3. ευλογίες

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Como se pode odiar uma música que um dia achou incrivelmente bela ou sincera?

Decorando as melodias desde criança, cantando sem conhecer seu real significado e mesmo quando o descobri ainda permanecia bela. Pois as palavras retratavam a sinceridade de um coração abandonado que anseia pela volta de seu amor; ou talvez fosse a voz de Elvis Presley.

Não importava mais a essa altura.

Antigamente acreditava fielmente que as melodias eram românticas como uma declaração de amor deve ser, mas hoje é simplesmente uma demonstração de como desabar em letras, como ficar sem voz e deixar que cantem por você.

Eu não lembro exatamente quando minha mãe perdeu sua voz, mas quando perdeu foi como se nunca tivesse ouvido-a antes.

Era o presente que o amor entregará para ela, quando a deixou.

Sequer me lembro de como seu rosto ficava quando sorria, não me lembro como eram seus carinhos, nem das atividades que a faziam feliz e decididamente não sei se ela ainda vive.

— Precisamos fazer as compras do mês — Digo pondo as sacolas na mesa e ignorando a música como de costume. — Trouxe algumas coisas do mercado, no resumo são verduras e frutas.

Ela nada comenta, sentada na cadeira com as pernas cruzadas e os olhos vagando para longe, anos longe onde muita coisa de nossas vidas se foram.

— Não posso fazer comida hoje, tenho um... uh compromisso mais tarde. A senhora pode cozinhar?

— Tudo bem — Diz baixo. — As contas desse mês estão pagas, tenho um plantão no sábado e provavelmente não vou estar em casa.

— Alguma emergência?

— Não, apenas preciso ocupar a mente.

— Tínhamos combinado que seria a noite de visitar Soyeon — Suspiro apoiando as mãos na mesa. — É meu sábado livre, mãe. O único nos últimos seis meses.

E eu sei que ela não lembra, no entanto sinto necessidade de dizer e como em outras tantas vezes não importa.

— Você pode ir sozinha, querida.

Um silêncio se prolonga e relembro a mim mesma de não exigir tanto dela para que possa aguentar um pouco mais. Algumas vezes você precisa ser forte por duas pessoas, esse era meu momento.

Pela milésima vez em cinco anos.

— Tudo bem, a vovó provavelmente vai fazer comentários sobre como sua filha não a visita mais — Falo guardando as compras. — Ela sabe que a senhora trabalha muito.

— Filha você sabe como é difícil para mim desde que o seu pai me deixou.

Eu odeio essa frase.

Odeio tudo que ela significa e odeio ainda mais tudo que essas palavras excluem, como uma seleção de maior importância.

— Tudo bem, mãe.

Penso em me aproximar de si, no fim não acontece nada. Ela não olha para outro lugar, eu não me movo e a maldita música fala por nós.

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— Taehyung pare de ligar sempre que não estou trabalhando — Começo deixando um riso escapar.

— Sem cerimônia você não vive sem mim, então... se preparando para o seu encontro?

— Hum, na verdade não.

— Defina não — Pede pela ligação adquirindo um tom sério. — E se isso significar você e pijama na mesma frase eu juro que vou aí.

— Eu vou me arrumar.

Partenon • Jjk • LongficWhere stories live. Discover now