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(...)

Durante alguns meses, você não conseguia mais se alimentar direito, não porque não sentia fome, mas porque se sentia grande demais, e ao longo do tempo foi desenvolvendo transtorno alimentar.

Você pulava refeições e passava fome, na esperança de emagrecer. Em um dos seus desmaios por conta de não ter se alimentando direito, você acabou caindo, na rua. Você estava voltando da escola e caiu em uma grade velha e enferrujada.
Quem te achou foi um garoto da sua escola, ele te ajudou junto a um amigo dele e chamaram uma ambulância.

Um ferro solto da grade velha havia entrado em sua barriga, estava sujo e provavelmente te traria infecções, se espalharia pelo seu corpo, começando pelas gorduras. Então, a solução mais rápida que os médicos encontraram antes que você se prejudicasse mais, foi uma cirurgia para a remoção das gorduras.

(...)

Alguns meses depois, você estava diferente. Estranha. Pela redução das gorduras, conseguia sentir o espaço entre suas duas pernas e o espaço entre seu braço e seu tronco.

Não se reconhecia no espelho. Na verdade, você nunca se olhava no espelho. Era melhor assim.

Mas agora você podia ver: Seu cabelo loiro havia crescido, as pontas continuavam vermelhas, mas estavam menos ressecadas.
Sua mandíbula ressaltava as maçãs rosadas do seu rosto, e você tinha a impressão de que seus olhos azuis ficavam mais profundos com sua pele clara. Três pintinhas formando um triângulo ficam a alguns milímetros da sua boca.

Você agora tinha 16 anos. Dizem que é nessa idade em que as meninas ficam mais bonitas e vivas, talvez por isso você esteja gostando da sua imagem no reflexo, pensa.

Você está vestindo uma jaqueta preta, na parte de trás da jaqueta, um desenho do rabo curvado de um dragão chinês faz contraste com as letras "B" em cima da letra "D", entalhadas em branco.

O garoto que te ajudou quando você desmaiou na rua há um tempo atrás, Kokonoi Hajime, chega por trás de você, te encarando pelo espelho.
- E aí? - Ele sorri e coloca as mãos em seus ombros - Como se sente, vice comandante?

Você sorri. Acabou de se juntar a gangue Black Dragons, como vice comandante. A gangue foi criada há pouco tempo, e o líder dela se chama Taiju Shiba. Ainda não tem muitos membros na gangue, mas você sente que logo irão se expandir. A Black Dragons sempre foi uma gangue grande e bem conhecida por toda Tokyo, mas foi dissolvida há um tempo atrás. Alguns membros antigos decidiram trazer a gangue de volta e reconquistar os territórios, e bom, aí estão vocês.

- Me sinto bem, Koko. - Responde sorrindo de volta.

- Ótimo. Vem, vamos comer. - Ele diz te arrastando para a cozinha.

Depois de ter te ajudado quando você desmaiou, Kokonoi começou a prestar mais atenção em você, podia dizer que ele estava te analisando. Quando você se recuperou da cirurgia e voltou para a escola, ele quase não te reconheceu. Você foi o agradecer por ele ter te salvado, e daí em diante, começaram a se falar mais, até virarem amigos.

Koko sabe por tudo que você passou, e se preocupa principalmente com o seu transtorno alimentar. Preocupação que o faz fazer seu prato de comida e ficar vigiando até você acabar.
Parte de você gosta da atenção que seu amigo de proporciona, mas outra parte, não gosta que ele tenha que se preocupar com você. Por isso, come toda a comida e entrega o prato pra ele, que logo acaba de comer também.

- Muito bem. - Ele diz, se levantando.

- Você precisa mesmo conferir se ela vai comer tudo? Cara, ela tem quase 17 anos. - Inui diz sem olhar para nós, deitado,  mudando algum canal de tv.

- Concordo com ele. - Você diz levantando ao braço.

Koko coloca as louças sujas dentro da pia:
- Tem quase 17 anos, mas age como se tivesse 12. - Ele responde Inui - E você não tem que concordar com nada. - Diz olhando pra mim.

- Se eu fosse você, iria começar a tratar melhor a sua superior. - Você diz

- Isso foi uma ameaça? - Ele leva a mão ao peito, fingindo indignação

- Entenda como quiser.

Koko te mostra a língua e puxa Inui pelo braço, o levantando do sofá. Os olhos dos dois se fixam um no outro, mas logo se desviam.

- Vou lá buscar a pizza com o Inui, já voltamos. - Koko diz abrindo a porta

- Até jajá florzinha.. - Inui se despede com um sorriso simples e você acena de volta.

Você tem percebido como seus amigos estão bem mais próximos ultimamente, muito próximos. Trocas de olhares, sorrisos , toques...
Você sorri sozinha imaginando como eles são lindos juntos, e quando eles vão assumir isso.

Inui foi o amigo de Koko que te ajudou quando você desmaiou. No começo, você achava que ele não gostava de você, os olhos esmeralda dele te olhavam com indiferença. Os cabelos loiros dele caiam sobre os olhos, dando um ar frio, porém muito elegante a sua aparência. Já Koko, tinha os cabelos negros, e os olhos também. A lateral do seu cabelo era bem curta, quase rapada, e o resto do cabelo virado para o outro lado, em uma franja lateral, deixando sua aparência mais rebelde e estilosa.

Você se levantou da cadeira em que estava sentada e se direcionou a varanda do apartamento, parando em frente a porta de vidro que dava acesso a vista da cidade. O branco da neve cobria tudo sobre o que pousava, e as luzes dos prédios, casas, luzes de decoração deixavam tudo mais lindo e com clima de Natal.

Era dezembro novamente, e dessa vez, você iria passar o natal com seus dois amigos. Você suspira e sente seu corpo relaxar, se permitindo fechar os olhos por um pouco de tempo. Há algumas horas , tinha falado com sua mãe, pelo celular. Foi uma conversa leve e amigável, sua mãe passaria o natal com a equipe que trabalha, em outro país, por isso já te desejava feliz Natal adiantado.

Você suspira de novo.

Tem amigos novos e em que você confia. Tem uma gangue. Está se sentindo bem com si mesma. A relação com sua mãe está boa.

Um vento gelado passa por uma fresta da porta da varanda, arrepiando a sua pele inteira. Mas você não se incomoda. Na verdade, aquele arrepio fez você se sentir ansiosa pelo novo ano que viria.

Só se dá conta que está sorrindo sozinha quando Koko abre a porta do apartamento, com a caixa da pizza em mãos, atrás dele vem Inui:
- Tá com essa cara de besta porquê? - Koko diz

Você poderia ter respondido que estava se sentindo ansiosa, animada, e meio enjoada pensando sobre o novo ano que viria, mas ao invés disso, diz:
- Lembrei da sua cara de idiota. - Mostra o dedo do meio - Mas enfim, vou tomar banho.

Você não consegue ouvir direito o que Koko responde e logo entra no quarto, separando a roupa que iria passar o Natal.

(...)

Oioi mes chers!
Esses primeiros três capítulos foram contando o passado da nossa protagonista, [Nome].
Mas de agora em diante, a história irá se passar no presente, onde ela tem 18 anos.

era isso, bisous mes chers!!

𝐁𝐈𝐑𝐃 𝐒𝐄𝐓 𝐅𝐑𝐄𝐄 - 𝐓𝐎𝐊𝐘𝐎 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐍𝐆𝐄𝐑𝐒 Место, где живут истории. Откройте их для себя