Traição.

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Traição

Substantivo feminino 

1

quebra da fidelidade prometida e empenhada por meio de ato pérfido; aleivosia, deslealdade, perfídia.

~

Eu me chamo Dafne Loise Jones Kaulitz, tenho vinte e cinco anos e sou uma das donas da empresa New Engines. Empresa de carros, essa qual dirijo com meu marido Tom Kaulitz Jones.  

A algum tempo eu descobri que tenho problemas de Endometriosi, um problema no útero e por conta disso minhas duas gestações não deram certo. 

Tom vendo a dor física e psicológica que essas perdas me causaram, sugeriu que nós contratasse-mos uma barriga de aluguel. 

Meu óvulo foi usado em Natasha, nossa barriga de aluguel, o processo deu certo, e atualmente ela está no seu quarto mês de gestação. 

É, isso seria algo muito bom… Se eu não tivesse descoberto que Tom me traía com ela. 

Passei três meses fingindo que não via o horário que ele chegava em casa, o cheiro do perfume barato de Natasha quando meu esposo adentrava o nosso quarto, as suas saídas noturnas, mensagens em seu celular, e os olhares quando ambos estavam por perto. 

A um mês descobri que estava em um estado muito avançado de leucemia, me sentia cansada a todo momento, sentia enjoou e tinha muitos sangramentos. Mas… Eu não contei para Tom. 

Eu odeio a ideia de prendê-lo a mim por conta dessa minha condição. 

Eu tentei tratamentos extremamente agresivos, isso fez com que eu ficasse de cama por um tempo, mas eu não contei a ele. Apenas para Demetria, minha irmã, ela era a única que sabia da minha doença. 

Quando eu vi que os tratamentos não funcionariam, eu simplesmente desisti, assinei os papéis que transferiam meu direito na empresa para Tom e os guardei, não queria que ele tivesse problemas quando... Bom.. Depois que eu partisse. 

O pior não era a minha sentença, eu já estava aceitando o fato de que a qualquer momento eu poderia morrer. O pior mesmo, era ver Tom me trair bem diante dos meus olhos. 

Hoje era um péssimo dia, meus enjoos estavam cada vez mais presentes, e meu corpo era dominado por uma dor aguda. Então infelizmente tive que passar o dia deitada esperando Tom chegar em casa. 

Ele chegou de madrugada, e levando em consideração o cheiro extremamente doce do perfume impregnado em suas roupas, pude deduzir que ele estava com Natasha. 

— Boa noite Tom-Tom. - murmurei me sentando na cama com dificuldade. 

— Ah, você ainda está acordada. - ele resmunga tirando os sapatos, aparentemente estava bêbado, considerando seus passos em falso. 

— Eu… - suspiro fundo tentando criar coragem. — Você estava com Natasha, não é? - pergunto mas não recebo resposta alguma em troca, ele apenas continua tirando suas roupas. — por favor, me diga se você estava ou não com ela. - insisti. 

Ele me olhou com desprezo, seus olhos estavam cheios de raiva, com certeza bebeu mais que o necessário pois seus movimentos estavam lentos. 

— Sim, Loise, eu estava com Natasha. - esbravejou jogando sua camisa social em mim. 

— Porque, Tom? - pergunto tentando evitar as lágrimas que queriam se fazer presentes. 

— Olha para você, Dafne! Você nunca teve nem sequer a mínima capacidade de me dar um filho! - ele falou alto e eu me encolhi onde estava já sem conseguir segurar o choro. — Que merda! Você passa a porra do dia inteiro deitada nessa cama vestindo esses trapos, sempre fingindo que está doente, não tem nem a capacidade de ir para a empresa mais. - ele diz ficando de costas para mim. — você não me satisfaz mais. Natasha sim… Natasha é bonita, me da prazer e ainda vai me dar um filho! Coisa que você não tem capacidade de me dar! - ele diz com raiva. — Unico defeito em Natasha é o fato dela estar gestando um óvulo que saiu de você! - gritou 

Eu não ousei abrir minha boca, estava assustada, ansiosa, nervosa e com muitas dores. Eu apenas continuei quieta, chorando baixinho onde eu estava. 

— Eu tenho vergonha de sair com você na rua, Dafne. - ele olha impaciente o relógio em seu pulso. — Você era uma mulher vaidosa, fazia questão de estar bonita em qualquer ocasião, mas agora você está assim, deplorável! - cuspiu as palavras. — E quer saber? - ele me olha com o maxilar trancado. — Eu quero o divórcio. 

— Tudo bem. - murmurei abraçando minhas pernas rente ao meu peito. 

— Não vai fazer nem um de seus shows, Loise? - ele fala rindo ironico. — Não vai armar um escândalo? 

— Eu só tenho uma condição… - falo baixo 

— Qual? 

— Você pode continuar fazendo caminhadas comigo enquanto os papéis do divórcio não ficam prontos? 

— Nós não fazemos caminhas juntos a mais de um ano, porque esssa palhaçada agora? 

— Por favor… - implorei — Eu posso ceder a minha parte da empresa pra você. Fique com todas as ações. 

Tom começou a gargalhar. — você é muito ridícula mesmo, não é? Acha que irei cair nesse papinho de "Fique com todas as ações"? 

Me levanto com dificuldade da cama e caminho até nosso quadro na parede do lado direito, retirei o quadro de lá o apoiando com cuidado no chão, digitei a senha do cofre e o abri. Peguei todos os documentos que sediam as minhas ações para ele, e o entreguei. 

— Você pode caminhar comigo? - pergunto novamente. — Já estão todos assinados. 

— Porque você está fazendo isso, Dafne? - ele diz com a voz branda analizando os papéis em suas mãos. 

— Eu não vou precisar… Pode ficar com todas elas, e se não quiser, coloque-as no nome do bebê. - murmurei — Provavelmente os papéis do divórcio vão demorar a sair. Você pode me fazer companhia nas caminhadas enquanto eles não chegam? - perguntei baixo. — Eu prometo que não o faço mais passar vergonha. 

— Você quer que… 

— Só traga as flores que trazia antes e caminhe ao meu lado. Não precisa conversar comigo, eu só quero sua companhia. 

— Eu não estou entendendo onde você quer chegar? - ele murmura baixo 

— Eu já sabia do seu caso com Natasha, eu só não sabia como chegar nesse assunto com você. - falo desviando o olhar. — E bom… Eu já estava esperando por esse pedido de divórcio. 

Tom parou, colocou os papéis em cima da cama e me olhou. — Eu acho que acabei sendo um pouco rude com você… 

— Está tudo bem. - forcei um sorriso e voltei a me sentar na cama.— estão todos aí… - apontei para os papéis. — Você pode ir pra casa da Natasha se você se sentir mais confortável. Não precisa ficar aqui se isso não lhe agrada. 

— Me desculpe, Daf… Eu acabei falando muito coisa que não deveria falar… - sussurrou 

— Não se preocupe. - sorri fraco. —Eu espero você amanhã, ta bom? Você só precisa estar comigo das cinco e meia da tarde até as sete horas. - expliquei. — Esse horário tá bom pra você? 

— Sim… 

— Então pode ir…- sorri calma para ele. —Tranque a porta quando sair, tom-tom. 

A conformidade com a minha sentença de morte, me fazia querer que ele realmente estivesse feliz com outra pessoa, assim, apenas um de nós sofreria com isso. E eu esperava do fundo do meu coração que esse alguém fosse eu. 

Mas isso não me impediu de chorar quando ele saiu pela porta.

E se eu partir? - Tom Kaulitz versionWhere stories live. Discover now