- chapter nine

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Sophie

Observo o lugar assim que entro, os olhares são direcionados ao maior mafioso que se encontrava ao meu lado mas de uma certa maneira à sua acompanhante misteriosa. Seguro o braço de Andrew numa tentativa de me ver livre dos olhares e logo o mesmo coloca a sua mão nas minhas costas guiando-me mais para dentro do evento. 

- Relaxa - fala ainda andando comigo do seu lado - Não é como se alguém fosse morder-te 

- Vindo de um mando de mafiosos eu já espero tudo 

- Pois devias esperar mesmo - pausa uns meros segundos - Especialmente do que está do teu lado

Logo Andrew começa a falar com umas pessoas aleatórias deixando-me ali do seu lado, observando tudo e todos. 

✁ ✁ ✁ ✁

Horas se passaram e os meus pés já não aguentavam mais, passei a noite toda do lado de Andrew a forçar sorrisos para pessoas que na primeira oportunidade me matariam, não tive nenhum visual do meu pai ou de alguém que eu reconhecesse das suas reuniões, ninguém sabia quem eu era. 

- Falta muito para irmos embora? - olho para Andrew agora que o mesmo tinha acabado a conversa com mais um homem

- Não - olha-me - Só falta uma última conversa - começa a guiar-me com força em direção a uma sala

- Que merda - irrito-me - Eu sei andar sozinha 

- Filha? 

Eu seria capaz de reconhecer aquela voz em qualquer lado, viro-me bruscamente vendo a sua imagem diante de mim, assim como a de seus homens. Automaticamente os meus olhos são preenchidos por lágrimas, esforço-me para não as deixar cair. 

- Pai - tento aproximar-me mas Andrew puxa-me para o seu corpo

- Boa noite Jones - dá uma risada nasal - Finalmente o nosso encontro aconteceu 

- Devolve a minha filha 

- Que rude Jones - fala sarcástico - Não é assim que se fala com um mafioso, especialmente aquele que tem a tua filha nos braços

- O que queres? 

- Algo que tu não me podes dar, afinal foste tu que o mataste - Andrew fala com o seu semblante tranquilo mas com raiva na voz

- Apenas tratei de uma ameaça, estávamos em guerra - os olhos do meu pai transmitiam fúria - Achas que eu ia deixar um inimigo vivo enquanto ele tentava matar-me? Poupa-me Andrew, és mais inteligente que isso, tu terias feito o mesmo que eu 

- Acho que ainda vou a tempo de o fazer 

Sem menos esperar Andrew coloca o seu braço em volta do meu pescoço sufocando-me, por instinto aperto o seu braço assim que a falta de ar começa a aparecer.

- Andrew.. - sussurro mas ele apenas ignora a minha voz e dá continuidade ao seu olhar de raiva na direção do meu pai

- Largue ela Lancellotti 

Andrew Lancelloti, o maior mafioso italiano.

-Tu sabes que eu não vou fazer isso Jones, sabes perfeitamente que nunca mais vais ter a tua filha - pausa - Porque ela agora é minha, tu tiraste-me a minha família e eu fiz o mesmo, acho bem justo para ser sincero, tendo em conta que ainda roubaste as minhas cargas 

A este ponto a minha visão já estava turva, quero acreditar que pelo calor do momento Andrew não estava totalmente ciente da força que estava a fazer em redor do meu pescoço.

- Andrew por favor.. - imploro

Ele afrouxa o aperto, tento controlar a respiração assim que o mesmo coloca-me ao seu lado novamente

- Vou ser bem sincero Jones, não tentes nenhum resgate novamente ou eu não vou ser tão bondoso em deixar-te vivo da próxima vez - coloca a sua mão nas minhas costas - Se te serve de consolo eu não a vou matar, ainda.. 

Ele dá um sorriso fraco e não espera resposta do meu pai, sai da sala enquanto me puxa com ele. Foi a única oportunidade que tive de ver a minha única família e não consegui fazer nada, estava presa junto dele, não só aquela noite mas como todos os dias que se seguiriam. No caminho para casa o silencio instalou-se no carro de Andrew e nenhum dos dois ousou dizer uma única palavra, eu porque não queria apanhar novamente e ele porque.. porque era ele, nunca sabia o que se passava na sua cabeça. 

- Sai - fala quando para o carro na frente da enorme mansão

Assim o faço, abro a porta do carro e vou saindo, logo a porta de entrada se abre e avisto Elizabeth, ela me olha com alguma pena assim que nota as marcas vermelhas e agora começando a ficar roxas no meu pescoço.

Subo rapidamente para o meu quarto e fecho a porta segundos depois de entrar, não conseguia olhar para aquela cara mais um minuto que fosse, a raiva que eu sentia era inevitável, a dor que percorria no meu peito por saber que de agora em diante seria impossível olhar para o meu pai, era cada vez maior. 

Tiro o vestido o mais rápido possível e visto uma roupa confortável para dormir, olho no espelho. Olheiras enormes, pele pálida e com toda a certeza sem saúde, nódoas negras pelo meu corpo, e agora as mais recentes no meu pescoço. Uma lágrima cai e depois de dias permito que elas saiam sem eu as tentar conter. Choro. Tento livrar toda a dor que estava a sentir, tento tirar todo aquele sofrimento do meu corpo mas eram apenas lágrimas, apenas uma ilusão de calmante para a dor.

Ouço a porta abrir e logo em seguida fechar mas não tenho força para mover-me e ver quem quer que fosse a pessoa que entrara no meu quarto. Até a sua imagem aparecer atrás de mim no reflexo do espelho. Não diz nada, apenas observa-me e vai chegando cada vez mais perto até estar a centímetros do meu corpo. O seu olhar que até agora estava nos meus olhos, cai para as marcas do meu pescoço, vira-me na intenção de ficar frente a frente com a sua imagem. Fecho os olhos assim que ele levanta a mão, começa a enxugar com o seu polegar restos de lágrimas que ainda insistiam em cair.

- O que me estás a fazer Sophie? - sussurra 

Deixei os olhos fechados, senti o seu toque e por mais que eu quisesse recuar não conseguia, estava presa, presa nele. 

Não respondo à sua pergunta, afinal eu não sabia o que responder pois tinha a mesma questão. 

O que Andrew Lancellotti estava a fazer comigo?

O que Andrew Lancellotti estava a fazer comigo?

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