29: o plano

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Guilherme Marechal (MARECHAL)

Me escorei na mesa esperando o Deco puxar a voz. Já constava os principais do TCP, hoje seria o dia que o Caveira iria cair na cova. Me sinto meio apreensivo por pensar que talvez ainda tenha gente aqui do lado dele, talvez por o Dedé tá presente me deixa ainda mais ansioso. Não digeri essa parada ainda muito bem e muito menos a Lorena que mal esperou a gente entrar no quarto e caiu no choro. Ela tem evitado dizer todas as paradas que incomoda a mente dela, fazendo meu coração ficar apertado pra caralho.

Nunca pensei que iria me ver sendo tão cadela de uma mulher, mas a Lorena tem me colocado em uma coleira que me deixa abismado. Tudo que eu penso gira em torno dela, tudo que eu faço no final é sempre pra ela, onde eu vou ela sempre se torna o destino final. Isso nem sequer chega perto do que eu sinto por ela e toda essa sensação em menos de 3 meses. Não consigo evitar sequer pensar nela em um momento tão importante quanto agora.

—Passa a visão, acharam o Caveira? —Sulista passou pela porta já soltando a voz.

—Achei, tá na casa da pedreira. —Lennon se sentou jogando a cabeça pra trás enquanto o Sulista fuzilou ele com o olhar.

—O que esse moleque tá fazendo aqui? —Deco se aproximou batendo no ombro dele.

—É melhor tu se sentar e ficar calado, Sulista. Lennon tem mais direito de tá aqui do que tu, entendeu? —Sulista soltou um suspiro pesado me fazendo soltar uma risada leve.

—Ta rindo do que vacilão? —Balancei a cabeça apontando para ele prestar atenção no Deco. —Ta cheio de marra né Marechal?

—Não cutuca onça com vara curta, Sulista. Se ele quiser meter uma bala na tua cabeça agora ninguém te defenderia, entendeu? —Mais uma vez ele soltou um suspiro prestando atenção no Deco.

—Seguinte, Caveira tá na casa da pedreira como Lennon já passou a visão. Estamos na responsa de querer levar apenas 15 dos nossos pra não fazer muito barulho na pista e acabar caindo demais. Hoje alguém sai morto e outros vai pra aquele buraco que é pior que o inferno. —Todo mundo soltou uma risada baixa mesmo sentindo o clima pesado. —Hoje só sai daqui quem tá com sede pra cobrar aquele cuzão que quase jogou nós pros rato.

—Tô na missão. —Thay foi a primeira a se levantar fazendo todo mundo olhar pra ela. —Não quero discussão no meu ouvido, Deco.

Ele nem sequer disse nada apenas balançou a cabeça concordando, mesmo que fosse relutando. O que dizer quando tua mulher quer ir pra guerra abraçar o diabo? Permanecer calado, porque quem manda naquele relacionamento é o furacão Thay. E a última coisa que o Deco quer ver é a única mulher que tá nos frentes de facção ser contrariada. Posso dizer a maldade de cada um desses que tão aqui presente, menos a Thay, ela é astuta pra caralho e com certeza pior que o Deco quando se trata de tortura.

—Eu vou junto e vou levar dois dos meus. —Lennon disse daquele jeito lento e preguiçoso de sempre. —Não confio em ninguém aqui e só entro no buraco do inferno com os meus de sempre.

—Não precisa disso, Lennon. —Deco tentou apaziguar, mas eu já sabia que a indireta é pra mim.

—Quero 3 dos meus lá dentro, da mesmo forma que Lennon não confia, eu muito menos. E vamo falar a verdade que a cabeça que o Caveira mais quer no momento é a minha, não tô disposto a sair morto e muito menos cair pra porco, tenho uma família pra cuidar. —Deco apenas concordou.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Where stories live. Discover now