the pianist ⁕ charles leclerc

025.

"a melhor parte é que ela passou um dia inteiro cozinhando e mesmo assim vocês fizeram com que ela ficasse presa numa cozinha por mais duas horas!" charles reclamou, com seu sotaque francês charmoso, enquanto gianna se dava a liberdade de apreciar a beleza natural que emanava de qualquer coisa que ele fazia.

sua família estava inteira reunida para um jantar que não parecia assim tão especial, já que as roupas eram casuais demais e cada um foi chegando em um momento diferente... depois do trabalho, de buscar as crianças na escola, depois de fazer as compras da casa e afins. charles havia passado o dia inteiro em reuniões e treinos e portanto, usava a mais usual das vestimentas, que consistiam em suas roupas de academia.

rambaudi findou por participar do preparo da comida ao ver que pascale cortava as verduras muito lentamente e que, a julgar pela comida de charles, a falta de auxílio dos filhos se dava principalmente por sua incapacidade de preparar qualquer coisa gostosa. ofereceu-se enquanto já levantava para lavar as mãos e antes mesmo de chegar à pia, enquanto jogava o cabelo num coque não muito elaborado, riu do "claro que sim" que uma outra voz, não a da mais velha, lhe respondeu. ela não soube identificar de quem havia sido, mas parecia algo como uma concordância geral.

deixou que a mulher continuasse cortando suas verduras e somente pegou as que ainda estavam intactas para finalizá-las quando percebeu que se tratava de um molho caseiro de macarrão enquanto o camarão esperava para ser dourado no óleo. "vou cuidar da parte mais geral e você se encarrega de fazer seu molho secreto?" sussurrou ao parar próxima da mulher mais velha uma outra vez, piscando um dos olhos como quem dizia guardar um segredo.

"deixe comigo, querida!" pascale encostou a cabeça na cabeça de gianna, que lhe sorriu amigável enquanto voltava ao fogão para esquentar a frigideira gigantesca em que iria preparar a proteína.

os minutos seguintes foram meio isolados do restante das pessoas, existia esse pedaço seu que se perdia um pouco do lugar em que fisicamente estava quando começava a cozinhar. suas mãos moviam-se rapidamente e a porção de temperos que tinha por perto lhe auxiliavam na intenção de transformar um pouco o gosto dos camarões agora que havia visto quais verduras seguiriam para o molho da massa.

charles gostava de assisti-la cozinhar. rambaudi era hipnotizante sem muitos esforços, mas a cozinha parecia dobrar-se aos seus movimentos. ela costumava usar algumas roupas de tecido fino, deixava que sua cabeça divagasse pelos pedaços de pele muito sutilmente cobertos enquanto ela simplesmente existia. era impossível não deslumbrar-se com a graça dela.

alguns minutos passaram-se e quando gianna afastou a atenção do serviço que fazia, balançando a cabeça somente o suficiente para tirar a ponta da franja dos olhos, sorriu pequeno para o francês que ainda se deixava admirá-la.

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gianna não contava quantos beijos e abraços havia recebido da mãe de charles e muito prontamente devolveu cada um deles, agradecendo pelo jantar maravilhoso e pelo convite. viria mais vezes, prometeu. pascale lhe disse para vir sempre e todos riram do exagero naquele momento.

quando haviam acabado de se despedir, ela e charles caminhavam em direção ao carro do piloto em silêncio, apreciando o primeiro momento que dividiam sem precisar de muitos esforços sociais. leclerc aproximou-se um pouco mais dela e sem dizer qualquer coisa somente entrelaçou seus dedos nos dela. quando pararam ao lado da porta do passageiro, ele abraçou-a sem grandes reservas.

cada pedaço de sua extensão tocava uma parte da dela, cuidadosamente encaixando seus corpos, como sentia que devia ser, como constantemente gostaria que fosse. "tu m'as manqué..." [senti sua falta...] o sussurro veio quase inaudível não fosse ele estar com a cabeça enfiada na curva de seu pescoço.

"nous nous sommes vus il y a peu de temps, mon amour." [nos vimos há pouco tempo, meu amor.] gianna o confortou, afagando seu cabelo com a ponta dos dedos, secretamente feliz por se sentir de um jeito muito parecido. contente por poder aproveitá-lo um pouco antes de precisarem se dar adeus novamente.

"tu me manques tout le temps." [sinto falta de você todo o tempo.] ele respondeu, finalmente afastando-se para lhe dar um beijo apaixonado e saudoso. as mãos apertando o rosto da garota, trazendo-a para o mais perto possível. rambaudi sentia o coração bater acelerado, desesperado de alguma forma, como se aquilo tudo fosse bom demais para existir, singular demais para ser possível.

"je suis content que tu sois là, charlie." [estou feliz de ter você aqui, charlie.] ela disse, subitamente, quando os lábios finalmente afastaram-se dos dele. não poderia continuar qualquer coisa se não lhe dissesse. de repente, seu peito queimava numa angústia para que ele soubesse. "je ne veux pas être loin de toi, je ne veux pas vivre sans toi avec moi." [não quero estar longe de você, não quero viver sem você comigo.] completou, os olhos levemente marejados porque as palavras deixavam sua boca e seu coração parecia acelerar a cada batida, como se ainda não fossem aquelas.

charles dividia o sentimento do lado de lá, sentindo o próprio coração bater por ela. "je t'aime ma belle." [te amo, bella] respondeu, sorrindo enquanto passava a ponta dos dedos pelo contorno do rosto macio dela.

"je t'aime." [te amo.] ela sussurrou de volta com as mãos segurando a cintura dele. algumas coisas precisavam ser ditas usando as palavras exatas e por mais alguns momentos eles somente apreciaram a presença um do outro.

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eu sumi por tempo demais, admito... e voltei com pouquíssimo, eu sei. mas eu queria estar de volta e não conseguia por nada escapar do meio da situação em que me coloquei com o final do capítulo anterior. muita coisa aconteceu e eu perdi a inspiração para um jantar familiar e cheio de interações, no fim das contas me pareceu um pouco sem sentido. espero que tenham gostado de ver esses dois juntos um pouquinho, deixem comentários. quero voltar com menos tempo de distância! até logo (: