"Você ficava só de meia, eu te chamava de sereia..."

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- Você tem certeza que ela não te mordeu? - Hunter perguntou enquanto Moosa olhava todo o meu pescoço pela oitava vez.

- Ela não é uma vampira. - Falei, já entediada com tudo aquilo.

- Você só quer saber de brincar com ela já faz uma semana, certeza que você não era tão branca. - Doohan coçou o queixo, analisando.

- Não viaja.

Minhas tardes se baseavam em brincar com Jenna. E eles também nem sentiam muito a minha falta, Moosa estava na cidade de novo, e eu e Georgie sempre somos os excluídos por acabar sendo mais novos. Talvez o Georgie sinta realmente minha falta, ele nem estava na rua hoje. Naomi e Johnna estavam sentadas na calçada conversando enquanto eu recebia o check-up anti-vampiros que os meninos haviam criado. Jenna tinha um trabalho da escola para fazer e não iria brincar até terminar. Hunter tinha estranhado que agora eu sabia o que era um sabre de luz, as jóias do infinito e a Enterprise. Tudo graças a incrível coleção nerd da Jenna. Os dois concluiram que eu ainda não tinha sido mordida e me deixaram em paz.

- Eu nunca vi essa tal de Jenna. - Moosa disse, cruzando os braços. - Ela existe mesmo?

- Lógico que existe, Moosa. - Joy disse, revirando os olhos. - E se vocês fossem mais legais com ela veriam que ela é uma pessoa bem mais divertida que vocês.

Isso era fato. Jenna quase não saia para brincar na rua. As poucas vezes que fez isso, deixou todo mundo surpreso com as coisas que ela sabia fazer. Depois de muita conversa eu descobri que ela fazia ginástica na escola e era do time de futebol. Isso explicava o ritmo extremamente atlético que ela tinha. Depois de conversar, decidimos ir ao parque. Uma das músicas que costumava ouvir na casa da Jenna estava na minha cabeça, dos discos de vinil, 1993, como ela me contou um dia. Era um rock antigo que eu não sabia cantar ainda, mas a melodia ficava na cabeça. E qualquer coisa ficava muito mais legal se eu imaginasse ela como trilha sonora. Chegamos no parquinho e estava algumas crianças. Reconheci elas, era o novo grupinho do condomínio.

Eu não preciso dizer que minha turma tinha rixa com a deles. Daniel Rangel, Rayssa Bratillieri e Gabriel Contente, ambos de 7 anos e Alice Milagres de 9. Doohan bufou em vê-los. A gente se aproximou, como se fossemos os donos do playground (e, convenhamos, nós somos os donos do playground). Hunter franziu para Gabriel.

- Sai do escorrega. - Ele falou, cruzando os braços.

- Me obrigue. - O outro, que era do mesmo tamanho do meu amigo repetiu o gesto.

- Estão no nosso esconderijo! - Naomi apontou para Alice, que estava lá em cima, na varanda da nossa casinha. Meu sangue ferveu no meu pequeno corpinho de seis anos.

- A gente vai acabar com vocês! - Hunter cerrou os punhos.

- Tenta, magrelo! - Daniel saltou da estrutura que tinha e parou ao lado do seu amigo cacheado.

- Vamos fazer assim, quem ganhar a corrida fica com a casa. - Joy sugeriu. Sorri, ninguém vencia do nosso Hunter.

- Feito! - Daniel sorriu, metido. Rayssa olhava tudo de longe.

- Se um de vocês ganharem de todos nós, vocês levam a casa. - Joy fez as regras e todos concordamos.

Daniel então se posicionou, indo contra a Naomi. Ele ganhou, e todas as outras até chegar a vez do Hunter. Depois, Alice refez as corridas, perdendo para Naomi. Veio então o Gabriel Cacheado perder para o Hunter. Foi a vez, então, da garota misteriosa. Rayssa chegou com seu olhar 007. Ela venceu todos, um atrás do outro e antes mesmo de chegar sua vez, Doohan parecia nervoso.

- Eu acho que vou perder.... - O lábio inferior dele tremeu, como sempre acontecia quando ele segurava o choro.

- Você vai ganhar, é o melhor! - Naomi incentivou. Nós nos olhamos. Nós sabíamos que aquilo não era verdade.

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