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desde que se conheceram, charles e gianna definitivamente tinham passado mais tempo separados do que juntos. as duas agendas eram bem cheias de uma forma geral e, apesar de serem vizinhos, leclerc muito raramente estava em casa. então, boa parte do contato que tinham era durante ligações de vídeo depois de um dia de corrida e durante práticas caseiras de uma agenda culinária.

mesmo assim, o monegasco havia servido os dois no momento em que entraram dentro do apartamento — o que tomou alguns minutos e alguns beijos — em pratos largos e disformes, bonitos e bem diferentes de habituais brancos com os quais se estava acostumado. com o cheiro da carbonara preenchendo todo o lugar enquanto ele ajustava os últimos detalhes para servi-la corretamente, com um prato organizado, gianna se ofereceu para ir até a própria casa em busca de um chianti classico para tomarem e em dois minutos, já estava de volta, com a visão de uma mesa posta de forma bem simples e grandes taças vazias lhes aguardando.

"estou animada para saber se você realmente sabe cozinhar..." gianna comentou enquanto enchia as taças até a medida certa. charles já estava sentado e somente a olhou com um sorriso ao vê-la sentar-se.

"é importante relembrar que eu não sou um chef e que só quis te alegrar um pouquinho por ser uma pessoa ruim e ter feito você passar a tarde inteira esperando." ergueu uma das sobrancelhas ao pontuar e pegou a taça para um brinde. "fico feliz que você tenha se juntado a mim hoje à noite, não pensei que você estaria tão disposta a me ver depois de eu ter sumido." confessou, depois de dar o primeiro gole na bebida, finalmente se servindo da primeira garfada de comida.

gianna o observava, mas quando colocou um tanto de massa enrolada no garfo, prestou atenção na consistência do molho e no ponto do macarrão. mastigou com paciência e sorriu, balançando a cabeça. "está bem gostoso, charles. muito obrigada." elogiou, exagerando bastante no que dizia. o piloto era incrível no trabalho que tinha e definitivamente péssimo na cozinha, mas o cuidado de tentar se redimir o ajudava. "eu preciso admitir que fiquei bastante chateada de não ouvir de você e até o momento em que o vi não pensei que iria aceitar qualquer convite seu para qualquer coisa." soltou um risinho embaraçado, sendo olhada com atenção pelo monegasco. "mas fiquei feliz de vê-lo mais do que fiquei brava." terminou, voltando a atenção ao prato em sua frente.

leclerc se contentou em somente sorrir, acariciando com a ponta dos dedos as costas da mão dela, que segurava a faca. se olharam por uns momentos e então, comeram em silêncio até que os pratos estivessem vazios — o que deixou o rapaz bastante surpreso, ele não era bobo de enganar-se sobre a qualidade da própria comida e mesmo assim, apreciou a gentileza que ela demonstrou ao comer tudo. rapidamente colocaram todas as louças na máquina e charles muito sutilmente entrelaçou seus dedos nos dela.

rambaudi o olhou, sorrindo quando ele sorriu e balançou a cabeça levemente em negativa. "o que foi?" ele perguntou, com o cenho franzido, sem nunca deixar o sorriso que ela também não deixou. estavam próximos e mesmo assim, ele puxou-a pela cintura, embalando-os num suave dançar pela sala, sem música ou barulho de fundo, começaram a mexer-se juntos.

"só estou feliz de estar com você." sussurrou, deixando a outra mão pousar na nuca dele, que era mais alto, acariciando seus cabelos. os olhos claros nunca abandonando uns aos outros.

charles puxou-a todo o restante necessário para que seus lábios grudassem nos dela como se nada mais importasse ou existisse, como se o mundo inteiro parasse. as famosas borboletas pareciam voar desesperadas em sua barriga enquanto ele se ocupava em trazer a mão que antes ficava na cintura, para o rosto macio dela, segurando sua bochecha somente como se para senti-la de verdade. e por algum tempo ficaram assim, até que separaram-se em selinhos barulhentos. gianna encostou a cabeça no meio dele e leclerc acariciou seus cabelos. "também senti muito sua falta, mais do que pensei que iria."

e tão rápido quanto fora para dizer as palavras, fora também para juntarem os lábios novamente, com mais avidez e cada vez mais vontade. não dançavam mais pela sala, não, dessa vez estavam parados de frente um para o outro e gianna o apertava tanto quanto charles o fazia, como se para não deixar que sumissem um do outro novamente. entre passos desgovernados e risos pelo atrapalhar dos pés, chegaram ao sofá, caindo um por cima do outro, ainda ocupados em beijar-se como se nada mais fizesse qualquer diferença. talvez realmente não fizesse.

x

em algum momento, horas mais tarde do que havia chegado, quando ainda estava escuro por ser noite, gianna acordou um tanto assustada. em algum momento durante o amontoado de beijos e toques há algumas horas, eles alcançaram o quarto de charles. a italiana olhou ao redor, percebendo estar sozinha e finalmente ouvindo o som do piano para lhe servir de evidência, seu corpo ainda estava nu, como lembrava de ter adormecido enquanto acariciava os fios tão macios do cabelo do piloto e ela levantou-se sem preocupar em cobrir-se com qualquer coisa.

lentamente, andou ao redor, observando os pequenos detalhes da suíte grande, decorações pequenas que envolviam jogos virtuais e corridas. trilhou os dedos delicadamente por onde passava e se deixou para por algum tempo observando os diversos relógios que o rapaz possuía, atendo-se a um específico, jogado em cima de última hora, que ele havia livrado-se horas antes.

charles, no outro cômodo, parou com o piano ao ouvir o barulho sutil de passos no quarto ao lado e levantou-se para encontrá-la com um sorriso nos lábios. o jet lag lhe fizera desorganizar os horários e por mais que ele quisesse ter dormido a madrugada inteira nos braços da morena, não havia conseguido. então, fez o que costumava fazer quando passava por coisas como essa: tocou piano. até ouvi-la, é claro. de repente, sua curiosidade voltou-se para algo além das teclas e ele, muito delicadamente, se aproximou do quarto para vê-la.

gianna era linda, vestida com suas roupas charmosas e que pareciam sempre se encaixar de forma perfeita com o ambiente, porém que eram muito simples de forma geral. charles gostava de olhá-la porque era... fácil. não pensara, entretanto, que ela pudesse ficar ainda mais bela do que já a considerava, mas ali, ela se superara.

a iluminação que vinha através da janela, somente pela luz da lua não fazia o suficiente para lhe deixar em evidência, onde ela estava, somente parte de seu corpo podia ser marcado e somente sua silhueta se fazia presente. os quadris largos, a bunda redonda e chamativa, charles seguiu com uma linha imaginária cada parte sua e voltou ao seu rosto finalmente, que tinha lábios sempre tão convidativos.

"si tu continues à me regarder, tu ne pourras pas t'amuser autant..." [se continuar aí me olhando não poderá se divertir tanto assim...] ouviu a voz dela, com o sotaque evidente, num tom um pouco mais alto que o de um sussurro. "incapable de dormir?" [não conseguiu dormir?] perguntou, virando-se de frente para onde ele estava.

"ne pas. mais maintenant que tu es réveillé, tu peux peut-être me fatiguer un peu plus." [não. mas agora que você acordou, talvez consiga me deixar um pouco mais cansado.] respondeu, com um sorriso mais malicioso do que costumava exibir, deixando o lugar em que estava para caminhar até ela, colocando as mãos em sua bunda, baixas o suficiente para fazê-la entender que deveria circular as pernas sobre o corpo dele e em poucos segundos, caíam juntos na cama uma outra vez, entre novos beijos e toques.


um pouco atrasada, mas cá estou eu! espero que tenham gostado desse capítulo (: eu gostei um bocado. sempre me divirto quando eles têm a chance estar juntos, então sou suspeita! vejo vocês na segunda que vem, comentem o que acharam e compartilhem com os amigos.

the pianist ⁕ charles leclercOnde as histórias ganham vida. Descobre agora