— Sai logo daí, sua vagabunda! — ele gritou contra a porta.
Ele estava impaciente e ficando nervoso. Ele carregou a arma e atirou contra a porta, o barulho ensurdecedor me assustou, fazendo meu coração pular dentro do meu peito e minha respiração travar na garganta.
Ele carregou novamente a arma e repetiu o processo, até acabar com as balas que tinha ali.
— Porra! — ele esbravejou. — Vou ter que buscar mais munição lá em cima.
Mas antes que ele pudesse sair do lugar, o Albert o nocauteou na cabeça, dando uma coronhada com a ponta da arma. Ele caiu no chão, o barulho do corpo ecoando através do sistema de som.
Dei um pulo, o coração sobressaltou, por mais que ele não pudesse chegar perto de mim, isso não evitava que meu corpo inteiro tremesse de medo.
Criei coragem e me levantei, saindo do quarto e correndo em direção ao Albert, que me abraçou forte.
— Você está ferida? Te machucaram? — ele questionou, me avaliando.
Neguei com a cabeça, sem conseguir arranjar forças para falar.
— E o Caleb? Ele tá bem? — Albert sussurrou, como se já soubesse a resposta.
Neguei com a cabeça e ele apenas assentiu, entendendo o que tinha acontecido.
— Não ouvi você dizendo o codinome quando entrou. — questionei.
— Eu sabia que tinha algo de errado, a porta da frente estava aberta e eu nunca a deixo aberta. — ele falava, enquanto pegava o cara do chão, o jogando nos ombros. — E tinha pegadas pela sala, indicando que quem entrou, veio do sentindo do rio. — Ele começou a subir as escadas. — E vocês não tinham saído para lá hoje. — Ele olhou para mim, sob os ombros. — E eu já fui militar, então, apenas sei quando algo está errado.
O segui pelas escadas, absorvendo o que ele falava.
— Aprendi a escutar meus instintos. — Albert jogou o cara em cima da bancada da cozinha. — Você sabe quem o pegou? — Ele se virou para mim.
— Não. — finalmente consegui responder. — Só sei que eles me queriam morta, porque o pai do cara alto pediu. — falei o que tinha escutado.
Albert continuou me olhando, pensativo e depois de alguns minutos, apenas concordou com a cabeça.
Ele abriu a gaveta da cozinha e tirou algumas cordas dali de dentro, amarrou os pulsos do cara e depois os pés, o virou de lado e juntou ambas as cordas, deixando-os com os braços e pernas para trás.
Deve ser bem desconfortável essa posição. Ele devia ter aprendido no exército, até onde o Caleb me disse, Albert era das forças especiais e lidava com pessoas realmente ruins. Os obrigando a falar tudo que eles precisassem saber e usava todo o meio de tortura para isso.
Tinha dó do cara desacordado na minha frente, iria sofrer um bocado nas mãos do Albert.
Albert pegou a ponta da corda e jogou para a barra de ferro que tinha pendurada no teto, as laterais eram soldadas. Para mim era somente um suporte para pendurar as panelas, mas depois de ver ele enganchando a corda ali, sabia que era para pendurar algo, mas não eram panelas.
— Vou olhar a gravação, só preciso pegar meu celular. — ele falou, sumindo pelo corredor para o andar de cima.
Ele voltou em menos de 5 minutos depois, carregando o celular nas mãos e se apoiou na outra bancada da cozinha.
Fiquei ao lado dele, enquanto ele olhava as imagens. Senti as bochechas enrubescerem quando ele passou rapidamente pela gravação minha e do Caleb transando na cozinha. Meu rosto pegava fogo de vergonha, mas o Albert continuava impassível, como se tivesse acabado de ver nós dois preparando a janta e não transando na sua cozinha.
Ele parou de avançar assim que viu o Caleb na cozinha. Albert aumentou o volume do celular, concentrado no vídeo que passava pela pequena tela em suas mãos e quando eu ouvi o que saiu da boca do cara, antes do Caleb ser nocauteado, meu corpo inteiro gelou.
— Como assim, irmãozinho? — perguntei, sentindo minhas pernas bambearem. — Mas ele tem outro irmão, além do Jason? Ele não estava morto? — as perguntas saiam da minha boca, sem controle algum.
Sentia minha cabeça dar um nó, enquanto meu cérebro tentava encaixar as peças do maldito quebra cabeça.
Mas que porra de irmão?
— Merda! — Albert esbravejou, socando a bancada e me fazendo pular para trás de susto. — Agora tudo se encaixa! Ele esteve envolvido nisso desde o começo... — ele falava, enquanto caminhava pela cozinha, de um lado para o outro.
— Albert? — chamei, tentando manter a calma. — Albert? — chamei novamente, mais alto e novamente ele não ouviu. — Albert!? — gritei, o fazendo parar no lugar e olhar para mim. — Será que dá para você me explicar que porra está acontecendo? — esbravejei, exausta.
— É o Jason. — ele falou, sem rodeios. — O irmão mais velho do Caleb, o único irmão.
Como num estalo, tudo se encaixou, todas as peças e tive que me apoiar no balcão, para não cair. As pernas fraquejaram e a visão ficou turva, Albert estava ao meu lado no segundo seguinte, me segurando.
— E agora? — Olhei para ele, ainda tonta. — O que vamos fazer?
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Cicatrizes e Demônios | Livro 2 [SEM REVISÃO]
RomanceSEM REVISÃO Primeira atividade: 24/08/2020 Continuidade: 15/08/2021 Conclusão: 31/10/2022 Livro ll da Trilogia Jornadas do coração Livro l: Até a última folha Caleb Jones carrega no corpo cicatrizes de uma infância perturbada. Foi obrigado a encara...
CAPÍTULO XLVI
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