Parte Nove

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Atsumu colocou um broche de rubis para exposição, estreitando os olhos, como se isso fosse lhe ajudar a ver melhor se estava bem posicionado. Se a vitrine estava bonita.

— Você não tem medo de alguém invadir sua loja? — perguntou para Shoyo, que poilia as peças sobre o balcão.

— Olhe a placa.

A dita placa estava bem visível, com uma tinta branca sobre um fundo preto com muitos desenhos coloridos e aleatórios. Ela dizia: "pague o quanto quiser". Certeza que Shoyo e Natsuki haviam feito ela pessoalmente.

— Certo, olhei, mas minha pergunta continua a mesma.

— No primeiro mês que montei a loja, de fato invadiram e levaram tudo. Não demorei muito para descobrir quem foi, e demorei menos ainda para fazê-los pagar. Desde então ninguém nem pensa em me roubar.

— Você é incrível. E por que vender a um preço tão baixo?

— Não preciso do dinheiro. Mas tem coisas aqui que as pessoas podem querer, precisar, e não ter condições de pagar. Lembro da vez que vendi um colar de diamantes para um adolescente em troca de uma barra de chocolate pela metade.

— Nossa.

— O colar era para a mãe dele.

O sininho da porta soou quando alguém entrou. Era Osamu, trazendo as marmitas deles. Atsumu havia passado a ajudar Shoyo na loja, já Osamu gostava de ficar em casa e cozinhar para eles. Atsumu o zoava de ser um "dono de casa".

— Hey lindo, o que posso fazer por você? — Shoyo se inclinou no balcão e piscou um olho. Osamu sorriu de canto.

— "Pague o quanto quiser" — leu a placa. — Isso vale pra você também?

Atsumu soltou um som de indignação.

— Por que eu não pensei nessa antes?

— Perdeu, maninho. — Osamu deixou as marmitas sobre o balcão e se inclinou para beijar Shoyo brevemente. — Eu trouxe alguns petiscos para PingPong. Vi a Natsuki no caminho para cá, ela tava com aquele garoto.

— Que garoto? — pergunta Shoyo, franzindo a testa.

— Aquele que você socou o nariz no dia em que chegamos.

— Ah, o Quatro-olhos. Eles estão andando bastante juntos desde que ele trouxe ela para casa naquela noite.

Nenhum dos Miya gostava de pensar naquilo. Primeiro porque haviam se apegado a Natsuki, e ouví-la narrando o que acontecera, aos prantos, os deixara putos. Putos com o merdinha, putos com o fato de que não poderiam fazer nada. E em segundo... Porque Shoyo ficou assustador. Ele não gritou, não xingou, nem saiu quebrando as coisas.

Ele só piscou, absorvendo as palavras de sua filha. Então sentou ao seu lado, lhe envolveu nos braços e lhe acalentou até que o choro cessasse e o sono viesse. Depois ele simplesmente saiu, com uma calma tão grande que só poderia significar uma coisa.

Ódio. Um ódio gelito de um pai que faria tudo por sua menina.

Nenhum dos Miya queria ver aquilo de novo.

— Acha que eles vão namorar? — questionou Atsumu. — Aquela coisa de ódio para amor.

Shoyo soltou uma gargalhada incrédula.

— Impossível — respondeu, com uma certeza irredutível.

— Por quê?

— Porque ele é gay e ela é lésbica. Não dou um ano pra eles se assumirem como melhores amigos.

Brilhou No Céu (MiyaHina)Where stories live. Discover now