7. Indiretas na madrugada

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Flora

– Isso saiu melhor que a encomenda. Vocês vão passar alguns dias juntas, em um hotel...

A maneira como Leah vinha descrevendo o processo parecia uma expedição a um continente exótico. Eu não compartilhava seus sentimentos, nem de longe. A ideia de me encontrar com Jeniffer de novo soou cansativa e deprimente. Principalmente depois de ter levado um pé na bunda de Olivia. Que por sorte não vai estar nessa viagem pra conduzir o treino mais leve das que vão ficar em Los Angeles.

Tive que ter uma conversa longa com a minha mãe sobre como iríamos fazer para viajar. Por fim, conseguimos ligar para tia Sam e ela virá para ficar com Aspen enquanto Meredith está de plantão. Geralmente a babá fica com ele quando viajo pra jogar, mas é sempre um bate volta. Dessa vez vamos passar o fim de semana inteiro em Indiana.

– Flora?

– Oi, desculpa. Sim, vai ser ótimo – É bom que estejamos nos falando por telefone, assim ela não percebe o olhar no meu rosto.

– Como vai fazer?

– Não sei. Vou improvisar, como sempre – Me levanto e ando pelo quarto, distraída, pensando em como eu não deveria estar sozinha nessa merda de feriado. Será que devo ligar para Olivia? – Vai dar certo.

Essa semana chegou um e-mail da agência que minhas mães me adotaram. Eles só permitem que você tenha acesso a informações caso seus pais adotivos autorizem, ou quando você faz vinte e um anos. Eu não queria pedir pra minha mãe, não queria parecer ingrata. Liguei no mesmo dia que fiz aniversário. Então estou meio aérea essa semana porque finalmente recebi uma resposta, mas estou com muito medo de olhar.

– Que dia vamos mesmo? 

– Na quinta.

– Ótimo.

•••

Encolhida com meu moletom, eu tremia ao sentir o vento frio uivando entre Whitehall e South Hall, agitando as folhas marrons e amarelas acima de nós. Muitas eram levadas por esse mesmo vento e espiralavam até o chão, juntando-se ao denso carpete de folhas.

Barb aspirou uma longa tragada de seu cigarro e soprou lentamente a fumaça.

– Então, na próxima vez que eu atender a uma chamada de Roy para dar "umazinha" e eu, de fato, for até o apartamento dele, o que você fará?

Manquei de um lado ao outro.

– Soco você bem no estômago?

– Exatamente! – Ela tragou uma última vez e, em seguida, apagou o cigarro – Deus, por que nós, garotas, somos tão idiotas?

Parei ao lado dela, abraçando meu próprio corpo.

– Boa pergunta. Como foi o feriado? Fora você ter voltado algumas horas mais cedo pra ser meio trouxa mais uma vez.

– Apenas mais do mesmo – Ela procura um lugar para sentar no pátio – Fiquei sabendo que você vai pra Indiana com a Leah.

– Sim, vai ser legal, eu acho.

– O que tá rolando com você, Flora? Você não veio pra faculdade na quarta-feira, e aí, quando volto do feriado, você parece meio... anestesista. O que aconteceu?

– Nada, só to preocupada, com o campeonato – Disfarço bem – Nosso próximo jogo é contra o Texas Longhorns, elas são fortes pra caralho.

– Nós somos fortes pra caralho, então anime-se. Vai dar tudo certo.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora