CAPÍTULO XXXVIII

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Conseguia ver o peso de toda essa situação de merda pesar os ombros dela

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Conseguia ver o peso de toda essa situação de merda pesar os ombros dela. Duda sofria em silêncio e se esforçava ao máximo para esconder isso de mim. Não queria me sobrecarregar. Mal sabia ela que eu via toda a sua dor, todas às vezes que olhava em seus olhos.

Queria poder arrancar tudo isso de dentro dela, mas era impossível.

Ela desmoronou sob os braços do pai, chorou como uma criança de 5 anos e em nenhum momento o senhor Eduardo questionou os motivos das lagrimas incessante dela, mas pela forma que ele me olhava, eu sabia que o interrogatório viria para mim, na primeira oportunidade que ele tivesse.

Apenas assenti com a cabeça, dizendo em silêncio que iria responder a cada uma de suas perguntas.

Mas hoje não.

— É por conta da Melissa, não é? — minha mãe sussurrou e nem havia percebido quão perto ela estava de mim, até ouvir sua voz baixa.

A encarei, me questionando se ela sabia de alguma coisa. Talvez o Albert tivesse lhe contado. Mas ele não faria isso sem me questionar antes.

— Por conta do sequestro do ano passado. — ela falou, notando minha expressão confusa. — Por conta das lembranças, Leb!? — Ela revirou os olhos, impaciente pela minha fingida leseira.

— Sim... — sussurrei, sem querer postergar o assunto. — É muita coisa para se lidar de uma vez só. — falei, virando minha atenção para a mulher que iluminava meus dias.

Duda limpava o rosto e ria de algo que seu pai havia cochichado em seu ouvido. Senti o peso em meu peito se afrouxar um pouco, me dando um pouco de espaço.

— Hora de comer. — minha mãe falou, sorrindo enquanto pegava a travessa de lasanha.

O jantar ocorreu bem. Conversamos, rimos e relembramos o passado, cada um nostálgico a sua própria maneira.

— Quero dizer algumas palavras. — Eduardo ergueu a taça de vinho e vi ele olhar de relance para a minha mãe.

Como se lhe pedisse permissão?

— Não faz muito tempo desde que minha doce Marina me deixou. — Ele respirou fundo, tentando conter a emoção. — Ao lado dela eu vivi os melhores 28 anos de casado, da minha vida. — Ele sorriu. — Por conta do nosso imenso amor, veio você — Ele olhou para a Duda, que sorria emotiva. — A melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida, foi ter me tornado pai. — Ele ergueu a cabeça, contendo as lagrimas. — Nunca vou conseguir agradecer o bastante a Deus por isso e — ele deu uma pausa e bebeu um longo gole de vinho. — Nunca pensei que conheceria alguém depois da perda que tive — Ele virou sua atenção para a minha mãe. — Até conhecer você, no meio daquele turbilhão de acontecimentos. Quando pensei que Deus levaria minha filha, assim como levou minha esposa. E você permaneceu ao meu lado, me dando forças e dizendo que tudo ficaria bem.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora