XX - What the fuck?

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Anita chegou na delegacia em uma segunda-feira chuvosa depois de um final de semana revigorante - após passar o sábado com Verônica e um domingo relaxante curtindo sua própria companhia sozinha em casa, a delegada se sentia pronta para ter um dia proveitoso de trabalho.

Sua determinação em ser proativa saiu um pouco do rumo ao notar que vários olhares a acompanhavam enquanto se encaminhava para a sala; olhares curiosos e furtivos, que tentavam ser discretos, mas falhavam. Sempre que ela respondia ao olhar de alguém, essa pessoa logo desviava, procurando fingir naturalidade. Quando abriu a porta de sua sala e se alojou em sua mesa, ela estava com uma sobrancelha erguida.

Mesmo intrigada, isso não era algo que estava tomando muito de sua atenção. Sua cabeça estava cheia demais, pensando nas coisas que precisaria organizar durante o dia, algumas conversas que havia tido com Verônica durante o sábado e os próximos passos que precisaria tomar com relação à investigação baseados nos novos dados fornecidos por Lima.

Mas ela mal teve tempo de se debruçar sobre nenhuma dessas coisas, pois quase que imediatamente depois que ela entrou na sala, um Nelson de postura nervosa a seguiu.

- Bom dia, doutora. - Cumprimentou ele, apesar de não olhar em seus olhos - Tudo bem com a senhora?

- Nelson? - Anita franziu o cenho, questionando-se o porquê daquele aparente nervosismo de seu colega - O que...

- É, eu tava precisando falar com a senhora... - Começou ele, tenso - Uma coisa meio...

- Bom dia, doutora. - Lima deu duas batidas educadas na porta e logo entrou - Tava esperando a senhora chegar. Queria lhe dar os detalhes sobre aquela festa.

Anita ergueu as sobrancelhas para Nelson, que entendeu o recado e assentiu, dando meia volta e saindo.

- Então, eu imprimi aqui pra senhora o endereço, a hora, etc. - Ele se aproximou e colocou algumas folhas de papel em cima da mesa - Também tomei a liberdade de procurar a casa de festa no Maps e imprimi algumas fotos.

Lima espalhou as fotos, possibilitando que Anita pudesse vê-las melhor. Era uma casa de luxo e belíssima. Certamente apenas pessoas de grande aporte monetário poderiam frequentar.

- E qual era o tom da conversa? - Anita continuou olhando as fotos - Pelo telefonema você disse que percebeu pelas mensagens que era algo "obrigatório".

- Isso. - Ele pegou o celular - Tô enviando as mensagens agora pra senhora por email. Pelo que disseram, parecia mais uma intimação que um convite, saca? E teve um papo também de que teria gente importante lá, algo assim. A senhora vai ver direitinho.

- Certo. - Ela colocou o óculos e olhou para ele - Então por causa disso você acha que é assunto da organização?

- Sim. - Confirmou ele - Foi isso que deu a entender.

- Tá bom. Perfeito. - Ela espalmou as mãos na mesa - Então eu vou dar uma olhada nessas coisas que você mandou e depois vejo o que vou fazer.

- Beleza. - Lima coçou a orelha, distraído, fazendo menção de sair pela porta - Aliás, foi bom o final de semana, doutora?

Anita ergueu uma sobrancelha. Já não era costumeiro de Lima perguntar sobre sua rotina, mas havia algo em seu olhar que fazia do questionamento ainda mais estranho. Era quase um divertimento curioso.

- Foi normal. - Respondeu ela, sem querer dar corda para o assunto - Pode ir, eu te deixo avisado.

Lima assentiu e saiu, deixando para trás uma Anita distraída com as fotos e o email com as mensagens. Parte dela estava sem acreditar que teria que se infiltrar em uma festa de novo. Que obsessão é essa que bandidos têm com eventos de gala, que sempre eram tão chatos?

FogoWhere stories live. Discover now