CAPÍTULO V

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"Quando minha cabeça está cheia de perguntas
E o céu está todo chuvoso
Quando estou preocupado com o que não posso mudar
Eu dou uma olhada no meu reflexo
E tento fazer uma cara engraçada
E por um segundo todas as minhas tristezas se dissipam"

— Smile - Johnny Stimson


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— Está pronto para ir para casa? — Carmem me perguntou, enquanto entrava no meu quarto. Sua voz sempre me fazia sorrir, seu timbre era calmo e acalentador, igual de uma avó feliz em ver o neto.

A voz dela me tranquilizava, mesmo que por pouco tempo.

— Não vejo a hora! — Respondi eufórico e só então percebi o quão ansioso estava para sair dali.

— Precisa de ajuda? — Ela perguntou enquanto se colocava ao meu lado.

Levantei levemente a cabeça e neguei, sorrio para ela que sorri de volta, assentindo. Voltei a atenção ao que estava fazendo; arrumar minhas malas. Havia uma série de coisas espalhadas pela cama; roupas, livros, meus medicamentos e com calma organizava tudo dentro da mala, tentando conter a excitação por antecipação para sair dali. Sabia que do outro lado do portão em menos de 1 hora minha mãe estaria me esperando e isso enchia meu peito de um misto de sentimentos, dentre eles; alegria e saudade.

— Terminei! — Falei mais animado do que o normal, colocando a última mala no chão e olhando para a Carmem que ainda sorria.

— Agora vamos até seu psicólogo? — Ela perguntou, mesmo sabendo que a resposta seria sim, até porque esse tipo de coisas não se podia fugir ali dentro, afinal, era minha última consulta.

Apenas assenti e a segui, caminhando em silêncio pelo corredor do qual já conhecia de cor o caminho. Não pude evitar o pequeno sorriso no rosto em saber que seria a última vez que faria aquele percurso.

Não que eu pararia de fazer terapia, até porque essa era uma das condições para o Robert me dar alta.

— Você receberá alta, mas... — Ele levantou o olhar, me observando com um pequeno sorriso e um brilho nos olhos. — Terá que continuar com o seu tratamento Caleb, estamos de acordo? — Apenas assenti e ele voltou a atenção ao caderno. — Seu tratamento ocorrerá por algum tempo ainda, não queremos que você volte para cá por conta de alguma recaída.

A última frase dita por ele ainda ecoava em minha mente até aquele momento. Seria muita tolice da minha parte achar que em 6 meses eu milagrosamente seria curado de toda a merda que me corroía por dentro. O estrago que ela fez em mim era impossível de consertar.

Mas não custava tentar.

— Chegamos. — A voz da Carmem me tirou de meu devaneio, me fazendo voltar a realidade. — Robert está te aguardando. — Ela mantinha a porta aberta para mim, esperando que eu entrasse.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora