- chapter four

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Sophie 

Acordo a querer que tudo aquilo fosse um pesadelo mas assim que os meus olhos se abrem tenho plena noção que é a mais pura realidade. Sento-me na cama enquanto observo agora o quarto que era meu e logo de seguida vou até ao chuveiro. 

Mais tarde Elizabeth veio trazer o meu pequeno-almoço e pelo resto do dia tento arrumar algo que possa fazer entre as quatro paredes daquele quarto. A visão da janela alcançava todo o jardim traseiro daquela enorme casa, podia até sentir o cheiro da relva acabada de cortar. Enormes canteiros com flores tão vivas quanto as cores do arco-íris, mal sabiam elas de tudo o que se passava no interior da residência. 

Depois de Elizabeth recolher o tabuleiro do jantar atiro-me para a cama e escolho um livro que tinha encontrado entre prateleiras. 

Após alguns minutos focada na leitura a minha atenção é desviada para o barulho de passos no corredor, eles vão em direção às escadas e logo desaparecem. Deixo o livro de lado e vou até à porta do quarto na tentativa de ouvir mais alguma coisa, infelizmente ou não a porta do quarto estava destrancada. Rodo a maçaneta lentamente e assim que a porta está totalmente aberta espreito para o enorme corredor pouco iluminado, acabo por sair do quarto, começo a descer as escadas sem fazer barulho e sigo a luz que vem da cozinha.

De costas consigo observá-lo, a sua calça social preta e a sua camisa agora aberta chamavam à atenção, o seu cabelo despenteado e a respiração pesada eram nítidos naquele cómodo. 

- Sabes que é falta de educação encarar uma pessoa por muito tempo? - argumenta ainda de costas para mim

- É.. eu.. - tento formular uma frase para disfarçar o constrangimento - Eu só vinha buscar um copo de água - cruzo os braços tentando passar alguma firmeza mesmo que ele não conseguisse ver 

Ele vira-se para mim e automaticamente o meu olhar cai para o seu abdómen descoberto repleto de tatuagens, tento manter o foco quando o mesmo faz-me sinal para o armário onde se encontravam os copos. Ele só esqueceu-se de mencionar que o armário está nas alturas e eu cá em baixo sem conseguir chegar lá. 

- Vais ajudar-me ou vais ficar a olhar enquanto eu fracasso consecutivamente? - viro-me vendo-o rir das minhas tentativas falhas

- Estava engraçado - ele pousa o seu copo na bancada e vai aproximando-se deixando-me presa entre a bancada atrás de mim e o seu peito nu

Por mais que eu lutasse para o meu olhar desviar, eles insistiam em permanecer naquela direção. Ele coloca um copo ao meu lado mas continua a fazer pressão com o seu corpo no meu. 

- Sabes Sophie - levanta o meu rosto com a mão - Não devias sair do quarto sozinha - faz um leve movimento colocando um fio rebelde de cabelo para trás da minha orelha.

- Não é como se eu pudesse fugir para algum lado - olho na direção da sua boca mas logo subo para os seus olhos

- Não estava a falar sobre fugir - passa o dedo no meu lábio - E sim sobre teres o azar de te esbarrares comigo

Azar? 

- E porque seria um azar? - questiono

- Porque eu posso querer cumprir o que já falei várias vezes - dá um sorriso de lado deixando à mostra os seus dentes perfeitamente brancos

- Matar-me? - a minha respiração falha por um segundo 

- Torturar-te - puxa o meu cabelo deixando a minha cabeça inclinada para trás - Para conseguir o que eu quero - fala perto do meu ouvido fazendo a sua respiração ir de encontro com o meu pescoço - E no final matar-te 

- Porque que não acabas com isto de uma vez? - olho nos seus olhos azuis, agora escuros preenchidos pelo desejo

- Porque ainda quero divertir-me muito contigo, porque ainda quero as minhas respostas e tudo o que o teu pai roubou-me

- Eu já falei que não posso ajudar em nada - sussurro

- Podes - dá outro sorriso - Morta ou não, tu nunca mais vais te ver livre de mim Sophie, a partir do momento que pisaste nesta casa passaste a ser minha - fala perto da minha boca - Apenas minha

- Andrew.. - tento me afastar

- O meu nome a sair da tua boca ficou ainda melhor do que já era - afasta-se dando uma olhada para o meu corpo indefeso apenas coberto por uma larga t-shirt

Sai da cozinha deixando-me sozinha, tento controlar a respiração que tinha prendido sem nem mesmo perceber, pego no copo o enchendo de água e tomo rapidamente. Subo novamente as escadas e assim que entro no quarto fecho a porta rapidamente desejando agora que ela estivesse trancada desde o início.

Por mais que eu tentasse dormir todos os meus pensamentos me levavam para o que aconteceu há poucos minutos no andar de baixo.

A atração é uma coisa fodida não é?

A atração é uma coisa fodida não é?

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