Capítulo 11.

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P.O.V KARA ZOR-EL

Uma mulher está parada de pé ao lado da minha mesa, na cafeteria, perto do meu apartamento, fazendo sombra sobre a minha papelada e bloqueando a luz.

Ergo os olhos.

E ela está aqui.

Lena Luthor, em carne e osso, no meu bairro, parecendo estar tão surpresa em me ver como eu estou em encontrá-la. Estamos boquiabertas. As duas. Ela encosta na mesa, com as mãos nos bolsos, a expressão é de mau-humor.

— Senhorita Zor-el. — Sua saudação é antiquada e formal, como ela.

— Senhorita Luthor.  — respondo, sorrindo docemente e enfatizando as sílabas de seu nome.

O jeito que eu murmuro seu nome tem o efeito desejado. Ela franze a testa, exatamente como eu sabia que faria. Tão previsível. Tão mal-humorada e teimosa.

Tão bonita.

Deus, eu sou tão fácil, que chega a ser ridículo…

Eu me remexo no banquinho de madeira, local que estou sentada há mais de duas horas, e seguro com as duas mãos — um pretexto para disfarçar o nervosismo — meu copo de papel com café.

— Você está… esperando alguém? — Ela não poderia estar em qualquer outro café? Um perto da casa dela? Este bairro nem é grande coisa. Imagino minha chefe em um bairro de arranha-céus elegantes, não em um bairro família e cheio de artistas tentando um lugar ao sol.

— Não. Vim tomar café. — Como se isso explicasse por que ela está no meu bairro e não no dela.

Solto um hummm demorado.

— Deixe-me adivinhar. Preto. Sem leite. Sem açúcar.

Seus lábios se contraem.

— Errado.

— Expresso.

— Errado de novo. — Ela cruza os braços. — Latte gelado. De soja. Com três colheres de açúcar.

— Não! Açúcar? — provoco, sorrindo. — Açúcar, mas não para te deixar mais doce.

Calma, Kara. Pare de flertar com sua chefe. Lena não morde a isca.

— Você sempre vem aqui?

— Eu? Quando não estou trabalhando para você, sim. — O que não é tão frequente, para ser honesta, mas quando tenho uma freela, é aqui que adoro trabalhar. É um pouco caótico, mas a agitação e o barulho são na medida certa.

Um caderno está no centro da minha mesa, e o olhar de falcão de Lena pousa nele.

— Sem notebook hoje?

— Sou mais tradicional.

— Bem incomum para alguém que é paga para ficar online o dia todo.

O comentário me faz rir, em parte porque é verdade e em parte porque sua expressão é um misto de horror, desgosto admiração. Não sei decidir qual predomina.

— O que tem no caderno?

— Não é da sua conta.

Ela me olha com surpresa. Se eu ganhasse um centavo para cada vez que os olhos dessa mulher se abrem em choque, eu já estaria rica e não precisaria começar o meu próprio negócio. Seria rica e independente.

— Ele está cheio de ideias para transformar a nova linha feminina da L-Corp?

Solto uma gargalhada.

Com Amor, Sinceramente, Sua - Supercorp Where stories live. Discover now