XV - Jealousy

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A viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro fora tranquila, suave e, naturalmente, rápida. Enquanto a delegada ainda mascava seus chicletes de cafeína, a escrivã aproveitou o trajeto para cochilar. Não demorou muito para que Verônica descansasse o rosto no ombro de Anita. A princípio, a delegada estranhou, mas logo relaxou. Era até confortável.

O dispositivo que haviam colocado no celular de Flávio - conseguido por Nelson - também era um rastreador e clonava a tela do telefone, então elas tinham o nome do hotel em que ele iria ficar e era lá que pretendiam se hospedar. Quando o avião pousou, Anita não soube muito bem como acordar Verônica; então, apenas tossiu de maneira particularmente alta, o que foi o suficiente para que a escrivã acordasse. A delegada fingiu surpresa ao notar que a despertou.

Elas logo estavam no hotel, levando suas malas e pretendendo fazer uma reserva em cima da hora. Ao serem atendidas pela recepcionista, Verônica tomou a frente:

— Bom dia. – Cumprimentou – Um quarto pra duas, por favor.

Elas haviam combinado dividirem o quarto para diminuir gastos.

— Certo. – A atendente confirmou – Duas camas ou uma?

— Pode ser uma. – Respondeu Verônica, abrindo a bolsa para pegar sua carteira – Se puder ser no quarto andar seria ainda melhor.

Flávio estava no terceiro, então elas queriam evitar estar no mesmo andar que ele para não serem vistas mas estarem próximas o bastante.

Anita foi pega de surpresa pela afirmação imediata e segura da parte de Verônica para usarem uma cama só. Por algum motivo, ela não esperava em nenhuma instância essa decisão da escrivã.

Verônica, por sua vez, percebeu o estranhamento de Anita, que franziu o cenho ao ouvir sua afirmativa. A escrivã sentiu vontade de rir, mas segurou. Ao receber o cartão de acesso ao quarto e sua carteira de volta e entrarem em sua locação, Verônica soltou uma risada:

— A gente dormiu o final de semana inteiro juntas e você estranha que eu peça uma cama só? – Ela riu – O que você esperava?

Anita não respondeu, revirando os olhos e constrangida. Fazia sentido a escolha da escrivã, a delegada só não esperava uma confirmação tão direta.

— Uma cama só é mais barato, Anita, você sabe. – Verônica soltou a mala no chão e se jogou na cama, esticando-se – Ai, que delícia.

— Só não inventa de dormir. – Reclamou a delegada, depositando a mala cuidadosamente na cômoda que ficava no quarto – Alguma novidade de onde o Flávio está?

A escrivã pegou o celular para conferir a localização do empresário. Estava congelada no aeroporto de São Paulo.

— Tá parada ainda. – Disse ela – Acho que ele ainda vai pegar o avião.

Anita confirmou com a cabeça, deitando ao lado de Verônica, sua cabeça ao lado dos pés da escrivã e vice versa.

— E aí, qual o plano? – Perguntou Verônica.

— O principal é não sermos vistas por ele, pra ele não nos reconhecer. – Começou Anita – Principalmente eu. Com todo o cuidado do mundo, vamos seguir ele pra ver se conseguimos algumas provas legais pra pegar ele no flagra. Aproveitar que estamos por aqui pra ver se pegamos alguma info interessante.

— O foda é isso de seguir. – Verônica soltou um muxoxo – Se a gente tivesse alguma indicação de aonde seria essa tal reunião, seria o ideal. Ir pra lá sem ter que dar muito na telha.

— É, mas ele não falou nada em nenhuma mensagem ou ligação, aí complica. – Anita esfregou o rosto – Vai ter que ser na marra mesmo.

— É... – A escrivã suspirou – E aí, o que a gente faz, hein?

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