"It never really began but in my heart It was so real."

730 143 144
                                    

- Como assim era a Jenna? - Perguntou Naomi, me olhando do outro lado da mesa cheia de cadernos e papéis de desenho de vestidos.

— Era a Jenna, vestindo uma camiseta branca de manga comprida, jeans e coturno como se de repente nunca deixasse de ter 17 anos. - Respondi, procurando o rascunho que tinha que mostrar para ela. Johnna e Luis, nossos dois modelos da linha que estávamos planejando, provavam roupas de brechó para fazer teste de tecido e costura.

- Então ela voltou para a sua vida? - Perguntou Johnna, virando e olhando as costas no espelho. - Gostei desse babado, Naomi.

- Eu achei que fosse gostar mesmo. - Naomi sorriu, olhando os desenhos. — Estou planejando um vestido com esse babado da faixa dos seios que pega as costas. — Ela olhou as folhas, procurando meu rascunho dessa ideia.

- Não é como se ela tivesse voltado para minha vida, ela voltou para o Brasil.

- Espera, estão falando de quem?

- Do amor da vida da Emma. — Naomi falou, rindo e mostrando o rascunho do vestido para Johnna.

- A badgirl da Harley Davidson que ama Aerosmith? - Ele falou, analisando o short esportivo que usava. — Adorei isso aqui.

- Ela mesmo. - Johnna riu.

- Ela não é o amor da minha vida. — Bufei, colocando o desenho que precisava na mesa. - Achei, Naomi.

- Vamos ver isso... — Ela apanhou na folha. Sorriu, como quem já esperava isso. — Quer investir num estilo old school? Ai, ai, Emy..... - Ela mexeu a mão, como se procurasse a palavra no ar. — Isso não me surpreende nada.

- Eu sempre gostei de coisas antigas, qual é.

- É, começou isso com os seis anos. Coincidência, né? — J. Ogawa riu, novamente, como se a situação toda a divertisse. - Falando do trabalho agora, eu gostei desse desenho aqui. A blusa tem um corte bem específico e bem unisex, a manga mais curta que as blusas normais e já costurada com a dobra não faz ela cair no padrão do "unisex masculino" e ela é soltinha, o que literalmente não define gênero nenhum. Esse jeans rasgado com degradê e barra colado acima do calcanhar vai ficar incrível com all star e coturninhos. É quase peça coringa. - Naomi realmente tinha gostado, depois de trabalhar com ela por tanto tempo que a uma ideia conquistá-la, ela sempre virá a cadeira e se levanta para o lado dos armários e manequins, e quando a ideia não agrada, vai em direção a porta e as estantes. Agora, ela se apoiava na parede do outro lado da sala com o desenho na mão e olhando o manequim. — Eu tinha pensado numa jaqueta esse fim de semana, sabe, desenhar não é meu forte, mas fiz o rascunho para trazer... Eu só não lembro onde deixei, será que tá no carro? - A última parte foi mais para ela do que para mim.

- Você esqueceu lá em casa. — Johnna falou, prendendo melhor o rabo de cavalo e provando uma blusa grande masculina e dobrando as mangas. - Era assim que pensou, Emy?

– Sim, porém um pouquinho mais justa aqui... - Me levantei e ajustei as mangas e os ombros. - Entendeu?

- Entendi... - Nesse instante, minha cabeça se tocou numa coisa.

- Espera, porque o desenho da Naomi está na sua casa? - Perguntei, sorrindo de canto e vendo Johnna revirar os olhos e ir até o guarda roupa. Naomi fingiu não ouvir.

- Essas duas são assim mesmo, falo delas se fazem de surda e muda. — Luis reclamou, ajeitando os cachinhos do cabelo no espelho. - Eu vou ficar uma graça nos looks anos 90s.

- Vai sim, Luizinho. — Sorri, vendo ele provando uma jaqueta jeans qualquer que pretendiamos reutilizar. Naomi me olhou atentamente, como se eu tivesse derramado algo na minha camisa.

kairós Where stories live. Discover now