Monique - Conselho.

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Espera, deixa eu ver se entendi: a garotinha nerdola da escola quer ajuda com um relacionamento que, segundo ela, nem mesmo é dela? Isso só pode significar uma coisa: mentira. Meus sentidos podem indicar uma certa tensão sexual nela, assim como ela parece estar mais timida do que de costume hoje. O que será que aconteceu? Eu não posso simplesmente chegar pra aluna modelo e dizer: "você está com vontade de transar?", isso seria constrangedor demais para alguém tão ingenua como ela. 

- ta, então você quer conselhos para dar conselhos para uma amiga que está sofrendo com o relacionamento de outra amiga? - Emilly me puxou para um lugar mais silencioso, ou seja, a quadra que tinha algumas arquibancadas com cores primarias. Estavamos sentadas; eu estava com as mãos no bolso da calça e ela estava com as pernas cruzadas enquanto me observava com aqueles olhos grandes. Parecia estar me observando no fundo da minha alma.

- Ahn... Talvez... 

- Amiga, isso tem nome. - dei uma pausa dramatica ao perceber que Emilly arregalou os olhos esperando minha resposta.

- o nome disso é "ser amante". 

- O QUE?! - Ela se desesperou. Pôs até as mãos na cabeça e se arrepiou. Emilly parecia uma pessoa genuina e muito fofa, tanto que me fez até soltar uma risada.

- garota, não está óbvio? 

- Não... Bom, é dificil supor que sua amiga é amante de sua outra amiga. É tão estranho. - Me senti mal por Emilly quando me dei conta que provavelmente ela estava falando de Clara e Pâmela. Não era dificil deduzir isso. Emilly ficava perto de Pâmela e de Clara quase 90% das vezes que eu parava para observar ela. Algumas pessoas maldosas até diziam que elas cometiam atos libidinosos em lugares mais discretos da escola. Entretanto, ouvi dizer que Pâmela não ficava constantemente perto delas, somente quando dava um tempo do relacionamento dela com seu namorado. Fora que, as vezes, quando o Tiago estava chapado, falava algumas coisas estranhas sobre Clara e Pâmela serem "coladas" demais.

- Está falando de Clara e Pâmela? 

- O que?! Não... Por que eu falaria delas? Elas ja tem seus namorados. São pessoas comprometidas e são hétero. 

- Tudo bem, eu entendo. Mas o certo seria você incentivar elas a ficarem juntas e largarem esses bofes. - tentei não citar o nome de Clara e Pâmela novamente. Sinto que seria um incomodo para Emilly. 

- Elas não vão fazer isso. Pâmela ama muito o Tiago e... - eu vi Emilly morder seus lábios com uma desconfiança horrivel.

- Emilly, eu juro que não irei contar a ninguém sobre elas. Está tudo bem, sério. Eu só quero que você confie em mim. - segurei as mãos dela e acariciei com o polegar.

- tudo bem. Mas elas realmente gostam de seus namorados, mesmo que eu nunca tenha visto o namorado de Clara, ela aparenta estar sempre feliz quando fala dele. O que você faz quando seu namorado briga com você ou vice e versa?

Tá aí uma coisa para eu me questionar. Eu e Thomas, mesmo que a gente tenha assumido o relacionamento publicamente a algumas semanas atras, vai fazer 4 meses que estamos juntos. Ele só me assumiu porque eu mandei. Tirando a pressão para que ele me mostrasse como sua nova namorada, não tivemos nenhuma outra briga. Mas pensando nos outros namorados que eu tive, brigamos várias vezes e muitas brigas envolviam hematomas. Não posso dizer isso para Emilly, então vou inventar qualquer discussão básica que tive com o Thomas. Pensei rápido e falei qualquer coisa para ela, logo soltando sua mão e tentando ter uma expressão meio triste.

- O Thomas uma vez queria que eu fosse visitar ele na casa dele, mas a minha mãe não deixou, então ele deduziu que eu estava traindo ele só porque eu não fui. Ele gritou comigo e me chamou de vadia. Foi aí que simplesmente passamos um bom tempo sem nos falar. Mas com um pouquinho de dedicação, reatamos nosso relacionamento na base da conversa e muito amor. Você entendeu o que eu quis dizer com "amor", certo?

- Eu já entendi, Monique. Agora, por favor, não diga essas coisas sobre Pâmela e Clara para mais ninguém. Eu fiquei realmente confusa agora, e provavelmente nem vou dormir de tanta ansiedade.

***

Passei um bom tempo processar tudo que acabou de acontecer. Parecia estar tudo bem com Emilly, então deixei de acreditar que a "amiga" que ela tanto falava era ela. Emilly é uma gracinha, não dá para imaginar ela com "tensão sexual", mas tenho que deixar bem claro que algo estranho se passava com ela. Ela parecia uma dama de outro mundo, sempre arrumada e pronta para ajudar os outros até mesmo sem necessidade de se meter. De qualquer forma, esperei que ela fosse embora da quadra e logo em seguida me retirei do local. Fui procurar Thomas no corredor dos armarios e lá estava ele; com alguns de seus amigos perto da porta da sala de aula.

flashback on

- Para, Thomas! - eu disse tentando me conter entre risadas e cosquinhas. Thomas cutucava minha barriga enquanto eu me sentia na obrigação de tirar as mãos dele rindo alto. Thomas também ria, e era lindo. Ele nunca tinha vontade de sorrir ou fingia não rir, sei lá, só sei que rir era uma tarefa quase impossivel para Thomas. Eu aproveitava bem esse tempo em que estavamos sozinhos desfrutando de risadas gostosas. Meu relacionamento com Thomas era estranho porque, na maioria das vezes, ele só me procurava para uma coisa:

- vamos. - ele parou de fazer cosquinha e pôs as mãos com firmeza na minha cintura. Seu olhar mudou para um olhar mais sério e pelo barulho que vinha da sua boca, pude identificar que ele estava ofegante. Logo entendi o recado e puxei ele para um beijo, onde nossos lábios se grudaram e eu pude sentir a lingua dele dentro da minha boca. Uma de suas mãos acariciava os fios do meu cabelo enquanto a outra estava no meu rosto, com seu polegar dando uma leve acariciada na minha bochecha.

Depois de fazer o tal amor, ficamos deitados um do lado do outro por uns cinco minutos. Deitei minha cabeça no ombro dele e minha outra mão estava no seu abdomen. Fiquei suspirando aliviada, como se eu finalmente me sentisse confortavel em ficar com o Thomas. Infelizmente, isso não durou muito. Thomas se levantou rapidamente, pôs uma bermuda qualquer e disse que iria procurar algo para comer. Eu até poderia ter me levantado para ter um momento romantico e cozinhar junto com ele, mas quando Thomas diz "vou comer algo", significa: "vou jogar enquanto mastigo um pedaço de torrada." Dito e feito, ele veio com uma torrada na boca e ligou seu PC. Ainda permaneci deitada na cama, mas cansada de estar submetida a essa vergonha, me levantei e peguei minhas roupas para me vestir novamente e fui até ele. Como ele estava sentado de frente para o computador, eu fui para o seu lado e coloquei a mão no ombro dele. 

- amor, temos que conversar.

Sem rumo.Where stories live. Discover now