Canção da Morte

Sinfonia nº 5

Att de hoje dedicada para Jal, que mesmo sem conhecer o universo de AFTG está lendo essa coisa maluca aqui!

Te amo vida!

Boa leitura!

10 – Sinfonia nº 5

Neil gostava do período de tempo semanal onde era ensinado biologia.

Ele não gostava de aulas de biologia em si. Apenas daquela janela de tempo, que iniciava no instante em que Andrew passava pela porta e se sentava ao seu lado.

Ele se acomodou e pareceu notar a forma como o outro estava relaxado. Dividir o mesmo espaço não parecia ser mais um grande problema. Não agia como um coelho assustado.

Agia como um coelho curioso. Andrew não sabia dizer qual dos tipos era pior.

Neil sentia arder, como se estivesse no inferno, é claro.

Mas a presença de Andrew sempre servia para equilibrar as situações de uma forma única, nublando sua mente com a curiosidade e agitação.

– Tenho uma pergunta – Neil disse, mal dando tempo para ele se sentar, e Andrew revirou os olhos.

– Seria esperar demais que você ficasse a aula toda calado?

– Sim – Concordou, sem ao menos piscar – Você acha que Aaron sobreviveria em um apocalipse zumbi?

A pergunta pareceu pegar ele de surpresa e o fez encarar Neil por um momento longo, enquanto o professor entrava na sala e começava a arrumar os materiais para a aula.

– Não. Não acho – Disse baixo, e Neil sorriu. Esperava aquela resposta, e se sentiu vitorioso por isso – Ele não tem capacidade para tanto.

Ele tinha uma imagem muito diferente em mente, é claro.

– O que acha de Kevin? – Andrew decidiu, e Neil riu.

– Kevin seria o primeiro a morrer – Declarou, sem precisar pensar no assunto.

– Acha que um zumbi pegaria ele? – O loiro pareceu curioso para entender o raciocínio.

– Não. Assim que iniciasse o apocalipse e as regras de certo e errado desaparecessem, alguém com certeza iria matar Kevin. Ele diria alguma estupidez do tipo "não deveríamos deixar esse apocalipse estragar o exy' e alguém iria espancá-lo até a morte – Disse, muito criativo e concentrado.

Valeu a pena. Ver o lábio inferior de Andrew tremer em um sorriso realmente valeu a pena, de uma forma que o fez sentir eufórico e ansioso.

Tão rápido como veio, se foi. Andrew não era do tipo que esbanjava sorrisos. Talvez por isso Neil os recebesse como um raio de sol em meio a tempestade.

– Aposto todas as minhas fichas que seria você – Disse, um tom mais baixo, como uma confidência.

– Parece o tipo de coisa que eu faria – Ele concordou, e Neil não era discreto ao sorrir. Estava realmente feliz, pela simples presença de Andrew e por suas respostas tortas.

– E, só para constar... Não acho que Aaron sobreviveria, mas acho que ele não morreria – Concluiu a questão de antes.

– Ele vivaria um zumbi e eu atiraria na cabeça dele de pena?

– Aaron seria o que manteria você humano – Neil discordou, embora não pudesse deixar de pensar na teoria de Andrew também – Nas séries sobre apocalipse sempre tem o personagem principal e algo que o faz ser humano. Motivação para enfrentar a merda toda. Ele seria um inútil em um apocalipse, e nunca sobreviveria sozinho. Mas... você iria mantê-lo vivo.