Capítulo 6

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J U N G K O O K

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J U N G K O O K

Seoul, 17 de novembro de 2019.

A noite de ontem tinha tudo para ter sido boa. A ideia era simples: eu só precisava ir à Paradise para beber, fumar, talvez transar e, mais que tudo, esquecer. Mas a porra da minha ansiedade fodeu tudo, como sempre fode. Ela veio e estragou o meu orgasmo, o meu momento, a minha vida.

Ela veio e me estragou.

O cara estava me chupando. Estava querendo foder. Estava sentado em mim, pedindo por sexo. Embora grogue daquela bebida do cacete, eu também queria. Queria foder aquele homem a madrugada toda e parar apenas para beber mais tequila, fumar um baseado e ir embora pela manhã fingindo que nada havia acontecido. Porque é assim que funciona sexo sem compromisso; é assim que era para ter rolado. Contudo, de novo, eu e meus defeitos fizemos tudo desandar e ir para a casa do caralho.

Lembro-me do loiro me levando para fora da boate, preocupado. Lembro-me de mais alguém me segurando e me colocando no banco de um carro. Lembro-me de vozes, de mãos afáveis pegando o meu rosto e enxugando as lágrimas. Depois, tudo ficou preto. Acordei agora a pouco, 15:13, já na minha cama, com uma dor de cabeça infernal e enjoo fodido, várias mensagens enchendo o meu celular e, na cozinha, oito pacotes de macarrão instantâneo abertos.

Oito.

Se fui eu, definitivamente não lembro. Odeio macarrão instantâneo. Ou eu estava muito chapado para não me importar com isso, ou a larica gritou mais alto.

As garrafas de tequila pura que bebi, as luzes coloridas demais, os perfumes das pessoas se sobrepondo uns aos outros, o Treasurer, o meu pai, as lembranças sem nexo que me vinham de Jimin conforme meu pau estava na boca de outra pessoa: tudo se misturou dentro da minha cabeça e me fez entrar em colapso.

Então, vieram o nervosismo e a ansiedade. Meu estômago não me deu paz a partir daí. Vomitei, devido à ressaca, três vezes desde que acordei. É decepcionante saber que nem para ter um pouco de distração eu sirvo.

Sofro com crises de ansiedade desde os meus 15 anos. 

Ainda me lembro da primeira delas. Foi depois de ver meu pai bêbado, chorando e se batendo. Tranquei-me no quarto, abracei meu corpo e chorei. Não conseguia parar de tremer, minha frequência cardíaca não desacelerava e a falta de ar era delirante. A vontade de gritar por socorro era desesperadora, mas a falta de palavras conseguia ser maior: meu peito queimava e uma adaga parecia descer a seco pela minha garganta.

Lembro que no dia da notícia da morte de Yuri, quando eu já tinha 16 anos, não consegui me controlar. Agarrei-me em seu corpo miúdo ainda quente e gritei. Gritei como um lunático naquele hospital maldito. Não o largava por nada, bem como não deixava ninguém se aproximar de nós. Eu gritava e chorava como se gritar e chorar fosse mudar as linhas do universo. Fui dopado para que a equipe médica pudesse fazer seja lá qual merda eles precisavam fazer. Quando acordei e vi que era real, vi que o meu irmãozinho estava realmente morto, a segunda crise aconteceu. Dessa vez, muito pior.

Do Preto Ao Roxo ▪︎ JikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora