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Lorena Castro

Ao sair da casa fiquei parada por um tempo olhando para a mata fechada. Só então eu pude respirar normalmente, a pressão que eu sentia no peito foi se aliviando lentamente. Senti alguém tocando meu ombro e logo me virei vendo o Hari com um sorriso leve no rosto.

—Tu tá bem? —Balancei a minha cabeça concordando levemente.

—Parece que um peso saiu de mim hoje. —Não consegui evitar sorrir e logo ele me olhou como se eu fosse uma louca. —Você já sabia né? A Giovanna te contou?

—Ah, Lorena... —Ele passou a mão na cabeça tentando disfarçar.

—Relaxa, Hari. —Ele balançou a cabeça sorrindo.

—Eu sinto muito por tudo que rolou contigo, Lorena. De verdade mesmo, tu é muito firmeza e nem sei como tu se sentiu passando por toda essa parada. Papo pra tu, eu não aguentaria. —De repente o grito daquele homem ecoou nos nossos ouvidos. —Melhor a gente ir.

Ele me deixou em frente de casa e disse que iria voltar para a casa já que queria saber o desfecho de toda essa maluquice. Não demorei muito do lado de fora e logo entrei vendo a Lalai e o Lucas assistindo um filme infantil que passava na televisão.

Momãe, a Lalai pode dormir aqui? —Lucas se levantou pulando em cima do sofá.

—A gente tem que falar com a mamãe dela primeiro, pode ser? —Ele balançou a cabeça concordando e voltando a prestar atenção no filme.

—Lorena? O que aconteceu? —Giovanna apareceu na sala e eu a puxei para a cozinha.

—Ele sabia sobre o Lucas, veio até aqui porque sabia que era pai dele. —A expressão da Giovanna se tornou a mesma da minha naquele momento.

—Vamo embora daqui! A gente vai sumir do mapa, se for preciso a gente muda até de país... Mas esse cara nunca vai chegar perto de vocês outra vez. —Sorri levemente vendo ela andar um lado para o outro.

—Ele não vai passar dessa noite, Giovanna. Marechal tá resolvendo... —Ela parou abaixando a cabeça concordando e logo soltando um suspiro pesado.

—Por que eu tô feliz com alguém morrendo? Porra, isso é tão errado! Mas a minha consciência só me diz pra ficar feliz. —Ela se sentou colocando a mão na cabeça. —Como você tá?

—Marechal disse na frente dele que era o pai do Lucas... —Suas sobrancelhas se uniram em surpresa.

—O quê?

—E a gente se beijou... —Ela arregalou os olhos logo em seguida soltando uma risada.

—Espera! O quê? —Abaixei a cabeça sorrindo envergonhada. —Esse é um assunto novo.

—Só aconteceu e foi bom, foi bom pra caramba. —Ela veio na minha direção segurando meu rosto.

—Lorena, você tá apaixonada? —Mais uma vez ela deu risada. —Você sabe que eu sempre tive o pé atrás, mas eu apoio você e suas decisões. Sinceramente, eu nunca te vi assim e te ver bem, é a minha prioridade.

—Bom, agora eu preciso esperar ele... —Levantei a minha cabeça indo até o armário pegando pipoca para as crianças.

—Eu cuido deles, não se preocupa. Por que não vai falar com ele? —Me virei olhando pra ela. —Não agora né, ele tá ocupado.

Dei risada balançando a cabeça. Giovanna saiu para tomar banho e eu continuei fazendo a pipoca das crianças. Quando apareci na sala com a bacia eles não pouparam tempo em me abraçar agradecendo. Fiquei algum tempo sentada com eles até ouvir a Mutana gritar no portão. Ainda deixei eles assistindo e fui até ela, só então percebi que o dia já estava acabando e a noite aparecendo.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Where stories live. Discover now