XIV - Can I ask you a question?

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Verônica estava no seu mais profundo sono, mergulhada de tal forma que sequer sonhava. Foi arrancada de seu descanso ao despertar gradativamente ao sentir seu celular vibrando ao seu lado. Quem estava ligando numa manhã de domingo?

A escrivã, que estava deitada de bruços, abriu apenas um olho na direção de seu telefone, fazendo uma careta ao sentir a claridade entrar em seu globo ocular. Ela finalmente pegou o aparelho e viu que quem a ligava era Carvana.

— Alô. – Resmungou ela, a voz rouca por ter acabado de acordar.

Verônica. – Disse Carvana – Você pode me explicar que SMS foi esse que eu recebi da Anita?

— Bom dia, Carvana. – A escrivã esfregou o rosto, sentando-se na cama – Você sabe que ninguém mais fala SMS hoje em dia né?

Que história é essa de viajem pro Rio de Janeiro?

Verônica suspirou, com dificuldade de se concentrar no que seu padrinho dizia por ainda estar sonolenta; seu raciocínio estava muito lento.

— O que exatamente ela falou pra você na mensagem?

Que vocês iam precisar viajar hoje pro Rio pra conferir uma história e que era pra entrar no orçamento da delegacia.

Ah. – Verônica bocejou – Ela não deve ter explicado tanto porque já era bem tarde. Bom, mas é basicamente isso mesmo.

Neste momento, incomodada pelo barulho, Anita se movimentou na cama, gemendo em um resmungo. Verônica colocou a mão em suas costas, com o intuito de aquieta-la, enquanto Carvana questionava:

O que foi isso? – Perguntou – Tem alguém aí com você?

Nada, padrinho, foi a TV. – Ela afundou a testa na mão, suspirando – Eu dormi e deixei ela ligada. Olha, o resumo da história é que a gente conseguiu falar com o tal do Flávio e ele vai fazer alguma coisa hoje no Rio que a gente suspeita ser relacionado a investigação, então decidimos ir atrás.

Verônica contou toda a história para Carvana, explicando tudo o que acontecera na noite anterior e dando detalhes do que planejavam fazer. Isso aparentou tranquilizar o delegado, agora ciente de todos os passos que as duas mulheres pretendiam tomar. Ele explicou que elas deveriam pagar com seus próprios cartões e guardar os recibos que a delegacia iria reembolsa-las depois. O padrinho e a afilhada se despediram e desligaram.

Verônica colocou o celular na mesinha de cabeceira que ficava ao lado da cama e se espreguiçou, estralando os ossos das costas. Ela bocejou mais uma vez e automaticamente levou os olhos para a mulher que estava ao seu lado, ainda em sono profundo. Anita estava deitada de lado, os cabelos loiros caindo pelos seus ombros até suas costas, a respiração compassada representando sua paz ao dormir. Seu rosto apresentava uma aura calma e não só tranquila como também tranquilizadora. Verônica a observou por alguns minutos.

Era impressionante como a delegada ficava ainda mais linda dormindo.

A escrivã suspirou, estralando o pescoço e esfregando o rosto. Ainda estava com muito sono e já era hora de começar os trabalhos.

Ela saiu da cama e se encaminhou para a mesinha de estudo na qual repousava o notebook de Anita. Como a delegada não o tirava de casa nunca e nem recebia pessoas, ele não tinha senha, então Verônica logo começou a busca pelas passagens, o pensamento de vasculhar a intimidade de Anita no computador lhe sendo tão absurdo que nem sequer passou pela sua cabeça.

Aos poucos, a delegada também foi despertando, automaticamente procurando pelo corpo da escrivã que estaria ao seu lado - mas nada encontrou. Ela ergueu a cabeça, um olho fechado, os cabelos loiros caindo pelo seu rosto em uma desorganização matinal. Ela procurou por Verônica pelo quarto, encontrando-a sentada na mesa ao seu lado.

FogoWhere stories live. Discover now