19. με έχει

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Parte de mim se afoga em desespero pelo sentimento nos olhos dele, observando-me caminhar pelo quarto e como desviar não parece uma opção a seguir, a postura relaxada dele me mantém tensa. Uma tensão que se alastra no peito e por milésimos de segundo rouba o ar nos meus pulmões. Enquanto a outra que superou a presença dele nesta casa se sente agradecida pela companhia, quase fazendo minha solidão soar ilusória; e entre as duas eu me desespero. 

Um desespero silencioso, mas ainda um desespero. 

A presença dele não deveria me acalentar, a sensação constante que estamos caminhando para lugares significativos aperta meu coração, eu estava anestesiada demais para enxergar. Eu poderia ter me apegado ao sentimento de incômodo que esfriou a breve alegria de vê-lo, mas não o fiz. 

Se ele pudesse ouvir minha mente gritando, as diversas perguntas, os medos que crescem aqui dentro e me sufocam, a confusão de sentimentos que causa quando antes estava acostumada a permanecer inerte. Eu gostava de não sentir tanto, da calma singela que é estar anestesiada, era como uma falsa paz abraçando minha rotina, a questão é que gosto de Jungkook, mas ele me faz sentir. 

Eu sinto que estou perdida andando sem destino, mas quando estamos juntos alguma parte de mim se acha nele e todo resto torna-se irrelevante comparado ao que posso ter, é quando a minha mente esquece porque deveria manter distância e se entrega; somente abrir mão do controle, da resistência me fascina, a calmaria de deixar ir é perfeita.

Quando estamos juntos apesar das poucas confidências, apenas o mínimo do que digo é ouvido com tamanha atenção que parece fácil simplesmente dizer tudo e esperar que ele entenda como sou feita. Jungkook entrega outra definição à palavra porto seguro, ele ressignifica todos os conceitos de confiança pré-estabelecidos dentro de mim, muda minha composição e acalma o desespero que sinto por sentir tanto.

É estranho, como se preparar para algo que não se conhece? Quando todas as barreiras racham depois de anos sendo testadas e criam brechas, como se evita um sentimento que já se alastrou pelo peito e tomou-lhe o ar?

Por longos cinco anos, tenho fugido de tudo que possa significar algo para mim, tenho visto vidas repletas de coisas que evito, e deixo-me ser satisfeita por somente vislumbrar ao longe sem precisar sentir, lidar ou me mover. Na realidade, sou mais parecida com minha mãe do que gosto de admitir, o que eu tenho no meu interior ela exibe em transparência.

Um riso desgostoso surge, ao menos minha mãe viveu sua vida, conheceu o amor e pode vê-lo prosperar sobre algo sólido, e talvez, a esperança dela tenha morrido quando seus sonhos morreram diante de seus olhos. Talvez, eu seja dura demais, porque observá-la matou qualquer chance que eu pudesse ter de cultivar meus próprios sonhos. 

Mas, ele me faz desejar sonhar pela primeira vez. 

Não gosto do sentimento de esperança ou a vontade latente no coração sempre sendo avivada para que esta não apague, não gosto de sonhos quando vivo meus pesadelos, entretanto Jeon Jungkook me faz ter vontade de acreditar. 

E eu tenho medo disso. 

O que foi? — Ele pergunta, olhando a minha inquietação e como meus olhos desviam da cama ou de qualquer coisa que possa me atrair para si. 

— Eu que pergunto, aconteceu alguma coisa?

— Por que?

— Você não falou muito depois que voltamos, mas continua me olhando como se quisesse dizer algo, e todas as vezes que pergunto permanece calado só… olhando — Afasto meus pensamentos, e olho-o em seu silêncio. — Quer me perguntar algo? 

Depois da apresentação, ele se recolheu para dentro de si mesmo, embora os olhos estivessem comigo não importando para onde ou o que fazia, a falta de palavras soou mais alarmante que qualquer outra coisa. O silêncio agitando os pensamentos e ser constantemente observada deixando-me nervosa, minha mente grita enquanto ele se cala. 

Partenon • Jjk • LongficWhere stories live. Discover now