Parte Dez

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Shoyo amava assistir as peças que faziam sobre si. Amava como suas experiências reais eram retratadas, algumas vezes de maneira exagerada é claro, porém ele sabia a verdade. Ele gostava de ser visto como um herói, de receber a admiração dos demais. Ele era alguém com um ego muito grande.

Mas não foi na peça que ele prestou atenção. Não, ele prestou atenção em seus gêmeos. Prestou atenção em como eles pareciam sentir de tudo. Medo, quando Shoyo estava em perigo. Preocupação, quando Shoyo ficava em situações de vida ou morte. Alegria e orgulho, quando Shoyo conseguia cumprir as missões e voltar vivo. Tristeza, quando descobriam todos os companheiros e amigos que Shoyo havia perdido ao longo dos anos.

Eles assistiam á peça, Shoyo assistiu a eles.

✷✷✷

— Bom, ao menos dessa vez eu fui ruiva — comentou Natsuki enquanto eles voltavam para casa. Tsukishima a reboque. — Pena que não deixam a gente levar a PingPong, elas iam adorar ver como aparecem na peça.

— Você fala dela como se fosse um cãozinho — acusou Tsukishima.

— Mas elas são cachorrinhas.

— Com dois metros de altura e três cabeças.

Shoyo sorriu, tendo o braço de Atsumu repousado em seus ombros enquanto Osamu segurava sua mão. Ele estava feliz.

— Ora... Vocês também assistiram a peça?

Cedo demais para falar. Yamaguchi e Kageyama estavam ali, igualmente abraçados.

— Tsukki? — comentou Yamaguchi. — Por que não disse que viria? Você poderia ter vindo conosco.

Kageyama olhou de Tsukishima para Natsuki, juntando pontos que não existiam, e disse:

— Eu acho que é um encontro. Vamos indo, querido. Devemos esperar você em casa, Tsukishima?

Shoyo praticamente conseguiu ouvir o coração de Tsukishima quebrando em caquinhos.

✷✷✷

— Tá tudo bem, pode parar de chorar agora.

Nem Shoyo nem ninguém esperava que Tsukishima iria simplesmente congelar enquanto os Yama se afastavam. E que depois as lágrimas começariam a escorrer, simplesmente escorrer. Como uma cachoeira.

Eles estavam agora na casa de Shoyo e o rapaz estava sentado em seu sofá, simplesmente em prantos. Natsuki estava ao lado dele, incerta sobre como reagir. Shoyo suspirou e fez um aceno para ela se afastar. Então ele sentou no lugar vago.

Já havia um lencinho em sua mão.

— Você quer conversar sobre o que te fez chorar?

Tsukishima aceitou o lenço e esfregou o rosto com mais força que o necessário. Ele queria se obrigar a parar de chorar. Mas não era tão fácil assim. Shoyo tomou o lenço da mão dele, retirou os óculos de seu rosto e começou a secar o rosto vermelho, com cuidado.

— Desculpa — pediu Tsukishima, fungando.

— Relaxa, eu estou acostumado com crises de choro repentinas. Afinal eu sou pai de uma adolescente. — Tsukishima conseguiu soltar o sopro de um riso. — Se você não quiser falar, eu posso tentar adivinhar. Que tal?

— Vá em frente.

— Faz muito tempo que você está apaixonado por aqueles dois e, apesar de ter tentado, eles nunca te deram bola. Então caiu a ficha que eles nunca vão gostar de você, já que bastou eles te verem ao lado de uma garota para deduzirem ser um encontro.

Brilhou No Céu (MiyaHina)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora