"Weren't as daft as they seemed."

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- Porquê tomou todas aquelas cartelas, Hunter? - Questionei, depois de conversarmos por alguns minutos, ele já estava ciente sobre a possibilidade do irmão dele ter sido o culpado da agressão. O rosto dele se fechou com minha pergunta.

- Emma... - Ele suspirou, pesadamente. — A vida não dá certo para algumas pessoas. Eu sou uma delas.

- Não diga isso! - Briguei.

- Emma, existe uma coisa chamada destino. O destino colocou você na minha casa ontem para me salvar, o destino trouxe a Jenna de volta para você, o destino me impediu de ficar com a pessoa que amo. - Ele fechou os olhos, segurando o choro.- Moosa não quis contar para ninguém ainda, mas ele me ligou ontem à tarde porque disse que eu era o melhor amigo dele. Talita está grávida. — Lágrimas começaram a cair pelos olhos dele. - Eu sabia que não tinha chance, mas saber disso fez meu chão sumir, Emma.

- Eu... Você gostava da Talita?

- Emma, você só pode estar brincando. - Ele deu risada, triste. - Eu sempre fui apaixonado pelo Moosa. - Minha boca abriu num perfeito "o". Hunter gostava do Moosa. Então, flashbacks de várias cenas, como surtos de ciúmes repentinos, brigas entre eles, tudo foi fazendo sentido. Hunter amava Moosa.

- O destino me odeia, Emma. Meu pai foi embora com meu irmão quando eu era novinho, minha mãe morreu, Moosa se casou. Tudo que eu amo é tirado de mim. A vida não está ao meu favor, ela não me deixa ser feliz, ela não me deixa morrer. Minha sina é viver preso nessa realidade onde tudo dá errado para mim. — A próxima parte foi dita baixinho, apenas para eu ouvir. — É inacreditável que depois de tanto tempo você e a Jenna vão ter uma segunda chance. Não negue, eu vi como se olham. Exatamente como há 8 anos atrás. - Ele suspirou, voltando ao tom normal. - A vida dá certo para alguns, Emma, e para outros como eu, não dá.

- Existe algo no mundo, Hunter. Algo que somente você pode fazer. Algo que Só quem passou por tudo isso que você passou vai conseguir fazer. Você precisa pensar, tem alguma razão para a vida não ter desistido de você ainda. - Falei, segurando a mão dele.

- Ela tá certa. — Jenna disse, escorada na parede atrás de mim. — Deus é como um escritor, um escritor descarta os personagens que não precisa.

Hunter respirou fundo, absorvendo as novas informações.

XXX

Em setembro, com minha coleção pronta e Hunter fazendo um mochilão pela Europa em busca de um propósito, eu me sentia ansiosa. Havia dado imprevistos na adoção dos gêmeos porque com eu e Georgie se divorciando entrava na categoria de "lar instável", mas Juan me recomendou um advogado ótimo para o caso: Lucas Koka. Ele havia agilizado a papelada o mais rápido possível, estávamos quase conseguindo. Eu e Jenna voltamos ao nosso "relacionamento não nomeado" de dez anos atrás, porém sem beijos ou coisas do tipo. Saímos várias vezes, víamos filmes, dançávamos... Ela era como uma melhor amiga, mas em alguns momentos estávamos perto demais e sabíamos do frio na barriga da outra. Eu gostava dessa relação nova, eu gostava do nosso ritmo lento.

Johnna, ao meu lado, terminava de pôr o figurino dela para o desfile de primavera. Havia convidado várias pessoas para o desfile, como o Matheus Abreu, Joy Sunday, Felipe Hintze e Johnna disse que ia chamar uma amiga dela. Para completar minha equipe, estava, óbvio, Luis Galves. A coleção estava toda pronta, cheia de representatividade: Tínhamos Johnna e Luis, meus modelos de estimação (sério, qualquer lugar que eu fosse exibir minha coleção, eles iam junto, como se viessem junto com a roupa), Matheus e Joy representando os modelos negros, Felipe exibindo a coleção Plus Size e a amiga da Johnna, que entraria com uma bandeira LGBT presa ao pescoço, como uma capa.

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