018. 𝙮𝙪𝙧𝙞 𝙖𝙡𝙗𝙚𝙧𝙩𝙤 ᶜᵒʳⁱⁿᵗʰⁱᵃⁿˢ 🔥

9.9K 316 144
                                    

A Seleção havia sido convocada, com nomes que eu duvidava completamente se eram capazes de tomar aquela responsabilidade. Dediquei os meus últimos quatro anos assistindo a Seleção Brasileira se empenhar para chegar até a Copa, quando ocorreu tudo foi por água a baixo em um jogo complicado.

O jogo não foi justo, isso todos sabiam. Modric me consolou com um abraço, disse que me esperaria em breve no Real Madrid e assim eu o fiz. Resolvi deixar a Seleção Brasileira, por conta dos danos emocionais e do cansaço, para dar espaço a um time que precisava de mim e que talvez não me fizesse sofrer tanto.

Foi uma mudança bombástica, se não fosse pelo trio brasileiro na equipe eu não conseguiria lidar com tantos detalhes. Os treinos na Espanha eram completamente diferentes dos que eu estava acostumada a analisar. Ser assistente era algo importante, trabalhar na equipe técnica do Real Madrid era de grande renome e ao lado do Ancelotti ficava ainda mais complicado.

Eu estava comendo quando o técnico interino da Seleção começou a chamar por nomes brasileiros e para a minha surpresa muitos deles jogavam no Brasil. Outros eram bem novos.

Eu já poderia imaginar o Casemiro resmungando sobre o desafio que seria unir e trabalhar todos aqueles jogadores dentro de campo. O mesmo vivia dizendo que sentiria muita falta do Capitão por ter a capacidade incrível de lidar com os sentimentos, habilidades e características dos seus jogadores. Dessa vez ele ficaria no lugar do Tiago e eu estava feliz por ele.

— O que acha de marcar uma reunião com os zagueiros antes do treino de amanhã?— o velhote perguntou, mas eu nem liguei, estava mais atenta a minha Seleção do coração na televisão.— Está ficando surda?— ele me cutucou.

— Porra! Eu estou assistindo!— resmunguei.

Ancelotti vivia dizendo que eu era uma das mulheres mais rebeldes que ele havia conhecido em toda a sua longa vida, mas nunca me disse que eu não era capacitada para aquele cargo. Muito pelo contrário, sempre disse que eu era perfeita no que fazia. Ele precisava me aturar e eu acho que era isso que deixava ele com mais raiva.

— Mal educada!— ele roubou meu suco de laranja e ignorou a careta que eu fiz.— O que acha dessa Seleção?

— Você é o técnico aqui. Eu que deveria perguntar isso.

— Não posso opinar.— ele ajeitou seu terno e se levantou. Eu franzi o cenho sem entender se aquilo significava algo em especial, já que nos últimos meses só se falava na possibilidade dele treinar a Seleção Brasileira.— Nem me olhe assim, eu não disse nada demais.

— Disse sim!— me ajeitei na poltrona e deixei meu prato em cima da mesa.— Carlo!

— Professor!— me corrigiu. Aquela sua sobrancelha erguida me deixava puta.

— Não sou jogadora, quero que você se lasque.— eu me levantei pronta para arrancar a verdade daquele velho sarcástico, mas ele tratou de sair da sala de conferência e me deixar sozinha.— VOCÊ VAI ME CONTAR!

Ele caminhava tranquilamente pelo corredor, sem preocupação alguma. Era um abusado mesmo.

— E VOCÊ DEVERIA IR PARA MARROCOS!— ele se virou rapidamente e me lançou um sorriso lateral.— Se não for pode se arrepender.

— Chega de Seleção, eu já disse isso.

— Você ama aquele escudo, não pode deixar tudo no passado.— ele raramente era tão sentimental. Preferia ser sarcástico, ríspido, idiota e malcriado do que sentimental. Isso tudo exclusivamente comigo.— Vai!— insistiu uma última vez e voltou a caminhar.

— A Seleção Brasileira joga dia vinte e cinco de março contra a Seleção de Marrocos...— a voz masculina ecoou da televisão me fazendo pensar na possibilidade de mais uma vez usar o verde e amarelo que eu tanto amava.

𝙋𝙇𝘼𝙔𝙀𝙍𝙎 2023 • 𝙎𝙃𝙊𝙍𝙏 𝙄𝙈𝘼𝙂𝙄𝙉𝙀𝙎 Where stories live. Discover now