiro as coisas do armário.

Vou cozinhando um almoço simples e terminando a faxina ao mesmo tempo.

Me sento um pouco para tomar um copo de água e entro no Instagram, e a primeira foto que vejo, é do casal apaixonado em Maldivas.

Mary está tão feliz.

Comento um coração vermelho e entro nos storys. Há alguns vídeos do lugar onde estão e uma foto de Henry no meio do mar.

"Você chegou bem?"

Recebo uma mensagem. Abro um sorriso e respondo:

"Sim!"

"Que bom. Você poderia ter avisado."

Mordo o lábio. Eu nem pensei nisso.

"Eu acabei esquecendo. Estava muito cansada."

"Tudo bem. Eu achei uma coisa sua aqui em casa."

Ele manda uma foto segurando minha calcinha e sorrindo.

"Pode usá-la se quiser ;)"

Ele manda uma foto me dando o dedo do meio.

"Vou guardar de lembrança."

"Que fofo!"

"Eu tenho que ir agora. Nos falamos depois, princesa."

"Ok, jogador. Até mais!"

Dou uma risada e jogo o celular no sofá para voltar a realidade da faxina.

Mais tarde, quando tudo já está limpo, me sento no chão da sala de estar e começo a organizar toda a minha grade de aulas, também mando uma mensagem para o dono da lanchonete em que vou trabalhar por meio período e confirmo os horários.

Agradeço a Deus quando pago a última parcela do meu empréstimo estudantil, e me deito no chão aliviada.

—Que tédio.–Murmuro.

Não tenho amigos, não tenho família, não tenho ninguém.

Eu até poderia ter mais amigos, mas na época da faculdade eu não tinha tempo de manter uma amizade. Sempre trabalhando e estudando, quase nunca saia com a minha turma e eu acabei me afastando dos colegas depois da formatura.

Assisto série o restante da noite e durmo no chão da sala mesmo.

Acordo de manhã um pouco mais animada e tomo um banho para ir trabalhar. Coloco uma calça jeans, uma blusa preta lisa e calço tênis confortáveis. Pego minha bolsa e as chaves do carro e vou dirigindo até a lanchonete simples no bairro vizinho.

—Bom dia.–Cumprimento ao entrar pela porta da frente. Ainda está tudo vazio, as cadeiras para cima e alguns funcionários limpando o chão.

—Bom dia. Você deve ser Maya Monroe.–Uma mulher alta dos cabelos crespos se aproxima de mim e me estende a mão.—Trisha Carson.

—É um prazer.–Damos um aperto.

Ela começa a me instruir do que preciso fazer e me entrega uma camisa polo rosa de uniforme.

Vou arrumar as mesas juntamente com mais dois funcionários e esperar os clientes começarem a chegar.

Não há uma movimentação muito grande na parte da manhã. Eles garantem o almoço por aqui, então tem uma área de alimentação nos fundos.

—Olá.–Uma das garotas fala para mim.—Eu sou a Hailey.

Ela se senta a minha frente com um burrito em mãos.

—Maya.–Sorrio.

—Você é linda, garota.–Ela dá uma mordida generosa.—Eu e Charles ficamos a manhã inteira falando sobre você.

Gargalho.

—Eu nem me apresentei, me desculpa.–Ela nega com a cabeça. Logo um garoto jovem entra e se senta ao lado dela.—Voce é o Charles?

—Sim.–Sorri simpático.

—É um prazer, Charles. Sou a Maya.—Charles parece extremamente tímido.—Vocês são jovens. São estudantes?

—Eu estou no último ano do ensino médio.—Hailey fala.—Você também parece estudante.

—Obrigado, vou levar como um elogio, mas terminei a faculdade há trás anos.—Mordo meu burrito.

Os pares de olhos me encaram perplexos.

—Espera. Você não dá aula no colégio estadual de Seattle?–Charles me analisa.

—Sim. Você estuda lá?

—Sim, eu estou no último ano.–Responde.—Já tive aula com você no ano passado. Língua Inglesa.

Eu assinto.

—Você é professora? Caramba!

Hailey parece desacreditada.

Fico feliz por isso.

Que a aparência jovem me acompanhe até a terceira idade, amém.