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*esse capítulo tem conteúdo sensível relacionado a crise de pânico e agonia, caso não se sinta confortável, peço que não leia. Fique bem! 🤍

Todoroki Shoto - I'm still holding in to everything that's dead and gone

Eu estava mal.
O aniversário de morte do Touya estava chegando. Eu queria ir visitar seu túmulo mas... como? Era no meio da semana, Endeavor não podia saber que eu estava pedindo liberação da escola.
Foi numa quarta feira, logo após entrar nos dormitórios que eu falei com Midoriya, pedindo cobertura.

-Se ele me procurar, fala que eu tô dormindo.

-Todoroki, por favor, não faz isso. Se você se machucar ou se envolver em algum ato criminoso, ele vai saber.

-Isso não vai acontecer. Eu vou ser rápido. Obrigado Midoriya.

Sai junto com alguns alunos da turma B, que não me notaram ali e a segurança automática deixou passar batido, por ser um grupo relativamente grande.

Tomei caminho até o cemitério. Comecei a sentir algo estranho, logo no início do trajeto. Parei pra comprar flores.
Levei alguma daquelas brancas tradicionais que me chamou a atenção. Sei lá que flor era aquela. Mas era... bonita.

Recebi uma ligação de Fuyumi no caminho.

-Shoto, você está bem? —Ela perguntava com a voz receosa. Não queria estar me perguntando aquilo, ela fazia por obrigação.

-Sim.

-Você... quer ir visita-lo?

Depois que Touya morreu, não íamos em sua lápide chorar e pedir perdão por ser uma péssima família. Íamos na caverna que ele treinava, sentávamos em uma pedra e ficávamos em silêncio.
Eu chorei pela morte dele por anos e anos, achando que era culpa minha.
No caminho de volta, eu dormia nas costas de Natsuo, porque apagava de tanto chorar.
Depois eu superei, escondi o que sentia. Ignorei o sentimento ruim.

-Hoje não, Fuyumi.

-Tudo bem, se quiser ir final de semana... posso fazer bolinhos.

Touya amava bolinhos.

-Certo, tchau.

-Tchau, Shoto.

Entrei no cemitério e fui até sua lápide.
Tirei a neve que acumulou ali e me ajoelhei no chão. Passei os dedos em seu nome gravado na pedra.
O nó acumulou na garganta.

-Me desculpa, Touya.

Deixei as flores ali em cima do vaso que Fuyumi quis dar a ele. Era o vaso da mamãe.

-Mais um ano, irmão. Eu queria que você estivesse com a gente...

Me lembrei quando chorava toda noite por causa dos gritos do papai e Touya me segurava novamente até eu dormir. Ele tinha mais medo que eu, mesmo sendo mais velho.
Eu cuidava dos machucados dele e ele dos meus.
Touya era mal humorado. E mais sincero do que deveria.

Touya era o filho perfeito. Protegia todos nós.

-Foi culpa minha. —Disse, olhando pro nome dele.
Talvez se eu não tivesse nascido, ele estaria vivo.

-Me desculpa, Touya. —Quase gritei, chorando.
Abaixei a cabeça e senti as lágrimas começarem a umedecer a calça.

Demorou, mas o choro diminuiu. Os soluços e a falta de ar foi dando lugar a apenas lágrimas escorrendo.

Me levantei com um suspiro.
Meu olhar que se mantinha firme em seu nome, todo o tempo, foi pra além. Aquele monte de lápides, com nomes e história enterradas pra sempre.
Mas eu paralisei. Tinha alguém atrás de mim.
As lágrimas voltaram.
Por que?

hello, welcome home (todobaku - bakutodo) Where stories live. Discover now