Chapter 411 O Corpo ao seu lado, o coração e mente são estrelas sem nome

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Prólogo Fugindo do passado, esbarrando no futuro imprevisível

Era um pretexto, precisava se mover, se afastar.

Shu Rong pediu para Qing Song esperar na traineira e voltou em casa, entrando por trás, ele não queria encontrar ninguém e pegou algumas armadilhas de pesca feitas em bambu.

Cerca de quatro delas, as armadilhas tinham um formato côncavo e às vezes as usava penduradas ao lado do barco, imersas no nível do mar para pescar peixes menores.

O homem pendurou as quatro armadilhas no ombro, pegando de cima da mesa da cozinha um baozi que tinha feito mais cedo para mordiscar.

Nem bem Shu Rong deu a primeira mordida e como do nada, alguém mais teve a ideia de entrar na casa pela porta de correr dos fundos.

A porta deslizou num movimento rápido e deparou-se com Fu Sheng, justo quem tinha ficado fora o dia todo, trazendo uma pesada sacola de lona crua pendurada em seu ombro.

Na verdade, desde que tinha mandado Fu Sheng tomar banho, não tinha estado mais com ele.

Esse foi o momento em que ambos se olharam mais atentamente, Shu Rong mastigando o pedaço mordido do baozi, olhando com aquela expressão indecifrável Fu Sheng vestido com as roupas que tinha emprestado para ele naquela manhã.

Em contrapartida, Fu Sheng mirou-se certeiro no rosto liso do pescador, sem qualquer fio de barba, assim como o contorno dos lábios, a linha bem marcada do queixo, as maçãs do rosto salientes.

— Shu Rong-Shi... Eu fui num mercado à céu aberto fora da Vila, comprei alguns mantimentos já que estou há três dias comendo suas provisões... Não sei bem o que usa para fazer a comida, mas comprei frutas, legumes, vegetais e lombo suíno salgado, acho que tem uns grãos também e raiz de lotus... E gengibre também!

Enquanto Shu Rong apenas ouviu, dando outra mordida no baozi frio, Fu Sheng foi colocando a sacola de tecido cru sobre a mesa, apenas por seu formato parecia realmente abarrotada de mantimentos... O pescador piscou desconfiado, mas assentiu, pretendendo sair com as armadilhas no ombro por onde tinha entrado.

Tinha pensado em agradecer em linguagem de sinais, mas esse pequeno tarado inútil provavelmente entenderia errado a sua intenção.

— Shu Rong-Shi vai pescar? — Fu Sheng sorriu um pouco ansioso, tocando o próprio ombro dolorido. — Posso ir junto?... Eu queria muito ser útil e me desculpar.

Por um momento as armadilhas penduradas em seu ombro pareceram dar um salto assim que ouviu a pergunta, Shu Rong arregalou o olhar por uma fração de segundo, querendo muito dizer sem saber como que este cultivador pateta ajudaria se continuasse longe.

Já que a comunicação era limitada, Shu Rong sacudiu a cabeça numa brava negativa, empurrando a porta e saindo por ela, terminando numa dentada com seu baozi.

Contudo, Fu Sheng saiu atrás dele no impulso e o puxou pelo chapéu de palha pendurado em suas costas.

De pronto Shu Rong virou um pouco o rosto quase engasgando, seu olhar era de um fulminante irritado, mas a cena foi bruscamente interrompida quando uma terceira voz disse:

— Fu Sheng? Mas, por que ainda está por aqui?

A voz de Huan Yijun, que vinha acompanhado de Shui, disparou um alarme interno no pescador e no cultivador, que ainda estava agarrado ao chapéu de palha.

— Sa-sacerdote?... — Fu Sheng vacilou, sua voz desajeitada ao extremo. — Ora, que surpresa... Não sabia que tinha voltado da viagem com o Mestre Shan Ling.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora