Capítulo 29

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⚠️⚠️ Alerta de gatilhos e assuntos delicados ⚠️⚠️





M Y U N G



Morto.

Morto era como eu me sentia todos os dias da minha vida tão tediosa e triste.

Eu tinha tudo o que qualquer pessoa queria. Dinheiro, casas, carros, festas... “Tudo”, menos o principal: felicidade. Felicidade que, por muitos anos, achei que estivesse nos zeros da conta bancária, nas bocas beijadas, nas festas noturnas e nas “amizades” que me rodeavam.

Ledo engano.

Quando percebi que nada dessas coisas eram suficientes para alegrar o meu coração, eu comecei a procurar essa felicidade nas ruas, nas drogas e no álcool, e não parei de procurá-la até chegar nos antidepressivos que eu comprava na esquina de um restaurante de fast-food. Mas nada disso me ajudou a achar o verdadeiro sentido dos sorrisos que eu via na TV ou estampando a capa de alguma revista.

A cada dia a minha ansiedade piorava e o meu uso contínuo de remédios me causava mais dependência e abstinência; a cada dia o meu desejo de ser feliz se afastava um pouco mais. Era deveras fodida a situação do filho do maior empresário da Coreia do Sul: manchetes na internet se referiam a mim como “mais um jovem que nem o dinheiro e nem a fama do pai ajudam a curar das drogas.”

Diferente do que os jornais falavam sobre os meus pais, eles me davam, sim, muito suporte. Levaram-me a inúmeros psicólogos, psiquiatras e até à igreja ao longo da minha vida, apenas para verem se eu tinha qualquer estímulo bom ou alguma vontade de voltar a viver. E, na verdade, eu até gostava de ir à igreja. Gostava de conversar com Deus e sentir todo o Seu amor, mesmo ouvindo diversas vezes que Ele não amaria um viciado como eu.

O que eles não sabiam, no entanto, era que Deus havia mostrado o Seu amor por mim em uma noite de sexta-feira em que eu fui buscar mais alguns medicamentos; noite que desejei ser a minha última.

Mas não foi.

O clima era frio demais e, para piorar, Sammy estava atrasado por 35 minutos. Eu estava sentado na calçada ao lado do fast-food há tempo demais quando perdi a paciência e resolvi ir embora. Logo que me levantei, porém, vi a figura do meu fornecedor vindo até mim.

— Porra, por que você demorou tanto? — questionei, irritado pelo tempo da minha espera.

— Eu trouxe a sua merda e é só isso que importa para você, Myung. Então pega essa porra logo e cala a boca.

Fiquei quieto. Ele estava certo. Eu só me importava com a droga e com os efeitos que ela me causava.

Pegando um comprimido para ingerir ao passo em que Sammy dava no pé, ouvi risadas e passos rápidos do lado contrário. No instante em que ergui meu olhar para lá, percebi que um cara desconhecido havia caído e, provavelmente, se machucado. Como não era da minha conta, todavia, apenas virei as costas, pronto para ir embora com a minha recém aquisição.

Do Preto Ao Roxo ▪︎ JikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora