008. 𝙧𝙖𝙥𝙝𝙖𝙚𝙡 𝙫𝙚𝙞𝙜𝙖 ᵖᵃˡᵐᵉⁱʳᵃˢ

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— Pura hipocrisia!— revirei meus olhos impaciente. Raphael tinha seu olhar fixo na grande televisão enquanto jogava uma partida de futebol no PlayStation.

— O que é hipocrisia?— ele tentou tocar minha coxa, mas eu o afastei antes que pudesse.

— Você pensar que pode exigir algo de mim sendo que não temos absolutamente nada.— deitei minha cabeça no travesseiro e peguei meu celular. Eu não queria brigar, porque gostava daquele idiota mas ele iniciou um assunto completamente desnecessário.— Não sou sua namorada, Raphael!

— Para com isso!— ele tentou outra aproximação, zombando da minha pequena raiva.— Sabe que não é fácil. Você mesma disse que eu não posso ficar com uma mulher na sua frente.

— Ei! É diferente!— eu pontuei. Coloquei o jogo no pausa sem seu consentimento e o olhei sentindo que precisava colocá-lo no seu devido lugar. Mas ele era tão lindo que ficava quase impossível ficar brava com ele.— Você beijou aquela loira literalmente na minha frente e na frente de todos os nossos amigos, enquanto eu mantenho meus ficantes bem longe de você.

— Ok, entendi! Precisamos manter o respeito.— ele ergueu suas mãos em sinal de rendição e eu confesso ter ficado bem confusa. Ele não insistiu na conversa e não debateu comigo, como eu achei que ele faria e aquilo me deixo inexpressiva.— Prometo não fazer mais cenas de ciúme.

— Então estava me provocando?— eu me sentei ao seu lado e cruzei meus braços. Ele deu de ombros como se aquilo não tivesse sido uma atitude infantil.— Você não tem vergonha de assumir isso? Seu idiota!— seus braços fortes me puxaram para perto e mesmo tentando não cair no seu joguinho, eu acabei deixando ele me beijar.

— Eu fiz aquela cena, porque...— ele afastou nossos lábios brevemente e me olhou com intensidade. Porra, ele era lindo demais!— Você disse que viajaria até a Inglaterra só para ver o Scarpa.

— Ele é meu amigo, eu viajaria pro outro lado do Mundo só pra ver ele.— disse óbvia. Raphael não conseguiu esconder sua estranha decepção, ele nunca havia agido daquela forma antes, como se se importasse bem mais do que eu imaginava.— Está com ciúme por conta do Scarpinha?— ergui uma sobrancelha.

Seus braços me soltaram e ele se levantou sem me responder, permaneci sentada no estofado sem entender absolutamente nada. Raphael e eu não tínhamos nada sério e todos sabiam disso, sempre conversamos sobre não assumir o peso de um relacionamento, mas ele estava demonstrando ter outro pensamento naquele momento.

Eu não queria acreditar que ele gostava realmente de mim, porque não existia essa possibilidade. Ele gostava da sua liberdade muito mais do que gostava de mim e qualquer um sabia disso, então por que ele estava agindo daquele jeito?

— Rapha!— eu o chamei num tom de voz mais baixo enquanto entrava na cozinha.— Raphael!— chamei-o mais uma vez enquanto o assistia reunir alguns ingredientes para o nosso jantar.

— O que quer que eu diga?— ele parecia tão tranquilo, mas ao mesmo tempo tão irritado. Eu nunca me vi tão confusa.— Eu não tenho ciúme de vocês dois. Não é isso.— eu estava dando meu melhor para entender, mas não estava sendo nada fácil.

— Então o que é?

— Você e o Joaquín também estavam bem grudados naquela festa.— ele deixou a faca em cima da tábua de vidro e lavou sua mão com tanto ódio que eu me assustei. Era ciúme. Só podia ser ciúme. Mas por que ele não queria assumir?

— Seja direto, por favor!— pedi impaciente ao me encostar na pia ao seu lado.

Aquele homem grande secou suas mãos no pano de prato que havia deixado em seu ombro, respirou fundo e me olhou de forma dura. Se existia momento para eu ficar ainda mais atraída por ele, aquele com certeza era o momento errado.

𝙋𝙇𝘼𝙔𝙀𝙍𝙎 2023 • 𝙎𝙃𝙊𝙍𝙏 𝙄𝙈𝘼𝙂𝙄𝙉𝙀𝙎 Where stories live. Discover now